Segunda-feira, 14 de setembro de 2015, às 12h32
Ruas como a Tuiuti ou Visconde de Itaboraí que são coletoras do trânsito da via arterial, neste caso a Radial Leste, se enquadram nesse perfil e fazem parte de ações em nome da “Proteção à Vida”, programa da Prefeitura para o trânsito, que seguindo sua escalada poderá chegar ao bairro em breve. A Área 40, já foi implantada na zona Leste em ruas e avenidas da Penha, São Miguel e Brás.
Apesar do pequeno e cada vez menor número de motoristas que insistem em levar vantagem sobre os outros, dirigir perigosamente e acima da velocidade do fluxo viário, o Tatuapé também deverá entrar na chamada “Área 40”. Esses mesmos condutores, causadores de infrações graves de trânsito, além daqueles que exageram no consumo de álcool e pegam o volante, elevam as estatísticas das mortes e acidentes no trânsito, colaborando na tomada das decisões em nome da segurança e redução das velocidades pela Prefeitura.

Rua Tuiuti esquina com Rua Tijuco Preto, ao fundo o cruzamento com a Rua Padre Adelino e na continuação a Praça Sílvio Romero: placa sinaliza a velocidade máxima de 40 km/h. Foto: aloimage
Medidas que tomaram corpo no mês de julho nas marginais e estão entre o amor e o ódio dos paulistanos ou contam com a simples tolerância por parte deles. A maioria, no entanto, admite que essas medidas não solucionam os problemas do trânsito na cidade. Mas refletem uma grande visibilidade aos órgãos responsáveis e à própria figura do Prefeito, reagem os oposicionistas.
A redução de velocidade em São Paulo, situação já assimilada por grande parte da população é um fato e quanto mais cedo todos se acostumarem menores serão as consequências, principalmente no que diz respeito às multas que irão pesar no bolso de quem não se adequar. A cidade está povoada de radares e desde a última quinta-feira (10/9), a GCM (Guarda Civil Metropolitana) também opera uma versão portátil de radar para detectar infrações dos motociclistas (leia a nota do Sindicato das Empresas de Distribuição das Entregas Rápidas do Estado de SP).
Mesmo com o questionamento da sociedade ou as manifestações de interesses isolados, a Prefeitura afirma que as medidas estão voltadas para o Programa de Proteção à Vida da CET e os valores arrecadados com as multas – que deve chegar a 1,2 bilhão em 2015 – são investidos em segurança e operação do trânsito. Na teoria todos os veículos devem respeitar as novas velocidades, inclusive os motociclistas, para evitá-las.
As áreas com velocidade máxima de 40 km/h (Área 40) estão sendo adotadas nas ruas coletoras de trânsito, ou seja, aquelas por onde trafegam os veículos que saem das vias arteriais, como a Radial Leste, por exemplo. Na zona Leste, os bairros de São Miguel Paulista, Penha e Brás já têm diversas vias que fazem parte da Área 40.
Ficar atento às alterações é importante neste momento
Portanto, informações da CET levam a crer que ruas do Tatuapé com esse perfil, onde estão incluídas a Tuiuti – que já tinha essa velocidade regulamentada –, Visconde de Itaboraí, Apucarana, Francisco Marengo, entre tantas que fazem a ligação do Eixo Leste-Oeste com as vias internas do bairro devem passar para a velocidade máxima de 40 km/h.
O motivo é que saindo de uma arterial com velocidade máxima de 50 km/h, teoricamente os motoristas devam desacelerar ainda mais para manter a segurança nas vias coletoras ou de acesso ao bairro. Segundo apuramos nesta segunda-feira (14), as vias locais (aquelas mais restritas aos moradores) também devem receber novas placas de 30 km/h. O limite já está regulamentado, só não há sinalização.
De acordo com essa informação, os motoristas também deverão se adaptar melhor à nova realidade do trânsito no emaranhado de ruas dos bairros da capital paulista, como o Tatuapé e Jardim Anália Franco. Será difícil fazer a fiscalização com a presença física ou a instalação de radares em todas as vias coletoras para verificar o respeito ao limite de 40 km/h, mas os agentes de trânsito, caso constatem as infrações, poderão autuar os veículos.

Faixa da CET, avisa sobre a implantação de ciclovia na esquina da Rua Tuiuti com a Rua Gonçalves Crespo: nesta parte é preciso tomar cuidado com pedestres e em breve com os ciclistas, razões suficientes para a implantação de Área 40. Foto: aloimage
Para entender melhor
Se o condutor sair da Radial Leste e entrar na Rua Apucarana – passando esta para Área 40 ou havendo sinalização de 40 km/h – deverá diminuir ainda mais a velocidade para não ser multado pelos agentes de trânsito. O mesmo ocorre na Rua Tuiuti ou aquelas onde houver sinalização. Na esquina desta com a Praça Silvio Romero, existe um radar de semáforo (detectando o avanço no sinal vermelho) que poderá ser adaptado para flagrar também a velocidade dos veículos.
Este é o novo panorama, as ruas estão cada vez mais democratizadas, como querem afirmar os órgãos da Prefeitura. Os espaços são cada vez mais divididos entre automóveis, ciclistas, pedestres e o melhor a fazer é sair com antecedência, para evitar o estresse e não atrasar com os horários dos compromissos.
A OAB-SP (Ordem dos Advogados de São Paulo) entrou com uma ação contra a Prefeitura devido às reduções de velocidade nas marginais em julho, o Ministério Público de São Paulo apoiou a ideia e ainda quis saber para onde vai todo o volume de dinheiro arrecadado. Mas a realidade é que a Prefeitura traçou e executa um plano, dando todas as justificativas necessárias para cumpri-lo. A cada momento o órgão demonstra com estatísticas que baseiam-se em suas próprias pesquisas, nas mesmas práticas adotadas em outros países e de acordo com esses dados encontra-se no caminho certo. Há quem não acredite e a polêmica continua.
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Apesar da intenção ser boa, a razão não deve ser outra senão arrecadar mais dinheiro para os cofres públicos. Conforme a própria CET, cerca de 50% das multas são cometidas por 5% de motoristas infratores. Ou seja, a Prefeitura está punindo os outros 95% de motoristas pelos erros dos 5% de irresponsáveis.
Como tudo neste país, é mais fácil enforcar a maioria omissa que se cala, do que a minoria que grita e reage. Em resumo, em vez de punir os 5% que cometem metade das infrações da cidade, a Prefeitura convenientemente ataca os munícipes cumpridores da lei que num pequeno deslize comete uma infração. Como se os infratores fossem se importar! Eles certamente já estão preparados para essa investida.
Infelizmente o cidadão não tem uma atitude ativa de processar a CET e Prefeitura pelos erros que cometem. Se o motorista é multado por um km a mais de velocidade, a CET e Prefeitura deveriam ser multados ou processados toda vez que comete algum erro. Afinal, isso sim seria justiça social, sem privilégios para pessoas e órgãos públicos.
Vale lembrar que algumas declarações na mídia desses gestores tentam justificar com as velocidades de cidades como de Nova York, Paris ou Londres. Como se eles fossem tão bons gestores como os das referidas cidades, e como se fossem capazes de oferecer um sistema público de transporte eficiente que os gestores daquelas cidades oferecem.
Tenho nojo e sinto asco desses políticos, e tenho medo do que esses gestores de órgãos públicos fazem com nossa cidade e nossos bairros. Infelizmente, diante de nossos olhares passivos e covardes.
Adalto, seja bem-vindo. “Para o triunfo do mal só é preciso que os bons homens não façam nada”.
Edmund Burke. Enquanto uma voz se levantar contra a injustiça haverá esperança.