Exatamente há um ano, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Universidade de Oxford, Reino Unido, divulgavam a segunda pesquisa global sobre as mudanças climáticas, com base na primeira realizada em 2021. Vamos relembrar alguns aspectos sobre o Brasil.


A maior consulta de opinião pública, independente, sobre mudanças climáticas, conhecida como Voto Climático dos Povos de 2024, envolveu mais de 73 mil entrevistados, com 87 idiomas diferentes em 77 países, para saber como as mudanças climáticas estão sendo vivenciadas pelos habitantes, como impactam suas vidas e quais as expectativas em relação às ações governamentais que estão sendo tomadas em cada um dos países nos quais foi promovida.

Foram elaboradas 15 perguntas abrangendo como o cotidiano das pessoas é impactado pelas mudanças climáticas, como elas sentem que a questão está sendo abordada em seus países e o que gostariam que o mundo fizesse a respeito. Os resultados, disponíveis em Peoples’ Climate Changes, ainda fornecem o relato público mais abrangente sobre o sentimento quanto às mudanças climáticas.

Em todo o mundo, a esmagadora maioria (80%) das pessoas apoia esforços mais ambiciosos, acredita na superação das diferenças geopolíticas (86%) e quer ações climáticas mais fortes por parte dos governos.

Mudanças climáticas no Brasil

Quando indagados em 2024 sobre o quanto estavam preocupados com os efeitos da mudança climática na próxima geração, 28% dos brasileiros disseram estar extremamente preocupados; 45%, muito preocupados; 20%, um pouco; 3%, não muito; e 4%, de jeito nenhum. A maioria (73%), portanto, se preocupa com o impacto da mudança global do clima no futuro próximo. Os dados foram divulgados pelo PNUD.

No Brasil, 85% dos entrevistados desejam que o governo tome medidas mais firmes para enfrentar a crise climática; e 90% apoiam a união dos países em prol de ações nesse sentido.

Para 61% dos brasileiros, é necessária a adoção “muito rápida” de energia renovável em substituição aos combustíveis fósseis. Outros 21% afirmam preferir uma transição “relativamente rápida”, e 11%, “lenta”. Apenas 3% responderam que não querem essa mudança “de jeito nenhum”.

Sessenta e nove por cento das pessoas do mundo disseram que suas principais decisões, como onde morar ou trabalhar, por exemplo, estavam sendo impactadas pelas mudanças climáticas. No Brasil, esses percentuais caem para 32% (a mudança do clima afeta muito), 40% (afeta pouco) e 27% (não afeta em nada).

Opiniões

Rememorando as reflexões dos maiores envolvidos no trabalho de 2024, que ainda pode ser considerado extremamente relevante, vejamos o que disseram.

“A pesquisa é clara. Os cidadãos globais querem que seus líderes transcendam suas diferenças, ajam agora e ajam com ousadia para combater a crise climática”, afirmou o administrador do PNUD, Achim Steiner, em julho do ano passado.

“Os resultados da pesquisa – sem precedentes em termos de cobertura – revelam um nível de consenso verdadeiramente surpreendente. Instamos os líderes e os formuladores de política a prestarem atenção, especialmente à medida que os países desenvolvem sua próxima ronda de compromissos de ação climática – ou contribuições nacionalmente determinadas no âmbito do Acordo de Paris. Essa é uma questão com a qual quase todos, em todos os lugares, concordam.”

O professor Stephen Fisher, do Departamento de Sociologia da Universidade de Oxford , afirmou: “Uma pesquisa deste porte foi um enorme esforço científico. Mantendo uma metodologia rigorosa, também foram feitos esforços especiais para incluir pessoas de grupos marginalizados nas partes mais pobres do mundo. Estes são alguns dos dados globais de altíssima qualidade disponíveis sobre a opinião pública sobre as mudanças climáticas,” ressaltou em junho de 2024 sobre o levantamento.

Dados abertos

Potencialmente, com os votos de mais da metade da população mundial, entender como os cidadãos pensam sobre as mudanças climáticas é fundamental. Revisitar os resultados da pesquisa pode ajudar os tomadores de decisão “a navegar neste contexto desafiador e além”, frisa o PNUD. Os 77 países pesquisados ​​representam 87% da população global.

Para explorar os dados e os resultados por país com mais detalhes, visite: Peoples’ Climate Changes


Destaque – Imagem: São 20 anos desde o furacão Katrina, visto por especialistas como um evento que prenunciava os impactos das mudanças climáticas, que podem ter contribuído para a sua gravidade, aumentando as chuvas e potencialmente a intensidade da tempestade. Crédito: NASA Goddard Space Flight Center


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