Sexta-feira | 10 de julho, 2020 | 18h23


EDITORIAL


O presidente da República, Jair Bolsonaro, testa positivo para coronavírus e o anúncio foi feito à imprensa por ele mesmo na terça-feira (7) à frente do Palácio da Alvorada. O fato causou alvoroço internacional. Finalmente, havia algo de “ruim” para noticiar sobre o Brasil. “Vamos correr e denegrir a imagem desse país antes que ele engula nosso ‘queijo’.”

Gerson Soares

A divulgação da notícia sobre a infecção de Jair Bolsonaro pelo coronavírus repercutiu na imprensa mundial que aproveitou para associar o Presidente do Brasil à imagem de irresponsabilidade perante a pandemia, devido sua proximidade com o povo e muitas vezes ter sido visto sem usar máscara. “Finalmente, ele pagaria pela sua ‘coragem’ e, talvez, poderia ser mais uma vítima do coronavírus”, podem estar torcendo seus desafetos, lembrando personagens de Spencer Johnson.

Há muito tempo o Brasil não via no poder um patriota, muito tempo. Uma equipe imbuída de patriotismo, com vontade de promover as mudanças necessárias para o país avançar e sem envolvimento com facções criminosas é uma circunstância ainda mais rara.

O governo Bolsonaro está promovendo a maior distribuição de renda de todos os tempos através da ajuda aos brasileiros mais vulneráveis e atribuir irresponsabilidade no amparo aos estados e municípios ao chefe do Executivo não seria justo, nem tampouco acusá-lo ou à sua equipe de negligência quanto ao enfrentamento da pandemia.

Vladimir Putin foi visto sem máscara, Donald Trump idem. O primeiro-ministro da Inglaterra, Boris Johnson, esteve no parlamento inglês sem máscara e como Bolsonaro foi infectado pelo coronavírus. A chanceler alemã, Angela Merkel, também entrou no rol dos infectados. No dia 3 de julho, José Nasr, da Agência Reuters, publicou em Berlim que Merkel fez sua primeira aparição pública usando máscara, “depois de reprovar acusações de hipocrisia no início desta semana por não usar o equipamento de proteção”, escreveu ele naquela data.

Qual desses líderes foi criticado com a mesma veemência dedicada a Bolsonaro pela imprensa internacional ou pela mídia brasileira? Ao que se sabe nenhum, pelo menos as notícias acima não chegaram ao Brasil com tanto destaque a eles, nem a imprensa nacional os acusou de genocidas.

Confiança

O Brasil está confiante no futuro é o que afirma o ministro da Economia Paulo Guedes. Ao mesmo tempo enfrenta uma ferrenha oposição interna carente das vias e dos recursos advindos da corrupção que secaram. Da mesma forma, a hegemonia midiática que mamava eternamente nas vantagens oferecidas por políticos e um séquito de corruptos – traduza-se em verbas públicas voltadas para publicidade e sabe-se lá mais o quê – viu se erguer um muro à sua frente com a vitória de Bolsonaro nas urnas.

Sem gastar dinheiro público, usando as redes sociais e uma verba infinitamente reduzida para a campanha presidencial perante seus concorrentes, Jair Bolsonaro foi eleito com 57,7 milhões de votos válidos. Portanto, 55,13% dos brasileiros confiam em seu líder.

O capitão reformado do Exército Brasileiro sofreu um atentado no dia 6 de setembro durante a campanha de 2018. A facada na região da barriga quase o levou a morte e o retirou da fase dos debates na TV, tidos como a “cereja do bolo” pelos candidatos. Até hoje não se apurou se o atentado foi criminoso ou político, mas tudo leva a crer na segunda hipótese. Pedidos de impeachment contra ele, por parte de parlamentares oposicionistas e inconformados, depois da vitória nas urnas, povoam as gavetas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Os ataques diários na imprensa nacional também parecem não ser suficientes para abalar esse capitão patriota, somaram-se a isto os ataques internacionais.

 

Capa e personagens do livro "Quem Mexeu no Meu Queijo", de Spencer Johnson: o novo assusta àqueles que estão sentados confortavelmente sobre seus queijos. Imagem: aloart

 

Liderança

Na terça-feira, apesar de acometido pelo coronavírus, ele mesmo fez o anúncio de ter contraído a doença e divulgou o resultado positivo do seu exame. No decorrer da coletiva à imprensa, afirmou e demonstrava estar muito bem e disse que a sua tomografia, feita no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, indicou pulmões limpos.

Questionado se o resultado da infecção o surpreendeu, falou que imaginava já ter sido acometido pela doença anteriormente. “Tendo em vista a minha atividade muito dinâmica perante a população. E digo mais, eu sou o Presidente da República e estou na frente de combate. Não fujo à minha responsabilidade nem me afasto do povo. Eu gosto de estar no meio do povo”.

Que "Brasil" Mexeu no Meu Queijo

Desde que assumiu a presidência da República, ou mesmo antes de assumir, a vida de Bolsonaro foi escrutinada de “cima a baixo”, como ele mesmo diz, “e não acharam nada que manche a minha honra e a minha imagem”.

Mas, autoridades e jornalistas ainda procuram envolvê-lo em algum fato que possa atingir-lhe a honradez e liderança. As notícias de corrupção que imperaram nos governos do Brasil nas últimas duas décadas, envolvendo membros do Executivo, estão secas desde janeiro de 2019.

A proximidade e empatia da população brasileira com seu presidente parecem causar espanto nacional e internacional. Levando este assunto para o lado político-econômico, pois as notícias internacionais assim o abordam – esquecendo o lado humano. O crescimento do Brasil representa uma ameaça real para muitas economias que estão acostumadas a um tratamento menos cordial aos negócios brasileiros e se gabam da sua hegemonia mundial decisória.

Focar no líder para denegrir a imagem de um país com riquezas, água e energia, biodiversidade e recursos naturais abundantes me faz lembrar o livro “Quem Mexeu no Meu Queijo”, de Spencer Johnson, onde o medo do novo e o desconforto causam uma série de reações desastrosas àqueles que sempre se sentiram tranquilos em suas cadeiras altas, mesas fartas, cofres cheios, posições privilegiadas.

Diante do novo e suas potencialidades, leia-se aqui Brasil, eles estremecem e tentam eliminá-lo. “Quem Mexeu no Meu Queijo”, recomendo.

 

Economias estáveis do exterior parecem assustadas com a liderança e potencial brasileiro. Ilustração economia Exterior x Brasil: aloart