Segunda-feira, 16 de abril de 2018 às 20h10
Tivemos uma série de reuniões com órgãos da administração pública, cujas competências abrangem potenciais para promover as soluções necessárias, mas a burocracia e os próprios desentendimentos internos de secretarias municipais adiam uma solução.
Gerson Soares
Durante a gestão do agora ex-prefeito João Doria, o que mais se viu foram os atos que o promovessem, tais como: relevar parcerias que afetam diretamente o patrimônio público do município – ainda se descobrirá se realmente benéficas à municipalidade –, usar os recursos midiáticos sempre à mão graças ao peso do cargo e de sua riqueza pessoal, e da mesma forma isso lhe proporcionou entregar o salário de Prefeito a entidades filantrópicas ganhando notoriedade pela benemerência, entre outros atos, sempre com ampla cobertura na mídia e nas redes sociais.
Por justiça, apontem-se algumas iniciativas que se voltaram a oportunidades de aprendizado e emprego, além de acabar com a cracolândia. Certamente se procurarmos encontraremos outras qualidades do ex-alcaide, como a criação dos Centros de Acolhimento Temporários (CTAs). A desintegração da cracolândia ainda reflete na cidade, mas este não foi um ato isolado de João Doria, houve a integração de diversos outros órgãos. Por outro lado, ele deixa a cidade de São Paulo como a encontrou repleta de problemas onde não colocou suas mãos extremamente hábeis para alçar parceiros como a chinesa BYD do Brasil que recentemente doou carros elétricos à Guarda Civil Metropolitana (GCM). O objetivo da empresa é se tornar a primeira fornecedora da tecnologia que envolve os carros elétricos no Brasil.
Suas habilidades de líder, porém, não conseguiram solucionar a reivindicação dos moradores do Tatuapé, que querem de volta o Centro Esportivo Brigadeiro Eduardo Gomes, destruído para a construção de um CEU (Centro Educacional Unificado) que dificilmente virá. Quando precisou dos votos para alcançar o cargo de Prefeito, foi recebido de braços abertos no Tatuapé, mas só voltou recentemente para chamá-lo de periferia. Doria brecou a construção de nada menos do que 14 CEUs. Neste caso, fazer parcerias que favorecessem algo iniciado pelo concorrente e também ex-prefeito Fernando Haddad não seria interessante para sua nova carreira, agora iniciando na política com extremo alarde.
Jogo de empurra-empurra
O Ministério Público do Estado de São Paulo está tendo dificuldades para obter respostas sobre a paralisação das obras do CEU, a fim de apurar responsabilidades. De acordo com esse órgão, foram enviadas questões à Prefeitura Regional Mooca, que respondeu: “por tratar-se da instalação de um CEU, a competência é da Secretaria Municipal de Educação (SME)”. À pasta, foi enviado o ofício sobre as questões do CEU no Tatuapé, mas depois de vencido o prazo para que respondesse ao MPSP, no dia 09 de abril último, esta pediu um adiamento que ainda vigora.
Na busca por respostas, enquanto aguardávamos uma audiência com o prefeito regional Mooca, enviamos as matérias sobre o Centro Esportivo à assessoria do vereador Toninho Paiva que conhece bem o problema. Ele nos recebeu no dia 16 de fevereiro, uma sexta-feira, e depois de esperarmos uma hora para obter algum tipo de elucidação sobre o assunto, ao ver o vídeo divulgado pelo Alô Tatuapé, com larvas vivas e os criadouros existentes no parque, limitou-se a achar graça. A rápida conversa não merece muito destaque, o que se pode tirar de útil é que o vereador concluiu ser “a educação o grande problema do Brasil”.
No dia 23 de março, outra sexta-feira, o prefeito regional, Paulo Sérgio Criscuolo, nos recebeu em seu gabinete, acompanhado do líder do Governo local Walter Mezzetti e do assessor de imprensa Thiago Almeida, para também falarmos sobre o assunto. Depois da conversa que durou uma hora aproximadamente, tratando deste e de outros assuntos, o que se pode concluir é que a questão do Centro Esportivo Brigadeiro Eduardo Gomes, estão até certo ponto distante das atribuições do prefeito regional. Apesar de ser uma extensão da Prefeitura, o órgão pouco ou nada pode fazer no interior do parque sem autorização de outras pastas.
Quanto às larvas vivas que encontramos no local, os funcionários da Prefeitura admitiram o fato. Mezzetti nos informou ainda que o inseticida utilizado nas poças formadas pela estrutura abandonada do CEU para neutralizar as larvas estava matando também os pássaros. “Trouxeram-me um gavião morto”, exclamou lamentando. Com mais esse tipo de ocorrência, as consequências da falta de planejamento estratégico, desde que se cogitou construir um CEU nas dependências do Centro Esportivo, se agravam.
Após o encontro com o prefeito regional, vimos um grupo de funcionários trabalhando na manutenção da Rua Monte Serrat, no dia 3 de março, um sábado, onde se localizava a entrada principal do parque. Questionamos os trabalhadores sobre o que faziam e nos disseram que a ordem era limpar toda a extensão daquela via, mas nada relacionado ao interior do Centro Esportivo.
Ex-administrador do parque retorna ao cargo
O cargo de administrador do Centro Esportivo Brigadeiro Eduardo Gomes “é do vereador Toninho Paiva”. Essa informação é de conhecimento geral há muito tempo. Ele nomeou ou indicou as pessoas que administram o parque há longo tempo. No dia 19 do mês de março último, mais uma vez estivemos no local e constatamos aquilo que era esperado: mato crescendo, falta de manutenção e a morbidez conhecida. Por volta das 11h, o lugar estava vazio. Durante o pouco tempo que lá estivemos, no entanto, ao retirarmos do bolso o celular para fazer algumas imagens, eis que surgem dois seguranças acenando agitados, imediatamente dizendo que fotos eram proibidas, a não ser que estivéssemos autorizados pelo administrador José Garcia Teles que retornou ao cargo.
Também encontramos uma equipe da Rede TV, pronta para colocar no ar o quadro “Chutando o Pau da Barraca”, do programa matinal apresentado por Celso Zucatelli. A produção nos informou que havia tomado conhecimento da situação do local através do Alô Tatuapé e viera conferir. Quanto à nossa reportagem, a proibição de fotografar a decadência do Centro Esportivo é tão capenga quanto a administração que permitiu o vilipêndio desse patrimônio público. A certeza que fica é que se quer esconder um camelo com uma folha de palmeira em meio ao deserto.
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