Domingo | 24 de janeiro, 2021 | 12h50
HOMENAGEM (IN MEMORIAM)
O Diamantino era um homem simples, mas buscava a perfeição em tudo aquilo que se propunha fazer. Seu filho Henrique Alfredo Gomes, é testemunha disso: “Meu pai não deixava nada pela metade. Ele terminava tudo o que começava”.
Gerson Soares
Desde as primeiras edições físicas do Alô Tatuapé, Diamantino Alfredo Gomes tomou simpatia pela proposta editorial do veículo. Na verdade os seus ideais e aqueles que nortearam a criação da então revista pouco divergiam. Graças às suas sugestões para o progresso e bem estar geral e, literalmente, o acompanhamento de matérias importantes, no que se referia à comunidade, política, desenvolvimento e ações propriamente ditas, a revista alcançou grande destaque no Tatuapé e Jardim Anália Franco, repercutindo em outras áreas da cidade.
Seria muita pretensão querer ilustrar esta merecida homenagem falando sobre tudo aquilo que o Diamantino se dedicou a nos orientar, auxiliar e propor visões alternativas para a evolução deste veículo, a partir do ano de sua criação como revista em 1997 (leia o Histórico). Mas vou enumerar algumas de suas brilhantes ideias que em muitas vezes não ficava só nas palavras, arregaçava as mangas e partia para a ação, fotografando, escrevendo artigos ou participando de eventos.
Dono de uma loja de roupas infantis, a Mamãe Coruja, que ficava em uma esquina da Rua Tuiuti nº 2142, além de estar sempre que possível ao meu lado para conversar sobre os assuntos do bairro e da próxima edição, ele ainda arranjava tempo para ministrar cursos de oratória e comunicação humana com abrangência em diversas áreas, como as do Direito ou Vendas, por exemplo. Uma verdadeira “máquina de trabalho”, alguém diria. Mas não era só a isso que ele se dedicou.
A família estava no topo das suas aspirações, tanto que partiram dele pautas para o Alô Tatuapé, tais como: “Famosos papais do Tatuapé” ou “Jovens falam dos pais e do país”. Quando o assunto era o bairro e por consequência toda a região influenciada pelo progresso do Tatuapé, propôs diversas pautas. Uma delas resultou na reportagem “Prefeito da cidade recebe entidades do Tatuapé”, onde ele encabeçou uma reunião com o então prefeito Celso Pitta, acompanhado por diversos líderes locais, levando ao conhecimento governo municipal os problemas de segurança, trânsito, crescimento, água, eletricidade.
Na política propôs uma entrevista com o ex-vereador Alfredo Martins para tratar desse assunto que foi destaque da revista nº 27 (Agosto/1999). A fotografia que ilustra a capa dessa edição é dele.
Rotariano, na maioria das vezes escalado para funções protocolares, propôs uma homenagem àquela entidade que completava mais um ano, dedicando-se a fotografar um por um dos 54 associados do clube. As fotografias estão na capa da edição nº 14 (Julho/1998), intitulada: “Rotary Tatuapé - 28 anos de amizade e serviços”.
Juntos, elaboramos uma das mais ousadas ações políticas já engendradas por uma revista de bairro: um debate com todos os candidatos locais à vereança, aos moldes dos debates televisivos. Promovido pelo Alô Tatuapé, o encontro foi marcado para o dia 25 de agosto de 2000, especialmente para convidados, formadores de opinião, autoridades e líderes de entidades, a população pode acompanhar os principais pontos dias depois, na edição de Setembro (nº 40).
Todo o protocolo do debate foi montado pelo mediador Diamantino e teve “hora para começar e para terminar. Cada um vai ter 30 segundos para responder às perguntas dos demais candidatos, com réplica e tréplica”, coordenou. Fomos ladeados pelo Sidney Bergamaschi (de tradicional família do bairro) e o doutor João Perez Filho (destacado membro do Rotary Tatuapé e APCD). O evento foi filmado em VHS e consta também como registro.
Ao final, a perfeição exigida por Diamantino foi atingida. Tanto o público quanto os candidatos presentes saíram satisfeitos. Uma das propostas feitas por mim era que todos se lembrassem do Hospital Municipal do Tatuapé, por esse motivo esteve ao nosso lado o então diretor daquela casa de saúde, Dr. Plínio Bertocco – aclamado mestre dos residentes. O evento ocorreu na Rua Itapura nº 757, nas dependências do The Grilled House Restaurant, que ofereceu a todos um esmerado café da manhã abrindo os trabalhos.
O Diamantino era um excelente fotógrafo que dispunha dos mais diversos equipamentos. “A fotografia é um hobby”, dizia modesto. Foi ele quem comprou a minha terceira câmera fotográfica, uma Nikon, durante viagem que fez a Portugal e para completar me deu um flash de ótima qualidade de presente. “Esse seu flash nunca funciona, fica com este e vê se tira as fotos direito”, reclamou com irônica piada.
O bom “mau” humor fazia parte do seu jeito de ser direto e falar o que pensava. Demorei para aprender a lidar com aquele sofisticado flash passado para mim, mas que era de seu uso pessoal. Apesar das câmeras digitais está comigo até hoje.
Estas são pequenas lembranças do bom amigo Diamantino nascido no dia 20 de outubro de 1952 e que faleceu no dia 16 de junho de 2020. Esta homenagem tardia a ele não diminui a tristeza da sua perda. Tenho a certeza que do Alto está olhando por todos nós e pelo Brasil que tanto amava.
A obra do Diamantino Alfredo Gomes, que integra as páginas do Alô Tatuapé está eternizada com sua sabedoria. Aos seus filhos, familiares e amigos minhas mais sinceras condolências e votos de amizade.