Segunda-feira, 16 de maio de 2016 às 19h37
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 56% dos nascimentos no Brasil ocorrem por cesáreas – o índice chega a 84,6% na rede privada. Leia a reportagem da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo (SOGESP).
Este percentual crescente segue à contramão do recomendado pelo órgão internacional, cuja orientação pede taxas de 10% a 15%. Por segurança e até mesmo comodidade, muitas gestantes preferem esta via, a qual pode ser programada e permite evitar as dores comuns do parto.
Amplamente procurada pelas futuras mamães, a cesárea ainda provoca muitas dúvidas, sobretudo no preparo para a cirurgia. “A operação dura de uma hora a uma hora e meia. Uma das principais questões refere-se à anestesia: ela não faz a mulher dormir, justamente para acompanhar o nascimento do filho. Inclusive, serve apenas para retirar a dor, permitindo sensações de tato”, esclarece Paulo Nowak, membro da SOGESP.
Anestesia
Causa da principal aflição das que decidiram pela cesariana, a raquidiana, apelidada de ráqui, é aplicada entre as vértebras da coluna, após o profissional passar um anestésico local, inibindo a dor da picada. Diferentemente da peridual, utilizada para partos normais, ela possui ação imediata, dosada uma única vez e com duração limitada.
Alguns dos sintomas pós-parto são efeitos colaterais da anestesia, como enjoo. “Uma das possibilidades é o efeito do anestésico, uma vez que a posição de barriga para cima pode favorecer o vômito. Além disso, também nos deparamos com quadros de tremedeiras – a anestesia faz com que a mulher perca mais calor pela dilatação dos vasos sanguíneos da pele”, explica.
Nowak também informa que é normal uma queda de pressão ao se levantar pela primeira vez após o parto: “Existem várias causas para isso, incluindo a perda sanguínea, a anestesia e o longo período deitada. O ideal é fazer o movimento devagar e com auxílio dos profissionais de enfermagem”.
Quanto à morfina, o obstetra alerta que pode causar coceira, principalmente na face. “A intensidade varia para cada mulher. Cerca de duas horas após a cirurgia, a reação já diminui, caso contrário, é possível fazer uma medicação que funciona como antídoto”, diz.
Operatório
É importante manter a bexiga vazia e, para tanto, é colocada sonda uretral. “Sua aplicação é necessária, considerando que a bexiga fica posicionada na frente do útero, e se estiver cheia vai atrapalhar a localização do mesmo e a retirada do bebê”, explica o obstetra.
Durante a cesárea, é normal muitas mulheres reclamarem do odor semelhante a um objeto queimando – de acordo com Nowak, isto é atribuído ao bisturi e, ao contrário do que muitas julgam, todos da sala podem sentir o cheiro; é natural. A recuperação total leva cerca de um ano, até estar apta a engravidar novamente – porém em 40 dias já é possível voltar às atividades diárias.
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