MFCs detectam mais, solicitam menos exames e encontram seus pacientes com maior frequência, aponta pesquisador.
O pesquisador e médico de família Adelson Guaraci Jantsch compartilhou os resultados de sua tese de doutorado em uma entrevista à Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) publicada em janeiro de 2024. Seu trabalho, intitulado “O impacto da residência médica em medicina de família na promoção dos atributos da atenção básica no Rio de Janeiro” (The impact of residency training in family medicine in promoting the attributes of primary care in Rio de Janeiro), explora o papel fundamental dos dois anos de formação em Medicina de Família e Comunidade (MFC) na melhoria da Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil. Através de quatro artigos, ele procura preencher lacunas na compreensão do impacto desse treinamento na prática médica.
Estudos mais abrangentes em MFC
No primeiro artigo, Jantsch destaca a escassez de evidências sólidas demonstrando a eficácia da residência em MFC na qualificação do cuidado em APS. Ele argumenta a favor de estudos mais abrangentes, visando entender de maneira mais completa e aprofundada os efeitos desse treinamento na qualidade do atendimento prestado aos pacientes.
Diagnose superior
Os três artigos subsequentes são estudos empíricos quantitativos que utilizam dados reais para analisar especificamente o peso que tem a formação em MFC quanto a diagnósticos, encaminhamentos e hospitalizações. Os resultados revelam que os profissionais têm uma capacidade diagnóstica superior em diversas condições, como saúde mental e dependências químicas. Além disso, demonstram uma redução significativa nos encaminhamentos para especialidades clínicas, indicando uma resposta mais eficaz a problemas clínicos no âmbito da APS.
Internações versus MFC acompanhamento
No contexto das hospitalizações, os pacientes acompanhados por médicos de família apresentam menor probabilidade de internação em comparação com aqueles sem acompanhamento ou assistidos por generalistas. Isso reforça a importância da presença de médicos treinados em MFC na gestão eficiente de condições de saúde, tanto crônicas quanto agudas.
Jantsch frisa a necessidade de se desenvolver pesquisas futuras para compreender mais profundamente as implicações das metodologias educacionais utilizadas nos programas de residência em MFC.
Realidade do país
Ele busca respostas sobre a sustentabilidade desses efeitos ao longo do tempo e a adaptação do modelo de treinamento para se adequar às diversas realidades da saúde no país. Também levanta questões essenciais sobre a duração ideal dos programas de residência. Indaga se um período estendido de três anos pode elevar a qualidade da formação e se, ao contrário, uma redução para lidar com desafios específicos em regiões remotas seria uma solução conveniente.
Destaque – Imagem: aloart
Publicação:
Sábado | 3 de fevereiro, 2024