Obra vai remover mais de 34 mil m³ de sedimentos, restabelecendo calado operacional que bateu recorde de movimentação em 2024.


O Porto de São Sebastião, administrado pela Companhia Docas de São Sebastião (CDSS) e vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil), se prepara para uma das intervenções mais relevantes da sua história recente: a dragagem de manutenção do seu principal berço de atracação.

Com um dos maiores calados do Brasil — até 25 metros no canal de acesso —, o Porto de São Sebastião é um importante corredor logístico do litoral paulista. No entanto, por estar próximo à costa, a área de atracação sofre com o assoreamento natural causado por chuvas, correntes e ventos, o que exige dragagens periódicas. A última intervenção ocorreu em 2022, e os estudos mais recentes apontam uma taxa média de assoreamento de cerca de 26 mil metros cúbicos por ano.

A obra tem como objetivo remover sedimentos acumulados no fundo da bacia de manobra e do berço 101, restabelecendo a profundidade mínima de 10 metros e garantindo maior segurança às operações. Serão retirados 34.588,37 metros cúbicos de material — o equivalente a mais de 2 mil caminhões de areia, lama e rochas —, devolvendo ao Porto sua plena capacidade de embarque de cargas.

Dragagem pode demorar 5 meses

A estimativa é que a dragagem tenha início em junho deste ano. A Companhia Docas já contratou a empresa responsável pela execução da obra, bem como a empresa especializada que fará o monitoramento ambiental da área. Todos os documentos exigidos foram encaminhados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e o início dos trabalhos depende agora da autorização final do órgão. “Esta dragagem é estratégica não apenas para a operação segura do Porto, mas também para manter a competitividade e a eficiência logística de São Paulo. É uma obra com impacto direto no desenvolvimento regional”, afirma Ernesto Sampaio, diretor-presidente do Porto de São Sebastião.

A dragagem tem duração prevista de cinco meses, com 45 dias dedicados à remoção efetiva dos sedimentos. Serão utilizadas duas embarcações especializadas: uma draga hopper, que realiza a sucção e transporte do material até o ponto de descarte, e uma draga de sucção e recalque com sistema desagregador.

Um dos principais pontos de atenção é a Baía do Araçá, área de manguezal que será monitorada continuamente. Em caso de qualquer risco de dispersão de sedimentos, as atividades serão imediatamente interrompidas. Também será realizado estudo de perfil praial e análise da circulação costeira, a fim de identificar e mitigar eventuais impactos ambientais.

Porto em ritmo de crescimento

O anúncio da dragagem ocorre em um momento de forte expansão do Porto de São Sebastião. Em 2024, por exemplo, o terminal registrou movimentação recorde de 1,5 milhão de toneladas — um crescimento de 48% em relação a 2023. Os principais produtos movimentados incluem açúcar, malte, cevada, barrilha, coque e silicato de vidro.


Destaque – A estimativa é que a dragagem tenha início em junho deste ano. Foto: Governo de SP


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