Sexta-feira, 8 de dezembro de 2017 às 13h44
Órgãos federais promovem eventos para lembrar a data. País é considerado um dos mais corruptos do mundo.
Gerson Soares
A corrupção e os interesses difusos travam o Brasil há séculos. Juntos, esses dois fatos, produziram uma nação rica e um povo pobre. Essa discrepância só é superada quando olhamos apenas para o lado bom do país, encontrados em bairros nobres de cidades como São Paulo, por exemplo. Na verdade são como ilhas, cercados por perigos iminentes; por tsunamis da violência, do sucateamento da saúde ou da insegurança. Se nos afastarmos dessas ilhas, em direção aos sertões brasileiros, a riqueza que caberia a todos vai parar nas mãos de alguns espertalhões, como ocorre, por exemplo, com a extração ilegal de madeira e o desmatamento indiscriminado na Amazônia.
A corrupção embaça o vislumbre de dias melhores, mas ao mesmo tempo ativa os mecanismos que a combatem, e a certeza de que a esperança vencerá os corruptos. O Dia Internacional contra a Corrupção é celebrado em 9 de dezembro e o principal instrumento internacional sobre a corrupção é a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, aprovada em 2003 pela Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Com sua entrada em vigor em 14 de dezembro de 2005, a convenção se tornou o primeiro instrumento jurídico anticorrupção global.
De acordo com dados de 2013, divulgados pela ONU: “A corrupção é o maior obstáculo ao desenvolvimento econômico e social na atualidade. Todos os anos, 1 trilhão de dólares é pago em suborno, enquanto cerca de 2,6 trilhões de dólares são roubados pela corrupção, o equivalente a mais de 5% do Produto Interno Bruto mundial”.
Corrupção no Brasil
Depois da operação desencadeada pelo Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF), em conjunto com a Procuradoria-geral da República (PGR), que ficou conhecida mundialmente como Operação Lava Jato, o número de empresas, empresários, políticos, funcionários públicos e autoridades do Brasil envolvidos em corrupção superou quaisquer expectativas no sentido do encarceramento dos condenados, já que o povo brasileiro pouco acredita na possibilidade dos corruptos irem parar na cadeia. Com razão, pois a rede de corrupção que se enraizou através dos tempos nas entranhas da nação ainda está longe de ser desmantelada, graças aos infindáveis recursos e à morosidade da Justiça.
Quanto aos valores devolvidos aos cofres públicos, empresas como a Petrobras, vítima de uma quadrilha que surrupiava a riqueza nacional, foi a grande beneficiada até agora. Somente nesta quinta-feira (7), a força-tarefa da Lava Jato fez uma devolução de R$ 653,9 milhões, graças a acordos de leniência. De acordo com um balanço divulgado no início deste mês pelo MPF, o órgão já conseguiu fechar acordos que garantirão o ressarcimento de R$ 24 bilhões oas cofres públicos.
Para lembrar o Dia Internacional contra a Corrupção, o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) realizou evento ontem (7) em Brasília, com a participação de autoridades de órgãos de controle e de defesa do Estado que também reuniu representantes de organismos internacionais e da sociedade civil. Por sua vez, o MPF vem realizando ações desde o dia 4 deste mês. Essas ações foram realizadas em diversos estados Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Bahia, Rio Grande do Sul, Tocantis, Paraná, Espírito Santo, Sergipe e terminam neste sábado (9) no Piauí.
Na verdade, até que se possa consolidar a tendência pela ética, o combate à corrupção será uma meta interminável.
Leia mais sobre
OPINIÃO
Leia as últimas publicações