Sexta-feira, 18 de março de 2016 às 11h48
A probabilidade de que Dilma Roussef não terminará seu governo subiu de 65% para 75%, ontem. O índice foi divulgado pela consultoria Eurasia – líder global em análise de riscos políticos sediada em Nova York –, que também não aposta num possível sucesso do governo Temer, caso o impeachment – que deve ser julgado em maio – se concretize. Mas os cenários no Brasil se alteram rapidamente e uma aliança entre PSDB e PMDB não pode ser descartada, o que poderia alterar essa previsão. Ainda é preciso levar em conta as prováveis apurações e revelações da Operação Lava Jato e suas consequências.
Gerson Soares
Segundo a mídia especializada, a notícia da possibilidade do impeachment já mexeu com o mercado, com queda do dólar e alta na Bovespa nesta quinta-feira (17). Sensíveis ao recado das ruas, líderes eleitos dos partidos afirmam que deve haver tranquilidade para analisar o processo contra Dilma Roussef. O colegiado que irá fazer parte dos trabalhos está composto por 65 deputados – que contam com igual número de suplentes. O deputado Rogério Rosso (PSD-DF) foi eleito presidente e Jovair Arantes (PTB-GO) será o relator da comissão especial.
Como manda o rito do impeachment, a Câmara deve notificar o Palácio do Planalto e o ato foi cumprido ainda ontem, após a criação da comissão especial, pelo 1º secretário da casa deputado Beto Mansur (PRB-SP). Dessa forma, a presidente terá 10 sessões do Plenário da Câmara para se defender das acusações. Conforme o deputado, foram juntadas ao processo principal as denúncias feitas na delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), divulgadas nesta semana. E isso deve complicar ainda mais a defesa de Dilma.
Novos ministros
Nesta quinta-feira, a presidente nomeou quatro ministros. Pelo menos dois deles já lhe trazem dificuldades: suspensão da nomeação de Lula (casa Civil) e a dissidência de Mauro Lopes (Aviação Civil) – contrariando a decisão do seu partido, o PMDB, após convenção nacional, de afastar-se do governo por 30 dias, a contar do último sábado (12). Depois de afirmar que enxugaria os ministérios, Dilma acabou criando um novo – ministério do gabinete pessoal da Presidência – para remanejar Jacques Wagner que cedeu seu posto ao Lula. A posse de Eugênio Aragão no ministério da Justiça, também veio com ares de acomodação, depois da saída de Wellington Lima e Silva, proibido pelo STF de continuar no cargo por exercer função no Ministério Público.
Confrontos devem ser evitados
As repercussões dos fatos desta semana apontam para mais turbulências, inclusive no caso das manifestações populares. Aumentam os conflitos entre os que defendem a permanência do PT no poder e a truculência não está sendo descartada por alguns deles. O fato pode ser constatado em imagens de ontem, próximo ao prédio onde reside Lula, e também por pessoas que estiveram na Avenida Paulista no domingo (13). Dentro de algumas horas a avenida deverá ser ocupada para atos a favor do governo e que deve contar com a presença de Lula.
A democracia exige respeito a todo tipo de manifestação e o confronto entre manifestantes não interessa a ninguém, muito menos ao processo que pode levar ao impeachment de Dilma Roussef e o distanciamento do PT do poder. A mídia está alertando para que a Avenida Paulista – que esteve tomada desde a noite de terça-feira por contrários à situação – seja deixada livre nesta sexta-feira, a fim de que os partidários do governo também possam expor seus pontos de vista.
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