Sábado, 2 de julho de 2016, às 13h38
A construção de uma barragem no Rio Tapajós pode levar à extinção espécies de animais e plantas, além de impactar profundamente a vida de populações tradicionais, leia a reportagem.
Do Greenpeace Brasil
Erguer uma grande hidrelétrica em ecossistemas sensíveis como a Amazônia, como quer o governo brasileiro no Rio Tapajós, teria impactos irreversíveis do ponto de vista econômico e social. A obra também seria um desastre sem proporções para a biodiversidade local. Ao alterar a dinâmica do rio e de suas espécies, podemos colocar em risco não apenas a existência de milhares de animais e plantas, mas também nosso próprio futuro.
Mas mesmo com este conhecimento, o governo e empresas continuam a insistir no projeto. Por isso, ativistas do Greenpeace do mundo todo estão pressionando a Siemens, uma das principais fornecedoras de turbinas do mercado, para que a empresa não participe deste projeto desastroso.
De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) produzido por um grupo de empresas interessado em participar do leilão da usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós – a maior das 43 planejadas pelo governo em toda a bacia – foram identificadas mais de 3.600 espécies de fauna e flora na área de influência da barragem. Mas um estudo realizado por pesquisadores independentes já mostrou que os impactos a estas espécies não foram levados em consideração, enquanto as novas espécies encontradas, entre anfíbios, aves e macacos, sequer foram citadas.
Na Amazônia, as planícies inundáveis incluem uma série de habitats, como praias, ilhas, pedrais e igapós, que possuem características únicas e insubstituíveis para o ecossistema local. Estes ambientes atuam como berçários para peixes e outros animais, inclusive de importância econômica, e fornecem recursos-chave para as populações humanas e os animais. Mas se uma barragem for construída neste local, esses lugares desaparecerão, gerando um profundo impacto na biodiversidade.
Os impactos, entretanto, não se limitam à área alagada pelo reservatório. Ao interromper o pulso natural de inundação do rio – os padrões de cheia e seca – a vida tanto rio abaixo como rio acima é alterada de forma permanente. Portanto, os efeitos de uma hidrelétrica não estão restritos a poucos quilômetros acima ou abaixo da barragem, mas podem ser detectados por centenas de quilômetros da obra.
Estamos falando de 95 espécies de mamíferos, 553 aves, 302 tipos de borboletas e mais de 1.400 espécies de plantas. Só no caso dos anfíbios e répteis, o estudo de impacto ambiental identificou 109 espécies, sendo 16 inéditas, ou seja, ainda nem conhecidas pela ciência. E tudo isso está ameaçado pela ganância e mau planejamento do governo e de empresas interessadas em participar da obra.
A Siemens, por exemplo, é uma empresa multinacional que vende ao mundo a imagem de “verde” e “ambientalmente responsável”, mas participou da tragédia de Belo Monte, fornecendo turbinas ao empreendimento. Mas talvez o mais curioso é que esta mesma empresa produz turbinas eólicas. Então porque não avançar pelo caminho certo?
O futuro está na energia eólica e solar, não em barragens que destroem comunidades, animais selvagens e a floresta. E a Siemens pode mostrar isso a seus consumidores e ao governo brasileiro, negando-se publicamente a participar do projeto de São Luiz do Tapajós.
Afinal, de que lado a empresa quer estar: do lado da eficiência energética, da biodiversidade, dos povos indígenas e do povo brasileiro, que pede por mudanças; ou do lado onde apenas o dinheiro fala mais alto?
Está na hora de escolher, Siemens.
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