A feição primitiva desse setor foi descrita por Almeida Nogueira: “O famoso Bairro do Chá estava, nesse período, em campo e em capoeira, formado por copiosos e espessos arbustos de chá. Ali se caçavam pombas, assim como se pescavam bagres em uma lagoa dentro da Chácara Mauá, que ocupava grande parte do atual quarteirão de Santa Efigênia.”
A Rua Formosa foi construída na encosta do lugar, uma cessão feita pelo proprietário da área, o Barão de Itapetininga. Após seu falecimento, a viúva Corina de Sousa Castro também permitiu que outras novas ruas fossem abertas, dentre elas a Rua 7 de Abril, Xavier de Toledo e aquela que levaria o nome do marido, Rua Barão de Itapetininga.
Ela casou-se em segundas núpcias com Francisco Xavier Pais de Barros, Barão de Tatuí, transformando-se em Baronesa-consorte de Tatuí. Eles foram morar no esplêndido solar de três andares, que antes pertencia a Itapetininga, localizado na “Chácara do Chá”, atual Vale do Anhangabaú.
Ali viria a ser construído o primeiro Viaduto do Chá. Mas, antes, houve uma contenda judicial, empreendida pela Baronesa de Itapetininga e pelo Barão de Tatuí, que ensejava contra a demolição do solar. O viaduto, por sua vez, se fazia necessário para ligar o centro antigo à cidade nova.
Em 1888, a obra foi adiada até que a questão fosse resolvida. Há informações de que a viúva só deixou o solar sob escolta policial. Por fim, meses depois, a necessidade urbanística venceu a tradição e houve a demolição. Talvez fosse melhor atender à reivindicação dos barões, conservando o solar às futuras gerações e preservando um pouco da história, tendo aberto um precedente para conservar outras relíquias urbanas, como o prédio do Automóvel Club, fundado em 1908.
Conforme descreveu a pesquisadora Heloisa Buarque de Almeida: “A partir dos anos 1930, o centro de São Paulo começou a se deslocar. O espaço do Triângulo ficou pequeno demais para a cidade e, aos poucos, apareceu uma nova centralidade, do outro lado do Anhangabaú, entre as praças Ramos de Azevedo e da República. Como costuma acontecer quando há este tipo de mudança, o centro antigo sofreu uma degradação e o novo aparece como ‘a melhor parte’, o lado ‘mais fino da cidade’.”

A pacata Rua Barão de Itapetininga no começo do século XX. Foto: Guilherme Gaensly. Coleção: Pedro Corrêa do Lago.
Fonte de consultas e imagens: “Lembranças de São Paulo – A capital paulista nos cartões-postais e álbuns de lembranças.
Publicação:
Segunda-feira | 20 de janeiro de 2025.