Ruído na cultura organizacional é desafio para a população brasileira que, conforme dados do Censo de 2022, continua ativa, mas sem melhorar muito o patamar de renda.


“Mercado de trabalho segue em alta, mas revela turbulência na travessia de liderados para líderes”, afirma Alvaro Fernando, músico, escritor e palestrante, ao avaliar o cenário da cultura organizacional. A percepção anda de mãos dadas com a realidade: 37% dos jovens gostariam de fazer parte do time de uma grande empresa sem ocupar um papel de liderança, revelou a pesquisa “Should I Stay or Should I Go? Paradoxos e Referências da Gen Z sobre Liderança”, conduzida por Cíntia Gonçalves, da consultoria wiz&watcher e sócia Suno United Creators.

No Brasil, mais de um terço dos trabalhadores recebe até um salário-mínimo, revelam os dados preliminares do Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na época, 11% dos jovens de 14 a 17 anos já exerciam algum trabalho, mas com nível de ocupação menor quando comparado com o Censo de 2010.

Apesar de as pessoas serem ativas, a sensação de estagnação preocupa quando vivenciamos a reprodução da cultura industrial no trabalho, quando muitos cumprem processos sem perguntar ‘”Por que isso é feito assim?” seja para não destoar do time e sobreviver aos desafios socioeconômicos, da adequação ao mundo pós-pandemia, do uso intensivo de telas ou dos modelos não tradicionais de interação no trabalho, com o home office.

Nesse sentido, a coragem de questionar o “status quo” no trabalho catalisa o indivíduo a se envolver com o seu entorno e ultrapassar as fronteiras. “O status quo organizacional é como as engrenagens com que uma empresa funciona no dia a dia. São as normas e regras estabelecidas que todos seguem”, explica Alvaro Fernando.

Segundo o autor, quem desafia o tal ‘status quo’ pode ser considerado a pedra preciosa do universo organizacional. “É o profissional que identifica o que está ultrapassado, passando a ser um catalisador de mudanças reconhecido pelos demais, sendo chamado para dar sua opinião em momentos importantes e a formalizar transformações”.

Além disso, soma-se a capacidade de “se voluntariar para cenários desconhecidos, assumindo um papel protagonista que traz consigo dois pilares de grande valor: liderança e inovação”. O exercício ainda requer elementos para não isentar o indivíduo de responsabilidade e ajudá-lo a ter coesão, priorizando: pensamento crítico, consciência de viés, diversidade de fonte, educação midiática, ceticismo saudável e conhecimento interdisciplinar.

“Não é fácil. É como ser um explorador das melhores práticas, procurando maneiras mais inteligentes de fazer as coisas”, pontua o especialista. Essa bussola engajadora poderá instigar os ocupados a terem desejo, esperança, ciência de novos horizontes no caminho não linear da carreira, os ajudando nas tomadas de decisões não somente com base em obter renda para custos fixos de sobrevivência, e sim para viver novas possibilidades.

“A comunicação interpessoal abre o horizonte e aproxima as pessoas, que só crescem e ampliam o potencial de convivência e evolução pessoal para que possamos ocupar e exercer o papel inerente de líder da nossa vida”, diz. O escritor reitera que ser ‘protagonista’ implica em assumir uma posição de liderança, de ação, ser o oposto do papel de espectador ou ele­mento passivo, mensagem necessária para a vida e trabalho.

Ao assumir o protagonismo da própria vida é, portanto, menos uma questão de desejo e mais de esperança baseada na ação. “Não basta sonhar com as realizações. É preciso identificar objetivos com clareza, dar nome e forma aos planos e se dedicar a eles com a intensidade de estar presente em cada passo”. O fato é: “se a dúvida surgir, pronto. Eis um motivo para esquecer o ‘”should i stay’”, conclui Alvaro Fernando.


Destaque – Imagem: aloart / G. I.


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