Segunda-feira, 25 de abril de 2016 às 10h34 – atualizado às 12h29
A frase foi dita aos jornalistas após reunião com o vice-presidente Michel Temer, neste domingo, que se reuniu com economistas para “dar uma resposta rápida ao país”, caso o Senado aprove o impedimento da presidente.
O vice-presidente Michel Temer esta se preparando para assumir a presidência, caso Dilma Roussef seja impedida de continuar no cargo, após a conclusão da análise do processo de impeachment pelo Senador que deve começar nesta segunda-feira (25). Segundo o senador Romero Jucá (RR), Temer se inteira da situação econômica do país, ouvindo diversos setores da economia para formar uma visão do mercado. Estiveram reunidos com ele, o ex-ministro Delfim Neto e o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, além do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) Paulo Skaf.
“Foi uma conversa produtiva, construtiva. Meirelles falou da experiência dele no Banco Central e da visão dele do mercado financeiro. O vice-presidente indagou bastante, perguntou sobre a atual conjuntura. Foi uma conversa assim como outras das quais participei, com o ex-ministro Delfim Netto e outros economistas, para se ter uma avaliação e um quadro com visões distintas”, disse o senador.
No tocante à volta da CPMF, Paulo Skaf, que encabeça a campanha “Não vou pagar o pato” promovida pela FIESP, disse que Temer não é a favor do aumento de impostos, depois de permanecer quase seis horas com ele no Palácio do Jaburú e negar que tenha sido convidado para ocupar um cargo. “Há formas de se ajustar as contas sem o aumento de impostos e sem o prejuízo de programas sociais. Há muito desperdício, muitos gastos a serem evitados”, apontou. Para ele, há espaço para uma melhor gestão de recursos pelo governo federal.
Um dos principais interlocutores do vice-presidente, Romero Jucá negou que esteja havendo distanciamento do PSDB em relação a um futuro governo Temer. “O que há é uma discussão interna do PSDB, se ocupará cargo ou não. Essa é uma discussão que cabe ao PSDB. O importante para a coalização, para a mudança do país, é a participação do PSDB no agrupamento político, na base parlamentar que vai votar mudanças estruturais para o país e, nisso, o PSDB está engajado, está participando, discutindo a todo o momento todos os procedimentos. Portanto, quanto à questão interna do partido, caberá a eles decidirem se, em tese, terão algum tipo de ocupação ou não [no governo]”, disse Jucá.
O senador informou que vem conversando com os partidos, discutindo uma coalizão, um bloco político parlamentar para recuperar o país e, nisso, os partidos estão engajados. “Estamos discutindo um futuro governo se houver a decisão do Senado de afastar a presidente Dilma, e vamos aguardar com toda tranquilidade e toda consciência”. Jucá negou que Temer esteja oferecendo cargo a alguém. “[Ele] não está oferecendo, nem entregando nada, nem nomeando ninguém. Ele não tem o Diário Oficial, quem tem é o atual governo, que nomeou muita gente tentando não passar o impeachment na Câmara”.
O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles disse hoje (23), após reunião com Michel Temer, que a conversa foi sobre o diagnóstico da economia brasileira, assim como o vice fez com outros especialistas. Segundo ele, Temer “corretamente” não se manifestou sobre diversos assuntos, porque ainda aguarda pronunciamento do Senado Federal [sobre impeachment] e só a partir daí se pronunciará.
“Dei a ele [Temer] a minha visão, o que acho, de qual é a situação, quais as razões da presente contração econômica, o que acontecerá, o que pode ser feito etc”, afirmou. Meirelles negou ter sido convidado para comandar a economia em um eventual governo Temer, mas destacou que, mesmo se não for ministro, estará disposto a ajudar.
Para ele, outra questão “mais importante no Brasil” a ser enfrentada é a alta carga tributária. Isso que tem, de fato, que ser enfrentado no país de forma estrutural, assim como o crescimento das despesas públicas, ressaltou. “Evidentemente, é uma questão para ser tratada de forma objetiva, dentro de uma visão de prioridades pelas autoridades que estão ou estiverem no cargo”, disse.
Meirelles disse também que o Brasil tem tudo para crescer, como já ocorreu antes, a taxas elevadas e por períodos prolongados. Segundo ele, o país tem tudo para voltar a crescer, mas a questão é a retomada da confiança dos investidores e de ter uma clara trajetória de dívida púbica que seja sustentável e percebida por todos, com medidas pró-crescimento para viabilizar investimentos.
Com informações da Agência Brasil de Notícias e reportagens de Iolando Lourenço e Felipe Pontes.
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