Segunda-feira, 25 de abril de 2016 às 10h34 – atualizado às 12h29


A frase foi dita aos jornalistas após reunião com o vice-presidente Michel Temer, neste domingo, que se reuniu com economistas para “dar uma resposta rápida ao país”, caso o Senado aprove o impedimento da presidente.

O vice-presidente Michel Temer esta se preparando para assumir a presidência, caso Dilma Roussef seja impedida de continuar no cargo, após a conclusão da análise do processo de impeachment pelo Senador que deve começar nesta segunda-feira (25). Segundo o senador Romero Jucá (RR), Temer se inteira da situação econômica do país, ouvindo diversos setores da economia para formar uma visão do mercado. Estiveram reunidos com ele, o ex-ministro Delfim Neto e o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, além do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) Paulo Skaf.

 

22/04/2016- Brasília- DF, Brasil- O presidente em exercício Michel Temer chega ao seu gabinete no Palácio do Planalto. Foto: Anderson Riedel /VPR

22/04/2016- Brasília- DF, Brasil- O presidente em exercício Michel Temer chega ao seu gabinete no Palácio do Planalto. Foto: Anderson Riedel /VPR

 

“Foi uma conversa produtiva, construtiva. Meirelles falou da experiência dele no Banco Central e da visão dele do mercado financeiro. O vice-presidente indagou bastante, perguntou sobre a atual conjuntura. Foi uma conversa assim como outras das quais participei, com o ex-ministro Delfim Netto e outros economistas, para se ter uma avaliação e um quadro com visões distintas”, disse o senador.

No tocante à volta da CPMF, Paulo Skaf, que encabeça a campanha “Não vou pagar o pato” promovida pela FIESP, disse que Temer não é a favor do aumento de impostos, depois de permanecer quase seis horas com ele no Palácio do Jaburú e negar que tenha sido convidado para ocupar um cargo. “Há formas de se ajustar as contas sem o aumento de impostos e sem o prejuízo de programas sociais. Há muito desperdício, muitos gastos a serem evitados”, apontou. Para ele, há espaço para uma melhor gestão de recursos pelo governo federal.

Brasília - O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, fala à imprensa após encontro com o vice-presidente Michel Temer Palácio do Jaburu. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Brasília - O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, fala à imprensa após encontro com o vice-presidente Michel Temer Palácio do Jaburu. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Um dos principais interlocutores do vice-presidente, Romero Jucá negou que esteja havendo distanciamento do PSDB em relação a um futuro governo Temer. “O que há é uma discussão interna do PSDB, se ocupará cargo ou não. Essa é uma discussão que cabe ao PSDB. O importante para a coalização, para a mudança do país, é a participação do PSDB no agrupamento político, na base parlamentar que vai votar mudanças estruturais para o país e, nisso, o PSDB está engajado, está participando, discutindo a todo o momento todos os procedimentos. Portanto, quanto à questão interna do partido, caberá a eles decidirem se, em tese, terão algum tipo de ocupação ou não [no governo]”, disse Jucá.

O senador informou que vem conversando com os partidos, discutindo uma coalizão, um bloco político parlamentar para recuperar o país e, nisso, os partidos estão engajados. “Estamos discutindo um futuro governo se houver a decisão do Senado de afastar a presidente Dilma, e vamos aguardar com toda tranquilidade e toda consciência”. Jucá negou que Temer esteja oferecendo cargo a alguém. “[Ele] não está oferecendo, nem entregando nada, nem nomeando ninguém. Ele não tem o Diário Oficial, quem tem é o atual governo, que nomeou muita gente tentando não passar o impeachment na Câmara”.

Encontro Nacional da Indústria - ENAI 2015. Palestra de Henrique Meirelles. Brasília (DF) 11.11.2015 - Foto: José Paulo Lacerda

Encontro Nacional da Indústria - ENAI 2015. Palestra de Henrique Meirelles. Brasília (DF) 11.11.2015 - Foto: José Paulo Lacerda

O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles disse hoje (23), após reunião com Michel Temer, que a conversa foi sobre o diagnóstico da economia brasileira, assim como o vice fez com outros especialistas. Segundo ele, Temer “corretamente” não se manifestou sobre diversos assuntos, porque ainda aguarda pronunciamento do Senado Federal [sobre impeachment] e só a partir daí se pronunciará.

“Dei a ele [Temer] a minha visão, o que acho, de qual é a situação, quais as razões da presente contração econômica, o que acontecerá, o que pode ser feito etc”, afirmou. Meirelles negou ter sido convidado para comandar a economia em um eventual governo Temer, mas destacou que, mesmo se não for ministro, estará disposto a ajudar.

Para ele, outra questão “mais importante no Brasil” a ser enfrentada é a alta carga tributária. Isso que tem, de fato, que ser enfrentado no país de forma estrutural, assim como o crescimento das despesas públicas, ressaltou. “Evidentemente, é uma questão para ser tratada de forma objetiva, dentro de uma visão de prioridades pelas autoridades que estão ou estiverem no cargo”, disse.

Meirelles disse também que o Brasil tem tudo para crescer, como já ocorreu antes, a taxas elevadas e por períodos prolongados. Segundo ele, o país tem tudo para voltar a crescer, mas a questão é a retomada da confiança dos investidores e de ter uma clara trajetória de dívida púbica que seja sustentável e percebida por todos, com medidas pró-crescimento para viabilizar investimentos.

Com informações da Agência Brasil de Notícias e reportagens de Iolando Lourenço e Felipe Pontes.
Ilustração: aloart

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