Segunda-feira, 1º de fevereiro de 2016 às 20h25
A trombose na mulher está ligada a duas situações muito representativas: a gravidez e o uso dos anticoncepcionais. Esta relação ocorre devido ao aumento do nível dos estrogênios nestes dois casos. Apesar disso, a incidência não é tão preocupante como aparenta, apesar dos inúmeros casos repercutindo na internet.
Em cada dez mil mulheres que não usam pílula, três delas terá trombose. Em caso da ingestão do contraceptivo, o índice aumenta para nove. Embora triplique o risco, ele continua baixo. Se estiver grávida, aumenta de 30 até 60 casos. A gravidez pode ser mais propícia que a pílula, no entanto, a causa não é simplesmente o estrogênio.
“O uso de hormônios femininos aumenta os fatores de coagulação dentro da veia, que resultam na trombose venosa, a mais comum na mulher. No entanto, o simples fato de engravidar ou fazer uso da pílula, que, aliás, é muito segura, não garante que haverá trombose. É preciso identificar os riscos reais. Não há como falar em prevenção também, pois existe a propensão individual”, alerta dr. Rogério Bonassi, 2º vice-presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP).
Para formar este coágulo, alguns fatores precisam existir, como lesão endotelial (da parede interna da veia), dificuldade do sangue circular (estase) e o aumento da viscosidade sanguínea (sangue mais grosso). Ou seja, são questões individuais, alterações não decorrentes de hormônios. Os sintomas normalmente envolvem as pernas, com dor, inchaço e vermelhidão nas panturrilhas.
Segundo Bonassi, é difícil identificar a existência desta predisposição, a menos que a pessoa tenha histórico de trombose na família – neste caso, vale investigar para prevenir a ocorrência do quadro. Outros quesitos também são considerados: obesidade, tabagismo, sedentarismo e doenças como câncer e síndrome metabólica.
Uma das complicações decorrentes é a embolia pulmonar, presente em 2% dos casos de trombose. Trata-se de um coágulo que se desprende e pode chegar aos pulmões. Entre os sinais, estão falta de ar repentina e dor no tórax, sintomas agudos que requerem avaliação rapidamente. A mortalidade chega a 40%.
Nas redes sociais, mulheres que apresentaram episódio de trombose clamam para que exista uma investigação que comprove se a mulher pode fazer uso da pílula, com exames que comprovem o risco. Dr. Rogério é enfático e fala que esta é uma medida desnecessária.
“Pesquisa de rotina não é recomendada por nenhuma entidade médica, nacional e internacional, exceto se houver algum fator de risco muito importante. Ou seja, a realização destes exames não contribui para coibir o número de casos, seria um custo desnecessário, considerando que a prevalência não é alta o bastante para justificar”, finaliza o ginecologista.
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