Sábado, 16 de abril de 2016 às 18h06
Ao mesmo tempo que deputados debatem o óbvio no Congresso Nacional tentando tirar do poder uma presidente eleita e impedir a continuidade de seu governo pelos motivos mais do que explicitados nos últimos tempos, forças da Natureza se debatem para impedir que a irracionalidade humana continue provocando desastres como o mostrado na edição passada de Meio ambiente, sobre Mariana em Minas Gerais e a maior agressão ambiental já registrada no Brasil.
Gerson Soares
Atualmente, o governo que em 13 anos institucionalizou a corrupção e está em processo de afastamento, quer alargar suas mandíbulas sobre uma riqueza incomensurável, a Amazônia. Para demonstrar esse fato, o Greenpeace vem fazendo o que está ao seu alcance para impedir a destruição de uma floresta praticamente desconhecida, em troca de megawatts que podem ser conseguidos de outras formas.
Aliás, há muito tempo essa obviedade já deveria ter sido notada por governantes cujos objetivos estivessem realmente voltados para os interesses da Nação, o que não é o caso, como tem sido mostrado quase que diariamente nas denúncias e delações premiadas da Lava Jato. Fontes de energia alternativas como solar e eólica são precariamente aproveitadas num país onde o sol brilha o ano inteiro e o vento movimenta dunas de areias sem dificuldade, apenas para exemplificar metaforicamente a real viabilidade de projetos diferenciados para captação de energia.
Leia a reportagem do Greenpeace Brasil. Veja o relatório completo (você irá para a página do Greenpeace que respeita a sua privacidade) e assine a petição (vale a pena dar uma olhada na página do Greenpeace, mesmo que você não assine, e ver pelo que eles estão trabalhando) “Deixe o Tapajós viver”.
Na última sequência de Meio ambiente, uma resenha sobre a Usina de Belo Monte, citada como fonte de corrupção no governo, inúmeras vezes neste sábado (16/4) de discussões sobre o impeachment na Câmara dos Deputados, onde talvez, só a pureza das águas de um imenso rio como o Tapajós fosse capaz de lavar tanta sujeira.
Hidrelétricas na Amazônia: um mau negócio para o Brasil e para o mundo
Greenpeace
Relatório do Greenpeace mostra por que as hidrelétricas na Amazônia não são uma solução de energia limpa e traz cenários alternativos à usina de São Luiz do Tapajós a partir de fontes como eólica, solar e biomassa.
A construção de grandes hidrelétricas na Amazônia tem sido apresentada como indispensável para garantir o crescimento do país. No entanto, exemplos recentes de instalação dessas usinas na maior floresta tropical do mundo estão mostrando que, na realidade, elas não passam de uma falsa solução – e estão longe de ser limpas ou sustentáveis.
Atropelamento de direitos humanos, impactos profundos na biodiversidade e nas comunidades tradicionais, violação de leis e acordos internacionais e denúncias de corrupção generalizada (como se viu a partir de depoimentos da Operação Lava Jato sobre a usina de Belo Monte, no Rio Xingu) são alguns exemplos que têm caracterizado a construção de hidrelétricas na região. Além de todos esses problemas, as usinas instaladas em áreas de floresta tropical emitem quantidades consideráveis de gases de efeito estufa – dióxido de carbono e metano – como resultado da degradação da vegetação alagada e do solo. Com todos esses impactos na balança, é impossível classificar as hidrelétricas como energia limpa.
Em busca de verdadeiras soluções , o Greenpeace Brasil lança nesta quarta-feira, 13 de abril, o relatório “Hidrelétricas na Amazônia: um mau negócio para o Brasil e para o mundo”, que apresenta cenários de geração de eletricidade utilizando fontes renováveis mais limpas e menos prejudiciais, como a combinação de eólica, solar e biomassa. Esses cenários mostram que, aliando investimento nessas fontes e medidas de eficiência energética, é possível garantir a energia que o Brasil precisa sem destruir a Amazônia.
Utilizando como exemplo a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, cuja capacidade instalada é de 8.040 MW, com uma média de energia firme esperada de 4.012 MW, é possível que uma combinação dessas novas fontes renováveis gere a mesma quantidade de energia firme prevista (4.012 MW) em um mesmo período de tempo e com um patamar similar de investimento, caso o nível atual de contratação dessas fontes por meio dos leilões aumentasse em 50%.
São Luiz do Tapajós – Prevista para ser construída no rio Tapajós, em uma área que abrange o território ancestral do povo indígena Munduruku, ela será a maior usina prevista para a Amazônia depois de Belo Monte, no Xingu. Se construída, irá alagar 376 km² de floresta em uma região classificada por especialistas como de biodiversidade excepcional até para padrões amazônicos. “A aposta em novas hidrelétricas na Amazônia tem causado enorme destruição e se mostrado um erro desastroso para o país e para o mundo”, afirma Danicley de Aguiar, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.
Empresas internacionais de olho na Amazônia – Hoje ativistas do Greenpeace na Alemanha estiveram na sede da Siemens em Munique durante a reunião anual da empresa para informar os executivos e trabalhadores a respeito dos potenciais problemas envolvidos na construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. A Siemens é uma das empresas que poderá participar do projeto fornecendo tecnologia para a geração e transmissão de energia. Associada à Voith Hydro a empresa já esteve envolvida em outros projetos danosos, como o de Belo Monte, marcado por violações aos direitos humanos e cercado por escândalos de corrupção. “A Siemens está próxima a se envolver em um novo projeto que vai causar ainda mais destruição no coração da Amazônia. Em vez de contribuir com isso, tanto ela como as outras empresas interessadas deveriam ajudar o Brasil a desenvolver um futuro de energia verdadeiramente limpa”, afirma Aguiar. “Já o governo brasileiro deve cancelar seus planos para novas hidrelétricas na Amazônia e investir nas energias verdadeiramente limpas”, completa ele.
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