Segunda-feira | 25 de fevereiro, 2019 | 20h12

 

Professor do Grupo de Investigação em Saúde das Populações, Políticas e Serviços do Global Health and Tropical Medicine, Luís Lapão traz ao Brasil o que há de mais importante no mundo revolucionando os cuidados aos pacientes e à gestão.

Em abril de 2019, São Paulo será a capital mundial da tecnologia em medicina e saúde. Dos dias 3 a 6 o Transamerica Expo Center sediará o Global Summit Telemedicine & Digital Health, evento promovido pela Associação Paulista de Medicina (APM) que já é considerado por especialistas o mais abrangente e importante do setor em toda a América Latina.

Um momento extremamente aguardado do Global Summit é a conferência de Luís Velez Lapão, professor em Saúde Internacional e Transformação Digital da Saúde, membro do Grupo de Investigação em Saúde das Populações, Políticas e Serviços do Global Health and Tropical Medicine, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa.

 

Foto: Global Summit Telemedicine & Digital Health / divulgação. Arte: aloart

 

Membro da Comissão Europeia para os Sistemas de Informação em Saúde desde 2005, autor de mais de 120 artigos e de oito livros, o mais recente Internet and Health in Brazil: Trends and Challenges, Lapão sustenta que a saúde digital é o futuro de absolutamente todos os serviços de saúde.

“O desafio está na organização e nos novos profissionais de saúde na era digital. Está em potenciar a tecnologia para que ajude os recursos humanos a cuidar melhor seus pacientes”, afirma. “O verdadeiro desafio, enfim, está nas pessoas”.

A conferência de Luís Velez Lapão abordará otema Digital Transformation of Healthcare - Leading Innovation Through People. Ele participará ainda do painel Seriously Implementing eHealth/Telemedicine Services: Considering Management, Health professionals and patients roles’.

Em sua aula magna, trará ao debate as novas formas de trabalho e de interação com os doentes, as transformações nos modelos de cuidados, além daquele que considera preponderante para que a cadeia funcione adequadamente: o fator homem.

“Precisamos de liderança, pois mudar processos não é fácil e integrar tecnologia na saúde também não é nada fácil. Este tem sido o equívoco dos últimos anos”.

Já no painel Seriously Implementing eHealth/Telemedicine Services: Considering Management, Health professionals and patients roles’, Lapão reforçará a relevância dos processos profissionais de implementação da tecnologia, envolvendo os usuários e os profissionais de saúde. Em foco, estarão os desafios da performance e da sustentabilidade.

“As tecnologias são essenciais para ajudar a mudar o paradigma da centralidade do usuário e para promover a cobertura universal. Elas permitem a integração de cuidados e acesso 24 horas, mas só trazem os resultados esperados com as pessoas. Precisamos de definir quais os serviços de saúde queremos, quais indicadores validaremos, como atender os usuários com eficácia? Precisamos de saber escolher a tecnologia, pois há várias descartáveis”.

As novas soluções estão revolucionando os processos em saúde, tornando-os mais ágeis e mais eficientes, garante o professor em Saúde Internacional e Transformação Digital da Saúde. Quando bem integradas, permitirão potencializar os recursos humanos de saúde e os seus conhecimentos ao mesmo tempo. E quais seriam os benefícios mais evidentes?

“Todos ou nenhum. Depende de como utilizamos e integramos as tecnologias. Os sensores que temos nos smartphones são meras brincadeiras se não integrados em um processo clínico. Se dei seis ou outo mil passos e não soube incorporá-lo aos sistemas de saúde, o resultado é nulo em termos de qualificação da assistência”.

O potencial das soluções digitais na saúde é inegável. Há vários exemplos de sucesso no planeta. Lapão cita a Telemedicina no norte da Noruega que permite apoiar a realização de teledialise; a Telecardiologia Pediátrica em Portugal liga-se também a Cabo Verde e Angola.

Aliás, já são comuns as teleconsultas em algumas redes hospitalares dos Estados Unidos da América. Na Alemanha, há serviços de apoio a doentes cardíacos, para evitar reeiternação em hospitais.

“A despeito do uso abusivo, e pouco seguro, as soluções tipo WhatsApp, quando trabalhadas com responsabilidade, apoiam a organização dos serviços. Há também um conjunto de serviços para monitorização de doentes em casa. Na minha terra, Portugal, foi aprovada um mês atrás a utilização da telemedicina para acompanhar doentes no pós-alta. Isto irá reduzir custos e evitar infecções hospitalares. Mas foi preciso um ano de testes para garantir que o sistema funciona”.

No caso do Brasil, ele aponta o exemplo do Amazonas, já servido por alguns processos de telemedicina.

“Um médico de uma região remota pode agora trabalhar com apoio de especialistas de um hospital de Manaus. Por si só a tecnologia não faz milagres. Precisamos de gestores conscientes e lideranças que impulsionem as equipes. Os robôs estão longe de ser úteis na saúde, precisam evoluir mais. Quanto aos hospitais, são hoje as organizações com mais tecnologia avançada. Elas ajudam em diagnóstico diferenciado e com maior rapidez e precisão. As tecnologias podem auxiliar cada vez mais na monitorização dos doentes e em cirurgias. Por isso presisamos de quadros de excelência na gestão digital para respaldar o trabalho dos profissionais e contribuir positivamente para os cuidados aos pacientes”.

Fonte: ASCOM / APM

Foto: ASCOM / APM / divulgação

Luís Velez Lapão, professor em Saúde Internacional e Transformação Digital da Saúde. Universidade Nova de Lisboa.

Acesse a nova página especial sobre Telemedicina e Saúde Digital. Ilustração: aloart / sobrefotos

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