Quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016 às 20h18


Pesquisadores coletam amostras de água e animais.

Instituto Chico Mendes | ICMBio | por João Freire

Arquipélago de Abrolhos, BA (01/02/2016) – Mais uma etapa da expedição científica coordenada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foi concluída no sábado passado (30). A bordo do navio “Soloncy Moura”, a expedição saiu de Vitória, no dia 26, fez atividades próximo à foz do rio Doce (ES) e seguiu para o Parque Nacional Marinho de Abrolhos (BA), unidade de conservação federal administrada pelo ICMBio.

 

Pesquisadores em Abrolhos: resultados das pesquisas podem explicar melhor sobre como a fauna marinha predominante no arquipélago está se comportando, depois que foram descobertos indícios de resíduos do lamaçal da Samarco. Foto: ICMBio

Pesquisadores em Abrolhos: resultados das pesquisas podem explicar melhor sobre como a fauna marinha predominante no arquipélago está se comportando, depois que foram descobertos indícios de resíduos do lamaçal da Samarco. Foto: ICMBio

 

Durante dez dias, os pesquisadores estão percorrendo o litoral (do sul do Espírito Santo ao sul da Bahia) e visitando unidades de conservação da região: Reserva Biológica de Comboios, Área de Proteção Ambiental Costa das Algas, Refúgio de Vida Silvestre de Santa Cruz, Reserva Extrativista Cassurubá e a Área de Proteção Ambiental Ponta da Baleia.

“Estamos coletando amostras de água, sedimentos, peixes, crustáceos, invertebrados e micro-organismos para analisar as condições da água e da vida marinha na região, especialmente nas áreas próximas à foz do rio Doce e em Abrolhos”, explica o analista do ICMBio, Nilamon de Oliveira Leite Jr., que coordena a expedição formada por biólogos e oceanógrafos do ICMBio (Cepsul e Tamar), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

“Vamos fazer um diagnóstico completo da biodiversidade, avaliar se a lama de Mariana está na região e se houve impactos negativos”, explica Nilamon. A barragem de rejeitos da mineradora Samarco (em Mariana, MG) rompeu em novembro passado, causando o maior acidente ambiental da história do país. A lama atingiu primeiro o rio Doce e depois chegou ao oceano onde continua causando danos.

Após o término das análises, os pesquisadores vão elaborar um relatório da expedição. “As conclusões vão subsidiar futuros programas de monitoramento na região afetada, e orientar medidas mitigadoras dos impactos que forem identificados”, afirma a coordenadora do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (Cepsul/ICMBio), Roberta Aguiar dos Santos.

Importância ecológica

O arquipélago de Abrolhos é formado por cinco pequenas ilhas vulcânicas: Redonda, Siriba, Sueste, Guarita e Santa Bárbara, esta última sob jurisdição da Marinha do Brasil. Lá se registra a maior concentração de vida marinha do Atlântico Sul e a maior formação de recifes de corais, que serve de abrigo para muitas espécies de peixes e invertebrados marinhos.

Administrado pelo ICMBio, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos garante proteção para as ilhas e para os animais. Apesar do bom estado de conservação, há várias espécies ameaçadas de extinção, por causa da ação humana. Entre eles, o coral-cérebro (só encontrado em Abrolhos) e peixes, como budião, garoupa e vermelho.

Abrolhos é a principal área de reprodução das baleias-jubartes e é frequentada por várias espécies de aves e tartarugas marinhas. “O Parque é uma área úmida de relevância internacional [sítio Ramsar], por causa da importância para espécies migratórias que utilizam esta área para alimentação e reprodução”, destaca Fernando Repinaldo, chefe substituto do Parque Nacional Marinho de Abrolhos. “O Parque está aberto para visitação o ano todo. O contato com a vida selvagem proporciona um entendimento melhor sobre a importância da conservação da natureza”, conclui Repinaldo.

Matéria especial sobre o Arquipélago de Abrolhos. Assista vídeos, saiba como visitar o arquipélago, com dicas dos próprios organizadores. Entenda como a lama tóxica da Samarco pode afetar a vida marinha e as pesquisas que estão sendo feitas no maior santuário marinho do Brasil.

[huge_it_gallery id="78"]
wwf chico bento dest

Chico Bento é o embaixador da proteção das nascentes do Pantanal

Leia mais sobre
BIODIVERSIDADE

 

Campanha da CI, “A Natureza Está Falando”, ganha voz de brasileiros. Assista os vídeos espetaculares.

Campanha da CI, “A Natureza Está Falando”, ganha voz de brasileiros. Assista o vídeo espetacular.

Leia mais sobre
NATUREZA | ECOLOGIA

 

Apesar dos avanços tecnológicos, a atividade humana está desafiando os limites seguros de nossos sistemas naturais. Foto: ONU/Martine Perret

Apesar dos avanços tecnológicos, a atividade humana está desafiando os limites seguros de nossos sistemas naturais. Foto: ONU/Martine Perret

Leia mais sobre
MEIO AMBIENTE

 

Leia as últimas publicações