Segunda-feira | 11 de fevereiro, 2019 | 19h16


A SIAA – Soluções Integradas em Ambientes Aquáticos – foi criada em 2014 pelo oceanógrafo Felipe Murai Chagas para prestar serviços na área de consultoria. Um ano depois, a empresa submeteu, com sucesso, proposta à fase 1 do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP para testar a viabilidade de projeto de desenvolvimento de um sistema computacional de monitoramento e previsão ambiental em áreas marítimas, utilizando modelos numéricos e inteligência artificial.

Agência Fapesp | Suzel Tunes | Pesquisa para Inovação

Entre 2016 e 2018, a SIAA também contou com o apoio do Programa PIPE-PAPPE Subvenção – constituído por meio de acordo entre a FAPESP e a Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep) – para levar o protótipo ao mercado. “Desenvolvemos o MPV [produto mínimo viável] e, atualmente, estamos realizando a implantação para clientes selecionados, visando a customização do sistema para demandas específicas”, diz o fundador da empresa.

 

Sistema roda modelos com base em diversas fontes, incluindo agências de pesquisa como a NOAA e o Programa Europeu de Observação da Terra, além de empresas de meteorologia. Foto: Porto de Santos / Claus Bunk / Wikimedia Commons

 

O Sistema Integrado de Previsão e Segurança (SIPS) é um módulo do sistema que permite, por exemplo, fazer a previsão das condições de aproximação e amarração dos navios no porto por meio da análise das “forçantes ambientais” – que inclui ondas, marés, ventos, correntes e ressacas.

O objetivo é tornar o setor marítimo brasileiro mais seguro e eficiente. “O SIPS fornece alertas específicos para operações marítimas, podendo ser utilizado para gestão de entrada e saída de embarcações, riscos de inundação em área costeira, agitação por ondas e ventos em marinas, dentre outros.”

A ferramenta fornece resultados numa interface web, on-line 24 horas por dia, permitindo ao cliente incorporar esses alertas para manejar operações diárias, aumentar a eficiência, rentabilidade, segurança e padronizar as operações, explica Chagas. “Muitos navios, que poderiam estar atracados, aumentando a eficiência do porto, não o fazem porque os modelos utilizados não dão segurança para um planejamento adequado”, diz ele.

Segundo o oceanógrafo, atualmente a maioria dos gestores orienta a entrada de embarcações com base em sua própria experiência e em previsões meteorológicas para grandes extensões de área, o que resulta em menor precisão.

Para obter dados locais, a SIAA roda modelos com base em diversas fontes, incluindo agências de pesquisa internacionais como a NOAA ( National Oceanic and Atmospheric Administration), dos Estados Unidos, o Copernicus (Programa Europeu de Observação da Terra), além de empresas de meteorologia. “Conectamos negócios, pessoas e previsão e, para isso, precisamos combinar dados mundialmente estabelecidos com tecnologias locais”, diz Chagas.

O sistema desenvolvido pela SIAA pode ser utilizado tanto por terminais portuários, quanto por empresas de navegação, marinas e, até mesmo, pela Defesa Civil de municípios costeiros. Conforme o uso a que se destina, a ferramenta pode agregar diferentes funcionalidades. “O sistema pode, por exemplo, fazer o cálculo da movimentação de navios sob diferentes condições ambientais, avaliando o risco de a embarcação adernar ou tocar o fundo do mar”, exemplifica o pesquisador. A criação de um banco de dados específico para cada cliente permite a customização da ferramenta.

A tecnologia será oferecida como serviço, com a cobrança de uma mensalidade. Chagas aposta no aumento da eficiência para atrair seus clientes. “As operações marítimas em geral são caras e movimentam bilhões de reais anualmente. Com maior produtividade, um ano de utilização do serviço pode equivaler ao pagamento de um mês”, calcula.

Outro argumento para a venda é a possibilidade de utilização do sistema para a comprovação de requisitos de segurança, necessários à conquista de certificações ambientais portuárias que melhoram a imagem dos portos no mercado externo, atraindo mais negócios. “Cada certificado tem suas próprias exigências, mas todos atestam que um porto ou instalação náutica preocupa-se com o meio ambiente em relação à poluição, emissões de gases, derrames de óleo etc.”

Segundo o oceanógrafo, o sistema contribui principalmente para a redução do risco de acidentes próximos à costa. “Um acidente, principalmente no setor de óleo e gás, pode causar impactos severos para o meio ambiente, caso haja derramamentos. São prejudicados os organismos marinhos, as comunidades pesqueiras e tradicionais que tiram o sustento do mar, além do risco à vida dos trabalhadores. Com a adoção do sistema, o risco de acidentes pode ser consideravelmente reduzido, já que antecipa informações de eventos extremos que trazem insegurança às atividades costeiras.”

SP Pesquisa: Em busca da Energia Escura. Imagem: reprodução / UNIVESP TV

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