Segunda-feira | 4 de novembro, 2019 | 17h58


Equipamentos e fotografias da história da metalografia no Brasil são resguardados em laboratório do IPT.

 

As câmeras mais antigas do IPT foram adquiridas por volta da década de 1920. Foto: IPT

 

Como era possível, há mais de 100 anos, descobrir por que um trilho de trem repentinamente sofria uma rachadura ou como uma engrenagem se desgastava? A resposta para essas duas perguntas está na Metalografia, ramo da ciência que estuda a morfologia e a estrutura dos metais no qual o Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) foi um dos pioneiros na América Latina.

Na Metalografia, análises microscópicas ou macroscópicas de amostras tornam possível determinar as características particulares dos materiais metálicos, assim como as causas de possíveis desgastes prematuros, fraturas e outros tipos de problemas.

 

Exemplo de macrografia de um trilho do trem. Foto: IPT

 

Na década de 1920, os trens eram um dos principais meios de transporte de pessoas e de carga no Brasil. Apenas no início do século XX, foram construídos mais de cinco mil quilômetros de linhas férreas no País. E foi então que, graças à alta demanda de ensaios ligados a ferrovias e com o engenheiro Hubertus Colpaert assumindo a chefia do Laboratório de Metalografia do Instituto em 1928, os estudos avançaram.

O atual Laboratório de Corrosão e Proteção do IPT é um dos frutos desse trabalho e tem suas origens ligadas ao antigo Laboratório de Metalografia. O pesquisador Hamilton Lelis Ito conta um pouco dessa história: “Em 1959 foi publicado o livro ‘Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns’, escrito por Colpaert, que, salvo alguns termos e técnicas metalográficas mais modernos, mantém-se uma referência na área por seu valor didático e pela quantidade e variedade de macro e micrografias de microestruturas feitas com os equipamentos do IPT”.

Equipamentos históricos

A maioria dos aparatos citados por Lelis Ito, assim como as macro e micrografias, foram preservados e estão atualmente em exposição no laboratório. O banco metalográfico tipo Le Chatelier, adquirido em 1910, é um bom exemplo. O equipamento era utilizado principalmente para análises microscópicas e possuía duas câmeras, produzindo fotografias como a aquela vista mais acima e esta abaixo.

 

Banco metalográfico tipo Le Chatelier adquirido pelo IPT em 1910. Foto: IPT

 

Além da microscopia, a macroscopia também era utilizada pelos pesquisadores do Instituto. Uma das câmeras empregadas nas análises de metais também pode ser vista no laboratório. Na macrografia as superfícies estudadas são polidas e atacadas com reagentes químicos; dessa maneira, é possível realizar observações a olho nu e ter uma ideia da homogeneidade do material e possíveis falhas.

 

Uma das balanças utilizadas no Instituto para pesar os reagentes e revelar fotografias. Foto: IPT

 

As câmeras mais antigas do IPT, adquiridas por volta da década de 1920, tinham espaço apenas para um filme, feito de vidro, que deveria ser posteriormente revelado. Ou seja, as impressões da luz gravadas no material precisavam passar por um tratamento, com diversos compostos químicos, para a imagem se tornar visível.

 

As câmeras mais antigas tinham espaço para apenas um filme, feito de vidro como o da foto. Foto: IPT

 

Os compostos precisavam ser aplicados em quantidades precisas; caso contrário, o filme poderia estragar e a imagem seria perdida. Uma das balanças utilizadas no Instituto para pesar os reagentes e garantir que as fotografias de objetos de estudo e trabalho fossem devidamente registradas e conservadas também está preservada no laboratório.

Fonte: IPT

Planta medicinal impulsiona desenvolvimento de dermocosmético nanotecnológico. Imagem: Reprodução / IPT

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