Segunda-feira | 7 de outubro, 2013 | 17h53 – atualizado em 4 de fevereiro, 2019
A origem do Jiu Jitsu é difícil definir, mas começa muito antes da Era Moderna.
Primeira Parte
OS GRANDES MESTRES PIONEIROS.
Gerson Soares
A Arte Suave ou Jiu Jitsu, possui uma longa história desde o seu surgimento. O Jujutsu, tal como seria a pronuncia japonesa, ganhou um novo sotaque e se transformou em Jiu Jitsu (arte marcial desenvolvida por camponeses). A história da Arte Suave, tradução do termo japonês, pode ser vista através de sua história desde a introdução aos pensamentos zen budistas levados por Bodhidharma da Índia aos artistas marciais de outros países asiáticos como China e Japão, assim como nas lutas desenvolvidas por camponeses e nativos japoneses.
A história mais difundida sobre a origem do Jiu Jitsu e parte dos princípios das artes marciais, é que seus fundamentos surgiram no antigo continente onde hoje se localiza a Índia e desde então foram difundidos através de monges budistas por toda a Ásia. Encontramos pensamentos budistas na filosofia de praticamente de todas as artes marciais assim como no Jiu Jitsu, que seguem critérios filosóficos orientais sobre sutileza e força, como é descrito no texto de Allan Watts na analogia que Lao-tzu faz sobre a força da água – e a de artes como o Judô e Jiu Jitsu –, que ele descreve como a mais frágil na natureza e ao mesmo tempo um de seus mais fortes elementos.
O Jiu Jitsu baseou-se em pensamentos filosóficos, na meditação e em exercícios indianos no seu desenvolvimento, contudo é errôneo creditar todo desenvolvimento das artes marciais asiáticas unicamente aos indianos e chineses, pois segundo Donn Draeger, especialista em artes marciais é como creditar o inventor da roda pelo desenvolvimento dos carros modernos. Existe uma contribuição, mas ela não define a criação de todas as artes marciais.
Há registros também de artes marciais criadas por camponeses japoneses com o intuito de se defenderem em uma época de guerra, onde invasões de vilarejos e abuso de oficiais eram freqüentes e como o custo de armas e armaduras era extremamente alto, as classes mais baixas desenvolveram sistemas de auto-defesa, a fim de que o lutador precisasse somente do próprio corpo e de sua força para se defender. O uso de armas era mínimo, e essas armas eram criadas a partir de instrumentos de trabalho e da lavoura, como o Sai, uma arma que lembra um garfo de três dentes que era usado na lavoura para plantar sementes.
O combate desarmado também pode ser visto em lutas livres de alguns povos japoneses. No entanto o Jujutsu é considerado a arte marcial base para diversos outros estilos de luta japonesas como Judô e Aikido. O Jujutsu é considerado uma arte tão eficaz que foi usado como arma de guerra pelos nipônicos e proibido de ser ensinado para não japoneses, sendo punido como crime contra a pátria – cuja pena era a morte para quem desobedecesse a lei. É também um dos fundamentos do pensamento ético para um guerreiro ou Bushido (o caminho do guerreiro).
Com o passar do tempo o Jujutsu absorveu a filosofia religiosa budista difundida na Ásia, se tornou mais estratégico, numa época onde as batalhas dependiam muito mais do desenvolvimento de táticas de guerra do que de grandes infantarias.
Durante o Período Edo (Yedo ou Yeddo, também conhecido como Período Tokugawa), que percorre os anos de 1603 até 1868, os duelos até a morte passam a ser proibidos. Assim, as técnicas tornam-se menos letais, com o intuito apenas de imobilizar e desarmar o adversário. Com o inicio do Período Meiji ou Período de Restauração, que vai de 1868 a 1912, o imperador promove mudanças e entre elas a cultura japonesa recebe mais influências ocidentais, necessárias para o desenvolvimento do país, através da abertura para o comércio, entre outros fatores. O filme “O Último Samurai”, representa bem o conflito que ocorre nesse período. As artes marciais, então, já tomavam um rumo mais didático.