A PUCRS e IHGRGS fizeram uma parceria para homenagear o brasileiro que para alguns historiadores pode ter sido injustiçado ao ser atribuída a outro cientista a primeira transmissão de ondas de rádio sem fio.
No dia 21 de setembro, o professor Edison Hüttner, estava feliz com a visita de Lúcia Maria Landell de Moura, 77 anos. Seu bisavô, o médico Ignacio Landell de Moura, era irmão mais velho do padre e cientista gaúcho Roberto Landell de Moura (1861-1928), conhecido internacionalmente por ter feito a primeira transmissão sem fio com equipamentos distantes 8 quilômetros um do outro, há 130 anos, e por isso considerado pioneiro da radiofonia.
Exposição
O Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, inaugurou no dia 12 a exposição “Landell de Moura: 100 Anos de História do Rádio” que permanecerá até o mês de novembro. A iniciativa e a curadoria é de Edison Hüttner, professor do Programa de Pós-Graduação em História da própria instituição de ensino. O evento foi desenvolvido a partir de uma parceria entre a Escola de Humanidades, Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS e o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS) – que abriga os objetos expostos e os cedeu por empréstimo para serem exibidos ao público –, com auxílio na curadoria de Thais Nunes Feijó, efetiva do instituto.
Padre Landell de Moura
No bairro Jardim Anália Franco, na capital paulista, a Rua Padre Landell de Moura homenageia o cientista natural de Porto Alegre que comprovou seu experimento em São Paulo. Reconhecido por sua contribuição às telecomunicações, assim como descobertas e invenções avançadas, além de análise sobre psicologia, educação e religião. Estudou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro e na Itália, onde se graduou em Teologia e foi ordenado sacerdote em 1886. Durante sua estadia em Roma, lançou as bases de pesquisas que culminaram na revolucionária transmissão à distância e sem cabos, posteriormente reconhecida como a essência da radiodifusão.
Nascido na Era dos gênios
Contemporâneo de Alexander Graham Bell (Inglaterra-EUA), Heinrich Rudolf Hertz (Alemanha), Guglielmo Marconi (Itália) e Nikola Tesla (Sérvia), Landell de Moura demonstrou os primeiros sinais da genialidade na adolescência: com apenas 16 anos, afirmava em manuscritos ter inventado um aparelho telefônico semelhante ao de Graham Bell.
Controvérsia
Uma das principais controvérsias envolvendo o padre porto-alegrense, aliás, é sua atribuição como a primeira pessoa a realizar uma transmissão radiotelegráfica. Isso teria ocorrido anos antes do italiano Guglielmo Marconi criar o primeiro sistema de telegrafia sem fio, em 1896, mas um consenso histórico e científico mundial continua a favorecer o italiano, vencedor do prêmio Nobel de física em 1909.
Patentes
Uma coisa, porém, é dada como certa: em 1890, Landell de Moura foi o primeiro a demonstrar publicamente uma transmissão de voz por meio de ondas de rádio, durante viagem a São Paulo. Um ano depois, patenteou o seu telefone sem fio no Brasil e depois nos Estados Unidos, onde também registrou um telégrafo sem fio.
Com informações do professor Edison Hüttner / Jornal “O Sul” da Rede Pampa / Textos do jornalista Hamilton Almeida, biógrafo do padre Landell de Moura / Wikipedia
Destaque – Foto: Padre Landell de Moura: Acervo/IHGRS. Fundo: Um dos desenhos do Wave transmitter – dentro da patente, com marca d’água: a) PARCHMENT (trad. Pergaminho) e ano1904 (Centro da folha) b) CRANE & CO. (Empresa). Imagem: aloart
Publicação:
Domingo | 7 de outubro, 2023