Com o legado da Operação Lava Jato e o Brasil em destaque, a reportagem chama atenção ao aumento dessa prática na América Latina (AL). País caiu dez posições no índice anual da Transparency International.


Em dezembro de 2015, quando a Operação Lava Jato ainda não havia tomado as proporções inesperadas que viria ter, o sistema corrupto já era analisado (saiba mais). Antes, em 2014, as manifestações contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, diante da situação da corrupção e a pobreza, levou uma imensa massa popular às ruas por todo o país. “Do tanto que já se falou sobre os descalabros financeiros, burocráticos e descaminhos que envolvem a política brasileira, o chamado Petrolão – desencadeado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal – é a ponta de um imenso iceberg que envolve o país,” publicamos. Esse escândalo de corrupção foi precedido pelo Mensalão; o Brasil perdeu de 7 x 1 para Alemanha, em uma partida ‘inexplicável’, até hoje; seguindo-se a esses fatos, viriam os desdobramentos de corrupção por parte de construtoras e outros mais.

Repercussão internacional

Nesta semana, a revista The Economist – uma das mais lidas e respeitáveis publicações mundiais –, publicou um levantamento sobre o tema, As Américas | O legado da Lava Jato, com o título “A corrupção está aumentando na América Latina”, e começa afirmando que “a culpa é do retrocesso político de um período de intensas campanhas anticorrupção”. De acordo com a reportagem, o Brasil caiu dez posições num índice anual de corrupção percebida, divulgado pela Transparency International, em janeiro deste ano. A Transparência Internacional é um movimento global que trabalha em mais de 100 países para acabar com a injustiça da corrupção.

Multas suspensas

Conforme a The Economist publicou no dia 07 de março, “em 31 de Janeiro, José Dias Toffoli, juiz do Supremo Tribunal do Brasil, suspendeu o pagamento de uma multa de 2,6 bilhões de dólares pela Novonor, uma empresa de construção mais conhecida pelo seu antigo nome, Odebrecht. No mês anterior, ele havia suspendido outra multa aplicada à J&F, dona do maior frigorífico do mundo, a JBS. As empresas concordaram com as multas como parte de acordos de leniência nos quais seus executivos admitiram ter subornado autoridades brasileiras. Toffoli decidiu que havia dúvidas razoáveis sobre se os acordos foram assinados voluntariamente e argumentou que o juiz que administrou as multas pode ter conspirado com os promotores.”

Lucro

A reportagem repercutiu na mídia brasileira e a revista Crusóe destacou: “O crime compensou para a Odebrecht”. A referência parte do princípio de que houve lucro com a corrupção nos seguintes países: Angola, Argentina, Brasil, Colombia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela. “Nas contas expostas pela Economist, foram impostos um total de 2,6 bilhões de dólares em multas à empreiteira no Brasil, Estados Unidos e Suíça, mas, de 2001 a 2016, a empresa lucrou 3,33 bilhões de dólares como fruto das propinas pagas,” examinou. Subtraindo o valor das multas, matematicamente restaram 730 milhões de dólares de lucro, mas esse valor pode alcançar 788 milhões de dólares de acordo com a Crusóe.

Lava Jato

“As multas ocorreram após uma série de investigações de corrupção no Brasil, a mais famosa delas, conhecida como Lava Jato, iniciada há dez anos neste mês. Fez parte de uma onda de atividades anticorrupção que varreu a América Latina na década de 2010. Mas as decisões de Toffoli correspondem a um novo agravamento da percepção da corrupção em toda a região,” repercutiu a revista britânica The Economist, ao mundo.


Destaque – Imagem: aloart


Publicação:
Sábado | 9 de março, 2024