Diretor de programa da ONU vencedor do Nobel, lança livro infantojuvenil sobre o valor da coletividade. Inspiração veio através da filosofia africana para propor um mundo mais solidário.


“Vivemos um momento em que as pessoas estão cada vez mais egocêntricas, solitárias e tristes. Ao meu ver, a solução é voltarmos a pensar no coletivo”. Essa é a mensagem que o escritor Daniel Balaban quer passar aos leitores em seu novo livro: “Ubuntu, Ubun… ele, Ubun… nós!”, lançado pela Colli Books Editora no dia 13 de março, na Livraria Leitura Conjunto Nacional, em Brasília. As ilustrações cativantes são do renomado artista André Cirino.

Filosofia ancestral africana

Ubuntu é uma filosofia dos antepassados africanos que significa “eu sou porque nós somos.” Daniel, que é diretor do Programa Mundial de Alimentos da ONU no Brasil, organização vencedora do Nobel da Paz, buscou inspiração para o livro em uma viagem à África. Os personagens, as crianças Laurinha e Ayo, refletem sobre os problemas do mundo, como fome, guerras e tantas outras injustiças, trazendo mensagens e aprendizados no decorrer da história.

Para o autor, o mundo está num caminho perigoso e as novas gerações têm um papel fundamental para resgatar a verdadeira essência da vida em sociedade.

Regatando a importância do coletivo

“Quando crianças, brincamos juntos, independente de raça, credo ou posição social. Quando a criança passa a receber a influência da sociedade ela começa a se afastar e ganha contornos cada vez mais individualistas. Ouvem cotidianamente: Você não é igual aos outros, você tem que ser o melhor, a vida não é fácil, você tem que vencer. Esses mantras começam a fazer parte do dia a dia das crianças e aí começa o desafio. Criamos novos gladiadores ao invés de criarmos seres humanos para amar e respeitar o próximo, se ajudar, trabalhar em conjunto, trabalhar em sociedade, visando o bem comum”, aponta.

Daniel acredita que a disseminação da filosofia Ubuntu pode resgatar a ideia da importância do coletivo, de que “o bem estar do próximo é importante para o meu bem estar”.

Gastos com guerras enquanto milhares morrem de fome

O livro também aborda uma questão que o autor enfrenta na vida real, como diretor da ONU: a incoerência das nações priorizarem gastos com guerras, enquanto milhares de pessoas morrem de fome em todo o planeta. “Destinamos trilhões para matarmos e destruir uns aos outros e não temos recursos para alimentar nossos semelhantes que estão passando fome? Ainda há tempo para mudarmos esse quadro”, conclama.

Otimista, Balaban espera que o livro incentive o amor, a paz e a fraternidade.

“Eu tenho certeza absoluta de que o planeta está convergindo para esse momento em que precisaremos de união e trabalho conjunto para vivermos em uma sociedade mais harmônica e sem extremos. Sinto que, apesar das muitas guerras e conflitos que ainda persistem, é crescente o número de pessoas despertando para essa nova realidade original: do amor e respeito ao próximo. Foi com esse intuito que fomos criados e é com essa vibração que vamos evoluir”, reflete.


Destaque – Imagem: Colli Editora / Divulgação / +aloart


Publicação:
Sábado | 30 de março, 2024