Com destaque para o Pavilhão Mourisco, o conjunto histórico singular da instituição, localizada em Manguinhos, zona norte do Rio de Janeiro, é candidato a Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A instituição passou a integrar a lista indicativa de locais que podem se tornar Patrimônio Mundial Cultural, Natural e Misto.


Além da Fiocruz, passou a integrar a Lista Indicativa da Unesco a Chapada do Araripe, que abrange áreas dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. No local há bens que remontam a 180 milhões de anos, abrigando a memória de formação geológica da terra e registros arqueológicos da presença humana do passado. Os dois bens culturais precisarão permanecer por um ano na lista para qualquer formalização de candidatura oficial ao Centro do Patrimônio Mundial da Unesco.

“A candidatura ainda não significa o reconhecimento como Patrimônio Mundial, mas os bens que já foram reconhecidos partiram dessa lista indicativa. Esses dois bens podem se juntar aos outros sítios do Brasil já reconhecidos como Patrimônio Mundial”, ressalta o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass.

 

Inscrição do conjunto histórico de Manguinhos é um ineditismo na lista da Unesco. Foto: Jeferson Mendonça

 

Pavilhão Mourisco

Exemplar na apropriação da linguagem do ecletismo arquitetônico e das mais modernas tecnologias construtivas do início do século 20, o conjunto histórico da Fiocruz em Manguinhos, na zona norte do Rio, é testemunho da institucionalização da ciência na América Latina. Criado com o objetivo inicial de produzir soros e vacinas para combater as epidemias da época, o instituto dirigido por Oswaldo Cruz representou um tipo de organização científica original, baseado na confluência da medicina tropical com a microbiologia.

As primeiras gerações de cientistas da instituição, que até hoje tem o Pavilhão Mourisco como seu maior símbolo, empreenderam viagens ao interior do Brasil nas primeiras décadas do século 20, que representaram um marco para a pesquisa científica e para o conhecimento do país, associando o ideal civilizatório da época à proposta de integração dos sertões. Os impactos da sua atuação no campo da saúde foram sentidos para além das fronteiras brasileiras, na América Latina, e reconhecidos por instituições congêneres na Europa e nos Estados Unidos, com quem manteve profícuo intercâmbio científico.

 

Conjunto histórico da Fiocruz constitui um exemplar na apropriação da linguagem do ecletismo arquitetônico e uma das mais modernas tecnologias construtivas do início do século 20. Foto: Acervo COC/Fiocruz

 

Conjunto histórico de Manguinhos: pesquisa, preservação e valorização

O conjunto histórico de Manguinhos atende a todos os requisitos de autenticidade, integridade e gestão. Além disso, existe vasto material de pesquisa sobre o conjunto histórico produzido por pesquisadores da Fiocruz e de outras instituições. Até hoje, a Fiocruz realiza iniciativas contínuas que visam a preservação e a valorização do seu vasto e diversificado patrimônio cultural, que, além dos edifícios e espaços históricos, inclui objetos, fotografias e outros documentos produzidos nos seus primeiros anos de atividade.

“A partir de fevereiro de 2025, poderemos oficializar a candidatura dos bens culturais. Vamos organizar um material para avaliação de especialistas que operam junto à Unesco”, explica a assessora internacional do Patrimônio Material do Iphan, Candice Ballester.


Fonte: Agência Fiocruz


Destaque – Imagem: Agência Fiocruz / + aloart


Publicação:
Sexta-feira | 22 de março, 2024