Cela onde Nelson Mandela permaneceu preso durante 27 anos, em Robben Island, África do Sul. Foto: Wikipedia / Helen

Frederik de Klerk e Nelson Mandela apertam as mãos na Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, em janeiro de 1992. – Copyright World Economic Forum

Estátua de Mandela com o punho direito erguido. Após 27 anos de prisão, seus primeiros passos para a liberdade estão eternizados por este monumento, em frente à entrada (ou saída) do Drakenstein Correctional Centre, onde foi aprisionado. Foto: Wikipedia

Sexta-feira, 18 de julho de 2014 às 11h09 – Atualizado às 18h23

Gerson Soares

Nascido em 18 de julho de 1918, numa pequena vila chamada Mvezo, no Translei, África do Sul, viveu sua infância em Qunu. Nesse lugar construiu uma casa quando saiu da prisão, hoje transformada em museu. Morou em Mqhekezweni, Engcobo e Fort Beaufort, onde concluiu os estudos secundários. Em 1939, com o seu primeiro terno, mandado fazer pelo rei Jojintaba, Mandela ingressou na faculdade de Direito em Fort Hare – fundada em 1916, foi a primeira universidade da África do Sul a ministrar cursos para negros. Dirigida pelo escocês Alexander Kerr, tinha apenas 150 alunos. O intuito de preparar futuros chefes tribais, acabou se tornando uma incubadora de líderes revolucionários. O uso de terno era obrigatório.

Durante seu julgamento em 1962, desafiando o governo a enforcá-lo, o advogado Nelson Mandela falou por quatro horas e concluiu em sua defesa durante seu julgamento: “Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”. Em 1964 foi condenado à pena de prisão perpétua.

Por sua imensa habilidade e força de vontade para superar tantas injustiças cometidas contra si a despeito de seus ideais, e ainda assim contagiar o mundo com sua indiscutível liderança foi agraciado com o prêmio Nobel da Paz em 1993, três anos depois de ser libertado da prisão aos 72 anos.

O prêmio foi partilhado com Frederik De Klerk, responsável por encerrar o regime de apartheid, contra o qual Mandela lutou e permaneceu preso por 27 anos. De Klerk pôs um fim à segregação racial na África do Sul, levando o país à Democracia, permitindo à maioria negra direitos civis iguais aos dos brancos e todas as raças. Seu ato mais notável foi a libertação de Mandela no dia 11 de fevereiro de 1990.

Livre, uma multidão aclama aquele que mesmo preso já era considerado um dos maiores líderes mundiais e responde ao seu gesto: “Quando me vi no meio da multidão, alcei o punho direito e estalou um clamor. Não havia podido fazer isso desde há vinte e sete anos, e me invadiu uma sensação de alegria e de força”, disse.

Nelson Mandela, um ano depois de sair da prisão. Foto: John Isaac / UN (03/12/1991)