Quinta-feira, 27 de agosto de 2015, às 15h52


Qualquer brasileiro se sente envergonhado ao escutar falar através do rádio, TV, internet e até pelos tambores da selva, sobre os valores gastos para que os políticos se comuniquem com o povo em períodos eleitorais. O pior é que eles falam muito, fazem pouco, custam caro e o Brasil não anda.

Gerson Soares

Imbuídos das melhores intenções, propagam suas qualidades e a vontade que lhes aflora para levar o bem estar à população, mas a verdade é que o País está sem líderes que governem com independência. Hoje se discute as doações de campanha no âmbito da Câmara dos Deputados, do Supremo Tribunal Federal, do Senado durante a sabatina de Janot para continuar à frente da Procuradoria-geral da República, o assunto é corrente.

Mas da Avenida Paulista ao retumbar dos tambores do huka-huka no Xingú, causa vergonha a corrupção que vibra como a língua de uma cobra, através dos milhões investidos para falar ao povo. Não fazemos aqui um levantamento minucioso para saber quanto foi gasto durante as campanhas políticas de 2014, puxadas pelos candidatos à presidência. Mas os valores beiram cifras milionárias que o brasileiro comum nem sequer sonharia em gastar dessa forma, caso tivesse acesso a tanto dinheiro.

Um dos caminhos percorridos pela corrupção começa quando o político precisa pedir dinheiro para fazer sua campanha e vai de chapéu na mão às construtoras, à Friboi ou a tantas outras grandes empresas, que legalmente (sic!) doam. Como estar isento para votar contra projetos que estão na linha de interesse dessas empresas no futuro? É a pergunta que se faz.

Enquanto houver interesses particulares sobrepondo-se aos interesses do povo brasileiro, não poderá haver Justiça (com “j” maiúsculo). O que podemos perceber é que existe uma grande força fazendo com o que Brasil seja passado a limpo para varrer a corrupção, os maus costumes, a crise moral, os favorecimentos, o tráfico de influência e seus sintomas, para o lugar de onde nunca deveriam ter saído, o lixo.

O país está pagando o custo pela faxina, nesta hora vergonhosa onde quase ninguém consegue escapar, sendo que toda a nação está envolvida de uma forma ou de outra. É preciso levantar a cabeça e respirar fundo, reconhecer os erros, seguir em frente e criar mecanismos para que absurdos como os que são vistos diariamente nas inúmeras CPIs não voltem a ocorrer. Antes mesmo que essa utopia possa se tornar verdade, ainda muita sujeira deverá ser lavada, para que o Brasil se torne livre e comece a pensar no futuro das gerações que nascem a cada dia.

Quando a iniciativa privada tomar a frente de projetos que devido à burocracia – este outro mal a ser combatido e limpo – demandem atuações mais dinâmicas e profissionais, gerando divisas, sendo motivo de orgulho para os jovens e exemplo de honestidade às vistas de todos, óbvia e logicamente que essa participação será bem-vinda.

A justiça continuar permitindo ingerência de empresas nas decisões da nação a cada eleição, através de doações a políticos que lhes devolvem os investimentos com obediência canina, em nome de interesses que não somam quase nada aos anseios do povo, só visam os cofres particulares e as contas fantasmas em bancos no exterior, é uma vergonha nacional que precisa ter fim.

 

Doações para campanhas eleitorais, assunto corrente. Sobrefoto: aloart. Foto: Getty Image / Sobrefotos: alort