Quinta-feira, 2 de novembro de 2017 às 12h21


Com um déficit de 159 bilhões projetados para o ano de 2018, o Brasil começará no vermelho o ano novo que se aproxima. Apesar disso, uma comissão formada por 10 parlamentares brasileiros embarcou em avião da FAB com destino ao Oriente Médio na sexta-feira (27/10) e começou com um fiasco político, já que a viagem em si demonstra ser inoportuna, encontrando resistência até mesmo no Congresso. O outro fracasso é que os encontros com o prefeito de Belém, Anton Salman, e o premiê isaraelense, Benjamin Netayahu, foram cancelados. A comitiva brasileira é liderada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

Gerson Soares

Plenamente conscientes de que as contas públicas são extremamente preocupantes, fato gerado pela ineficiência administrativa consolidada pelos poderes Executivo e Legislativo através dos tempos, apesar de gestarem um país gigantesco e promissor; parlamentares brasileiros se dirigiram em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) – a despesa com a aeronave não foi divulgada –, aos países Israel, Palestina, Itália e Portugal, com direito a descanso no quinto dia. O tour oficial dos 10 parlamentares começou com o embarque no dia 27 de outubro em direção a Israel, parando em Lisboa, com previsão de nove dias de duração. Serão pagas cinco diárias de 27.500 mil dólares a cada parlamentar, totalizando uma despesa de quase 900 mil reais – com base no dólar de hoje (R$ 3,27).

 

Tour pago com dinheiro público: viagem de parlamentares, além de inoportuna é mais um fiasco político, criticado por congressistas. Imagem: Google Maps. Traçado e arte: aloart

 

Portanto, os viajantes gastarão dos já combalidos cofres públicos, somente em diárias, o valor de 90 mil reais aproximadamente cada um. De acordo com a Câmara, o custo é ajustado quando o presidente os acompanha em viagem e de acordo com o jornal O Globo fica em 550 dólares cada um por dia – para diárias com hotéis, transporte e alimentação. Conforme divulgado pelo O Globo, os parlamentares são: Rodrigo Maia, o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP); o líder do PSD, Marcos Montes (MG); o líder do PR, José Rocha; Alexandre Baldy (PODE-GO), Benito Gama (PTB-BA), Cleber Verde (PRB-MA), Heráclito Fortes (PSB-PI), Orlando Silva (PCdoB-SP), Rubens Bueno (PPS-SP), além de dois agentes da segurança e um assessor do presidente da Câmara.

Fazendo as contas

O custo dessa viagem será bancado pelos cidadãos brasileiros que amargam a falta de 14 milhões de empregos. O ministério da Fazenda projetou um déficit de 159 bilhões de reais para 2018, mas isso não parece preocupar os parlamentares viajantes, liderados pelo presidente da Câmara dos Deputados. Fazendo as contas temos o seguinte: um brasileiro que ganhe o salário mínimo que é igual a 937 reais, teria de trabalhar mais de 8 longos anos para pagar esse tour a cada parlamentar. Isso sem descontar os impostos. A despesa com o avião da FAB também não está inclusa.

Multiplicando pelo número de componentes, que são 10, temos 275 mil dólares, que transformados em reais ao custo de hoje, a viagem parlamentar vai custar a bagatela de 900 mil reais. Se o assalariado trabalha 8 anos para pagar a despesa de um parlamentar, a quitação das despesas que os 10 farão em 5 dias, lhe custarão 80 anos de trabalho. Haja reforma da previdência! Um dos assuntos que persistem na pauta da Câmara.

 

Monumentos são iluminados em apoio à campanha Novembro Azul para chamar a atenção dos homens sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil. Contorno vermelho: aloart

 

Novembro Azul

De acordo com a Câmara dos Deputados o Congresso Nacional ganhou a iluminação na cor azul para lembrar a campanha de conscientização da prevenção do câncer de próstata e os cuidados com a saúde do homem. A nova moda entre os prédios públicos nas principais capitais brasileiras que se revestem de cidadania colorida recebe também o rosa pelas mulheres e a prevenção do câncer uterino, o bem estar feminino.

Estas são as cores que se destacam em campanhas pela saúde. Todavia, os prédios públicos recebem variações de cores em tons diferentes como o verde, o amarelo, em época de jogos da seleção brasileira e comemorações cívicas. Mas há cores ainda inexploradas adequadamente como o vermelho que designaria outro tipo de doença: a falta de vergonha, que poderia sugerir o vermelho.

Vermelho Vergonha

A cor vermelha seria adequada para o Natal, já que o vermelho também lembra o bom velhinho, ou ainda para relembrar aos viajantes o déficit orçamentário com as despesas públicas. Mas neste caso seria usada para evocar a vergonha da qual os brasileiros padecem ao verem os principais líderes envolvidos em todo tipo de confusões e escândalos de corrupção. Encontrar uma data para a Campanha Vermelho Vergonha não seria difícil, mas poderia ter início fazendo um levantamento do custo financeiro que envolve sustentar um estado “obeso”, como classificou o publicitário Nizan Guanaes na abertura do Fórum Mitos & Fatos Empreendedorismo, promovido pela Jovem Pan, no início desta semana.

Enquanto os brasileiros trabalham para suportar o peso dos impostos que sustentam a massa política que impede o crescimento do País, alguns fazem turismo com o suado dinheiro deles. Esta é uma triste e realística faceta do Brasil.

ICJBrasil detecta queda da confiança da população em 2017. Fachada do Palácio do Planalto. Foto: Roberto Stuckert Filho / PR

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