Quinta-feira, 23 de junho de 2016, às 18h30


Assim como os belos parques do Tatuapé, as árvores das ruas e até aquelas que crescem nas casas formam uma grande massa verde que só traz benefícios à saúde e qualidade de vida. Compare no Google Earth o tamanho dessas áreas e a unidade de conservação da Cantareira.

Gerson Soares
Entrevista concedida pelo Biólogo e Pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) Sérgio Brazolin.

Ele não disse explicitamente que gosta das árvores, mas o morador do Tatuapé e pesquisador do IPT, conferencista que irá participar da 15ª Conferência Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas, nem precisava, só a maneira como descreve as vantagens de manter áreas verdes na cidade é suficiente para que qualquer pessoa perceba sua admiração e conhecimento técnico sobre esses seres vivos que acompanham o homem em sua trajetória sobre o planeta. Aliás, preparando o clima muito antes da chegada dos ancestrais humanos. As árvores foram mostradas de forma brilhante no cinema como Ents, seres pensantes e falantes, tendo como protagonista o personagem Barbárvore – representante máximo “dos antigos semeadores de árvores” que surgem no segundo filme da trilogia “O Senhor dos Anéis – As duas Torres”.

Nossa pergunta para o biólogo foi sobre a inserção dos parques do Tatuapé na chamada floresta urbana, termo técnico usado pelos especialistas para designar as áreas verdes das cidades. Quisemos saber se essa denominada “floresta” era considerada como algo contínuo ou se havia vários aglomerados descontinuados de floresta urbana. E também qual seria a importância dos parques Ceret, Piqueri e Sampaio Moreira ou Brigadeiro Eduardo Gomes, principais núcleos arborizados existentes no bairro, para o conjunto da cidade.

 

Mapa do Google, onde podemos avistar a Serra da Cantareira até Mairiporã. Clique aqui, acesse o mapa e compare o tamanho dos parques do bairro (utilizando a barra de rolagem estão mais abaixo no mapa, que não aparece nesta imagem) com a unidade de conservação da Cantareira. Imagem: Google Earth

Mapa do Google, onde podemos avistar a Serra da Cantareira até Mairiporã. Clique aqui ou na foto, acesse o mapa e compare o tamanho dos parques do bairro (utilizando a barra de rolagem estão mais abaixo no mapa, que não aparece nesta imagem) com a unidade de conservação da Cantareira. Imagem: Google Earth

 

“O termo floresta urbana é relativamente novo, tem 10 anos, e é estratégico para que a população perceba a importância das árvores nas cidades; 80% da população vive nessas áreas, portanto a arborização é muito importante. Todo o verde que está dentro e que encosta na cidade, árvores nas calçadas, verde das praças, verde nos parques lineares ou como os parques do Tatuapé citados, fazem parte dessa floresta urbana e até a árvore no quintal”, esclareceu Brazolin.


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De acordo com o biólogo os três parques do bairro possuem vegetação significativa para a cidade e por isso é primordial cuidar e manter. “As unidades de conservação como a Cantareira na zona Norte e Capivari-Monos em Pinheiros que encostam na cidade fazem parte desse todo”, acrescenta o pesquisador do IPT.

 

tat bairro verde capivari monos

 

Importância das áreas verdes

Brazolin explica que árvore traz conforto psicológico, deixa a cidade mais bonita e além desses benefícios visíveis, ainda há o conforto térmico. Nos parques, por exemplo, as árvores refletem os raios solares e por isso sente-se aquela sensação de frescor e temperaturas agradáveis durante os dias mais quentes. Ele explica que a importância da árvore também está na saúda pública.

“Principalmente no inverno existem muitas partículas em suspensão, tais como, pó, fuligem expelida pelos escapamentos dos veículos e elas estão relacionadas com alergias e problemas pulmonares. A árvore retém essas partículas, diminuindo a quantidade de poluição no ar, alterando até os gastos com a saúde pública, trazendo economia ao evitar hospitalizações”, avaliou, enfatizando os motivos que levam a cultivar árvores e vegetação nos centros urbanos.

 

Parque Ceret: árvores jovens e mais antigas. A atual administração está fazendo um bom trabalho de plantação e daqui algum tempo o resultado deve elevar a cobertura, que já influencia no micro clima da região. Foto: aloimage

Parque Ceret: árvores jovens e mais antigas. A atual administração está fazendo um bom trabalho de plantação e daqui algum tempo o resultado deve aumentar a cobertura, que já influencia no micro clima da região. Foto: aloimage

 

Outro fato importante exemplificado pelo biólogo, são as águas das torrentes pluviais. “A árvore vai retendo e depois ela libera devagar essa água. Por isso, onde for possível aconselho fazer calçadas verdes”, disse. Nesse ponto citamos os calçamentos recentes que foram feitos pela Prefeitura no Tatuapé, mas que poderiam ter sido melhor adequados se tivessem deixado pequenas faixas gramadas. Esse tema foi abordado em reportagens entre os anos 2005 e 2008, ainda durante o período em que o Alô Tatuapé era editado em formato de revista, quando o município passou a restaurar pontos no calçamento da cidade.

Qualidade de vida e valorização

Em países da Europa e também na América do Norte, o verde ganhou importância e valorização há muito tempo. Esses povos perceberam e respeitaram todos os benefícios trazidos pelos gigantes formados por madeiras e folhagens diversas, tonalizando a visão humana com suas cores. Sérgio expõe que os locais arborizados, além de proporcionar satisfação visual também são mais valorizados. “Qualidade de vida, temperatura ambiente melhor, diminuição de enchentes, saúde pública. Imóveis localizados em ruas arborizadas têm melhor valor imobiliário, comércios onde há ruas arborizadas são mais bem sucedidos”.

 

Parque Sampaio Moreira: árvores antigas e boa cobertura. Foto: aloimage

Parque Sampaio Moreira: árvores antigas e boa cobertura. Atualmente em reforma. Foto: aloimage

 

Sobre os parques do Tatuapé, o pesquisador Sérgio Brazolin atribui ao Parque do Piqueri a relevância de maciço florestal. Conhecedor do bairro, ele classifica o Sampaio Moreira como um parque que possui arborização consolidada, com árvores de 40, 50 anos e mais de 20 metros de altura. “O que traz mais benefícios para a cidade são as árvores de médio e grande portes, respectivamente de 5 a 10 metros e acima de 10 metros”, explica. Quanto ao Parque Ceret, o biólogo diz que não se poderia chamá-lo de maciço, devido às áreas arborizadas serem menos densas. “Mas com certeza ele muda o micro ambiente local”, compara.

O Parque Sampaio Moreira está em reformas e em breve deverá se transformar em um CEU - Centro Educacional Unificado. Lá é possível encontrar árvores como o pau-ferro, que pode chegar a 80 anos e o Jacarandá-mimoso que atinge de 30 a 40 anos. A floresta urbana vive em cada bairro da cidade. Preservá-la, revitalizar áreas e conservar as existentes é um ato de amor com a natureza que proporciona um serviço incomparável sem pedir quase nada em troca, apenas um pouco de carinho e respeito.

 

Parque do Piqueri: este já é considerado um maciço verde integrado à floresta urbana. Foto: aloimage

Parque do Piqueri: este já é considerado um maciço verde integrado à floresta urbana. Foto: aloimage

Tatuapé 45º: estacionamento para cinco carros onde só haveria lugar para dois. A paisagem e a arqutietura vista nesta fotografia ilustram bem a situação encontrada no bairro hoje. Foto: aloimage

Tatuapé 45º é a nossa sugestão protocolada pela CET: estacionamento para cinco carros onde só haveria lugar para dois. A paisagem e a arqutietura vista nesta fotografia ilustram bem a situação encontrada no bairro hoje. Foto: aloimage

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