Sexta-feira, 24 de outubro de 2014, às 18h35 – atualizado às 20h52

Durante o debate, o senador Aécio Neves (PSDB), candidato à presidência da República deve questionar a presidente Dilma Roussef (PT) sobre o Petrolão, como está sendo chamado o abastado sucessor do Mensalão, mais um escândalo sem precedentes no país.

Gerson Soares

Sobrefoto: aloart

Os partidos de oposição já decidiram ingressar com subscrição investigatória a respeito das revelações da revista Veja, publicadas nesta sexta-feira (24), sobre o conhecimento de Dilma Roussef e Lula a respeito dos desvios bilionários da Petrobrás. Portanto, só esse motivo já seria o bastante para esquentar o debate Global que fecha esta campanha para as eleições de 2014 à presidência da República.

O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa fizeram acordo de delação premiada para redução das penas e estão colocando as cartas na mesa, que indicam suspeitas de desvio de valores na casa dos 10 bilhões de reais. Segundo o depoimento vazado, o doleiro afirmou ao delegado que o interrogou nesta terça-feira (21) que Dilma e Lula sabiam de tudo.

O candidato Aécio Neves emitiu nota sobre o vazamento dos depoimentos de Yussef. “Seja qual for o nosso papel no futuro estaremos absolutamente vigilantes, acompanhando o desenrolar dessas investigações, qualquer que seja o nosso papel no futuro. O que posso garantir é que, se eleito presidente da República, essas investigações aí sim serão ainda mais aprofundadas. O Brasil merece uma resposta daqueles que hoje governam o Brasil”, diz a nota publicada no site do candidato, que reputou como extremamente graves as acusações, que já vinham sendo apontadas e culminam agora com os depoimentos de Yussef e Costa.

Por sua vez, Dilma Roussef e Luiz Inácio Lula da Silva minimizaram as acusações durante o dia de hoje. A coordenação de campanha da candidata pediu censura à publicação no site da revista ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que negou. Tanto o pedido quanto a negação do ministro Admar Gonzaga, baseou-se no § 3º do art. 57-D da Lei nº 9.504/1997, conforme divulgado hoje pelo Veja.com. O pedido foi negado devido à lei não ter validade para o pleito de 2014, por ter entrado em vigor menos de um ano atrás.

No site de campanha e também na TV, Dilma disse que a revista “está fazendo terrorismo eleitoral” e comparou dizendo que “toda eleição é a mesma coisa”. O site da candidata mostra caricaturas da capa da revista atribuindo ao PT, a ela Dilma e ao ex-presidente Lula, a extinção dos dinossauros e a morte do presidente americano John Kennedy. Os petistas ainda atiraram contra o governador de São Paulo, divulgando dois áudios onde Dilma Pena e Paulo Massato, respectivamente presidente e diretor metropolitano da Sabesp, estariam ocultando a mando, informações sobre o sistema de abastecimento d’água em São Paulo, a fim de beneficiar a reeleição de Geraldo Alckmin ao governo.

Conforme Reinaldo Azevedo, colunista do Veja.com e da Folha, explanou na manhã de hoje na rádio Jovem Pan, caso as acusações com a atual presidente sejam comprovadas, mesmo vencendo as eleições no próximo domingo (26), a então reeleita Dilma Roussef, poderá sofrer um processo de impeachment e quem assume é o vice-presidente Michel Temer.

A candidata acusou a revista de crime. “A Justiça livre deste país vai condená-la por isso. O povo sabe discernir a mentira da verdade”, disse Dilma em seu horário político.

Nota do governo do Estado de São Paulo

A assessoria do governo do Estado de São Paulo, emitiu nota sobre as acusações da candidata na tarde de hoje. Leia abaixo:

NOTA À IMPRENSA
Governo do Estado de São Paulo

O governo de São Paulo nunca vetou qualquer alerta sobre a crise hídrica. Ao contrário, o próprio governador concedeu mais de uma centena de entrevistas coletivas, desde fevereiro, para salientar a gravidade da maior seca já registrada na história.

Nessas entrevistas, que podem ser facilmente localizadas nos arquivos de qualquer veículo de comunicação, o governador tem pedido a colaboração da população no uso racional da água e repetido à exaustão o fato de que choveu, neste ano, a metade do volume verificado em 1953, no qual se registrara, então, a maior estiagem.

As gravações divulgadas não mencionam a palavra “alerta”, usada irresponsavelmente em algumas matérias. Tampouco mencionam o governo do Estado de São Paulo. Cabe à Sabesp, empresa autônoma da administração indireta, composta por uma diretoria e um conselho de administração, esclarecer as circunstâncias e o sentido das frases gravadas e vazadas seletivamente a dois dias das eleições.