Sábado | 22 de outubro, 2022

Estudo aponta necessidade de teste comercial para Chagas em animais domésticos. Foi o que concluíram pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz.


Tendo em vista que cães e gatos fazem parte do ciclo de transmissão do Trypanosoma cruzi (T. cruzi), causador da doença de Chagas, pesquisadores da Fiocruz Bahia realizaram uma revisão sistemática da literatura sobre a epidemiologia, os fatores clínicos, diagnóstico e tratamento da enfermidade em animais domésticos.

Publicação em revista científica

A conclusão, baseada nos métodos de diagnósticos dos estudos revisados, aponta para a necessidade de uma ferramenta diagnóstica comercial para detecção da doença de Chagas nesses animais. O trabalho foi publicado na revista Parasite & Vectors – publicação científica que compartilha descobertas de comunidades de pesquisa em ciência, tecnologia, engenharia e medicina de alta qualidade.

Testes

Nos estudos revisados, os testes usados foram produzidos com o fim de serem aplicados em humanos, e, posteriormente, adotados nos animais. Por vezes, esses exames não diagnosticam apropriadamente a doença por não atender às especificidades desses animais. Destaca-se o uso dos antígenos IBMP, desenvolvidos pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, da Fiocruz, que demonstraram alta performance de aplicação em cães e baixa reatividade cruzada a outros anticorpos que podem estar presentes nos animais.

Tecnologia

Para os pesquisadores, essa tecnologia pode ser a base de desenvolvimento de um teste comercial de detecção da exposição ao T. cruzi em cães e gatos, independentemente de sua localização geográfica. O desenvolvimento dessa ferramenta seria de grande importância para a saúde pública e a atuação veterinária.

Cães e gatos

Na América Latina e em algumas regiões dos Estados Unidos, animais domésticos são considerados os principais reservatórios do parasita T. cruzi. A infecção em animais ocorre por meio de contato com as fezes do inseto conhecido como barbeiro, de forma congênita ou através da ingestão de insetos infectados. Um levantamento, feito em 1996, estimou que cães contribuem 13,9 vezes mais do que humanos para a infestação do inseto em ambientes domésticos. Em outro estudo, os cães foram determinados como a fonte mais comum de sangue para o inseto transmissor (49% dos casos), seguido por gatos (39%), humanos (38%) e galinhas (29%).