Sábado | 27 de maio, 2023

A mostra – que traz fotografias impressas em folhas de plantas e em papel com pigmento de jenipapo – possui obras com audiodescrição e peças táteis.


Estreou esta semana, no Centro Cultural Fiesp, a exposição Terra Terreno Território da fotógrafa e artista visual Dani Sandrini. Com visitação gratuita e acessibilidade, a exposição conta com piso tátil, audioguia, 14 obras com audiodescrição e nove obras táteis.

A mostra é composta por 57 obras de temática indígena, na qual a artista utiliza duas técnicas de impressão fotográfica do século XIX para propor uma reflexão sobre como é ser indígena em grandes cidades, no século XXI.

Guaranis

As imagens foram captadas, durante o ano de 2019, em aldeias indígenas da Grande São Paulo, onde predomina a etnia Guarani, e também no contexto urbano, que abriga aproximadamente 53 etnias. Terra Terreno Território apresenta dois agrupamentos fotográficos. No primeiro a impressão é feita em papéis sensibilizados com o pigmento extraído do fruto jenipapo (o mesmo que indígenas usam nas pinturas corporais). E no segundo, diretamente em folhas de plantas como taioba, helicônia, cará-moela e outras. Os processos – chamados de antotipia e fitotipia, respectivamente – se dão artesanalmente, através da ação da luz solar, em tempos que vão de três dias a cinco semanas de exposição.

 

Exposição Terra Terreno Território. Foto: Dani Sandrini / Divulgação

 

Reflexões

As obras de Dani Sandrini – em tamanhos que variam entre 20x30 a 60x90cm – trazem uma temporalidade inversa à prática fotográfica vigente, da rapidez do click e da imagem virtual. “O tempo de exposição longo convida à desaceleração para observar o entorno com outro tempo e sob outra perspectiva. Como a natureza, onde tudo se transforma, esses processos produzem imagens vivas, uma referência a permanente transformação da cultura indígena, que não ficou congelada 520 anos atrás”, reflete a artista.

Transformação

A delicadeza do processo orgânico traz também uma consequente fragilidade para as fotografias com a passagem do tempo. “Dependendo da incidência de luz natural diretamente na imagem, por exemplo, pode levá-la ao apagamento”, explica a artista. A concepção de Sandrini considera esta possibilidade como um paralelo ao apagamento histórico que a cultura indígena vem sofrendo em nosso país. Ela diz que “a proposta favorece também a discussão acerca da fotografia com seu caráter de memória e documento como algo imutável, ampliando seus contornos e podendo se vincular ao documental de forma bem mais subjetiva. A certeza é a transformação. A foto não congela o tempo. Os suportes que aqui abrigam as fotografias geram outros significados”.

 

Exposição Terra Terreno Território. Foto: Dani Sandrini / Divulgação

 

Serviço

Exposição: Terra Terreno Território
Artista: Dani Sandrini
Temporada: 24 de maio a 15 de outubro de 2023
Horário: terça a domingo, das 10h às 20h
Visitação gratuita. Classificação: Livre.
Acessibilidade: a exposição conta com piso tátil, audioguia, 9 obras táteis e 14 obras com audiodescrição.

Centro Cultural Fiesp
Galeria de Fotos
Avenida Paulista, 1313 – São Paulo/SP.
Em frente à estação Trianon-MASP do Metrô.


Destaque – Exposição Terra Terreno Território. Foto: Dani Sandrini / Divulgação