Sábado, 4 de outubro de 2014, às 19h29


Com informações da Wikipédia, USP e UFSM  |  Edição: Alô São Paulo

O gosto adocicado do refrigerante brasileiro mais conhecido tem um sabor amargo na distante Sérvia, na Europa oriental, onde é vendido sob o mesmo nome: Guarana (sem acento no último a).

Pó de guaraná, uma das formas de consumo da planta. Consulte sempre o médico de iniciar qualquer tipo de dieta. Foto: Wikipedia

Wuara'ná, mais conhecido pelo nome popular de guaraná. Foto: Stock Photo

O guaraná, planta que parece ter vários olhinhos negros possui uma lenda indígena que os atribui a um curumim protegido por Tupã e sua denominação original é wara’ná na língua tupi. Seu nome científico é Paullinia cupana Kunth, considerada um tipo de cipó originário da Amazônia, pertencente à família Sapindaceae.

Comprovadamente o guaraná é um estimulante que aumenta a resistência nos esforços mentais e musculares, diminuindo a fadiga motora e psíquica. Entretanto, se ingerido em excesso, pode provocar efeitos colaterais como insônia, irritabilidade, taquicardia, azia e dependência física.

A planta é rica em xantinas (cafeína, teobromina, teofilina, entre outras) e existem estudos em andamento na USP e na USFM quanto aos benefícios que a ingestão pode trazer contra o câncer e o prolongamento da saúde respectivamente.

O processo de processamento do xarope da fruta iniciou-se no Brasil em 1905 por Luiz Pereira Barreto, um médico da cidade de Resende, no Rio de Janeiro. Em 1906, foi lançado, pela F. Diefenthaller, uma fábrica de refrigerantes de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, o Guaraná Cyrilla e, em 1921, o Guaraná Champagne Antarctica, pela empresa homônima.

Leia o artigo que foi publicado no mês de setembro pelo Diário de Santa Maria e divulgado no site da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Por uma vida mais longa e saudável

Os estudos feitos pelo grupo de pesquisadores do Laboratório de Biogenômica da UFSM, no Rio Grande do Sul, sobre o guaraná se transformaram em referência mundial. A pesquisa foi realizada na cidade amazonense de Maués, em parceria com a Universidade Aberta da Terceira Idade. O que chama a atenção por lá é que 1% dos cerca de 50 mil habitantes tem mais de 80 anos, quando a média nacional de octogenários é de 0,5%. Os pesquisadores constataram que em Maués há menos obesidade, hipertensão, doenças cardíacas e câncer.

As pesquisas do grupo mostraram que tanta saúde estava associada ao consumo de guaraná e que, mesmo em doses pequenas, ele trazia benefícios. Os estudos foram publicados em revistas científicas internacionais, os pesquisadores viajaram para participar de congressos em diferentes países e integrantes foram convidados para integrar grupos de pesquisa de universidades do Exterior. Um deles é Alencar Kolinski Machado, 23 anos, que irá estudar no Canadá.

Agora, os pesquisadores estão trabalhando em um produto que, se tudo der certo, poderá, inclusive, chegar às prateleiras dos mercados. Trata-se de uma água funcional, enriquecida com guaraná, para ajudar o usuário a combater vários problemas, entre eles a obesidade.

– As pessoas estão, cada vez mais, buscando uma alimentação saudável. É um mercado emergente. Para as águas funcionais, pretendemos fazer parcerias com empresas locais – adianta Ivana.

Mas é bom fazer um alerta: alguém pode pensar que basta tomar guaraná para ter uma vida longa e saudável. Mas não é tão simples assim.

– O guaraná tem cinco vezes mais cafeína do que o café. Logo, não são todos que podem ingerir. O médico deve ser consultado. A recomendação da Anvisa é não ultrapassar os 500 miligramas ao dia – orienta a pesquisadora.