Quinta-feira | 4 de abril, 2019 | 20h20


Deixando claro que o atual sistema está falido, Ministro da Economia teve poucos momentos para explicar pontos importantes, enquanto os deputados se ocupavam em fazer política.

Gerson Soares

Em um dos raros momentos de silêncio, durante o tempo de permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, em Brasília, ele começou com o seu já conhecido modelo que compara o atual sistema de Previdência do país com um avião fadado a despencar do alto em queda livre.

Guedes exemplificou que sua função é técnica e que os ajustes propostos corajosamente pelo Governo são estritamente necessários e se não forem feitos, “não haverá dinheiro para pagar a Previdência dos nossos filhos e netos. A decisão é dos senhores, quem vota são os senhores”, disse.

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, debate a reforma da Previdência (PEC 6/19), expondo pontos cruciais aos deptuados. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Brasilia

 

Em outro raro instante, onde os deputados mais prestaram atenção ao economista e deixaram de lado as conversas paralelas, risadas, os incessantes cafezinhos e águas que lhes são servidos por garçons, a bizarra propaganda da Coca-Cola light feita pela deputada Caroline De Toni (PSL-SC) e a falta de atenção, Guedes pode desenvolver sobre o tema.

“No ano passado nós gastamos 700 bilhões com a Previdência que é o passado, são os nossos idosos. E nós gastamos 70 bilhões com a Educação que é o nosso futuro. Então, nós gastamos 10 vezes mais com a Previdência do que com o futuro que é a Educação. E mais importante ainda do que isso, antes da população brasileira envelhecer, nós temos em torno de 9, 10% de idosos, a Previdência no formato atual já está condenada”, comparou em um dos tópicos que abordou relatando sobre a realidade que encontrou e se dispôs a enfrentar.

Divergências

Coube ao líder da oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ) – assim eleito para representar o bloco dos partidos PT, PSOL, PSB e Rede –, ironizar com exagero e denegrir a proposta do Governo. Filiado ao PT (1999-2015) e à Rede (2015-2018), aproveitou o formato do avião para atacar.

“Vossa excelência quer trocar um jumbo que está um pouco velhinho, que tem os seus problemas, que precisa de conserto e quer mandar esse avião para o ferro velho e quer que cada um compre o seu aviãozinho. Porque o sistema de capitalização é isso ministro. É cada um por si. O senhor está destruindo os pilares da Previdência Social brasileira”, referiu-se ao novo sistema que integra a proposta governamental.

O deputado Coronel Tadeu (PSL/SP) que apoia a proposta disse em entrevista, após o encerramento da sessão na CCJ que não vê prejuízos. “Até agora eu não encontrei prejuízos. De todos os brasileiros que estão aposentados, todos os que vão se aposentar e os que vão entrar no mercado de trabalho e passar a contribuir com a Previdência e que ganham até dois salários mínimos, não haverá 1 centavo sequer de prejuízo. Ao contrário, como o próprio ministro falou, haverá uma redução da contribuição de 8% para 7,5%. Então eu não sei porque todo esse carnaval que estão fazendo, não há prejuízo.”

O ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, debate a reforma da Previdência (PEC 6/19). Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Brasilia

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