Domingo, 20 de março de 2016 às 13h22


Ministro tomou “atitude de homem” como quer Lula e disse no dia seguinte à sua posse que trocará equipes da PF ao primeiro sinal de vazamento de informações.

Gerson Soares

Em conversas de Lula com seus interlocutores, o agora sem cargo ex-presidente, e alas do PT ligadas a ele, criticavam José Eduardo Cardozo por sua tolerância com a Polícia Federal (PF) e a Operação Lava Jato – isso não é segredo nos bastidores da política em Brasília. Especula-se que se deve a esse fato sua transferência para outro cargo – atualmente é o advogado-geral da União. Em seu lugar, depois do procurador Wellington César Lima e Silva que não pode assumir, finalmente assume o Ministério da Justiça, o subprocurador-geral da República, Eugênio Aragão.

 

Eugênio Aragão, ex-subprocurador da República, provoca polêmica com seu primeiro recado à força-tarefa da Lava Jato. Foto: Gil Ferreira/Agência CNJ

Eugênio Aragão, ex-subprocurador da República, provoca polêmica com seu primeiro recado à força-tarefa da Lava Jato. Foto: Gil Ferreira/Agência CNJ

 

O novo ministro já chega criando polêmica com sua determinação de mudar as equipes da Polícia Federal que vazarem quaisquer informações. Seu alvo, evidentemente, é a força-tarefa da operação Lava Jato. Isso provocou reações dos delegados da Polícia Federal, que nesta sexta-feira (18), antes mesmo do aviso, já se manifestavam pelo país pedindo autonomia. A Polícia Federal (PF) está subordinada ao Ministério da Justiça e, portanto, às ordens de Aragão.

Esta é mais uma batalha que já começou a ser travada e deve ganhar proporções a partir desta segunda-feira (21). Delegados da PF reagiram e dizem que qualquer vazamento poderia acontecer até mesmo vindo do próprio ministério, e com isso dar margem à troca anunciada pelo novo Ministro da Justiça. “Isso é ridículo”, disse um delegado em entrevista a Rádio Jovem Pan.

“Cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Não preciso ter prova. A Polícia Federal está sob nossa supervisão”, afirmou o ministro, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, na última sexta-feira, um dia depois de tomar posse, enquanto os delegados da PF pediam independência do ministério. A afirmação de Aragão é grave, neste momento em que as investigações da PF estão mudando os rumos da corrupção no país, sendo interpretada como revanchismo, uma forma de brecar a Lava Jato e atender aos pedidos do ex-presidente Lula que corre o risco de ser preso pela PF.

A mão pesada do novo Ministro da Justiça contra a PF é mais um ato temerário. Na semana que se encerra, o governo de Dilma Roussef demonstrou total descontrole, tomando medidas para apagar os focos incandescentes que assomaram contra a atual administração, tendo as manifestações em todo o país como foco central da insatisfação popular.

Ilustração/sobrefotos: aloart

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Brasília: boneco infável do ex-presidente Lula com traje de presidiário. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

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