Terça-feira, 27 de junho de 2017 às 11h35


Após sofrer duras críticas por parte da sociedade por intervir com rigidez e acabar com a vergonha da cracolândia, o prefeito João Doria comanda de forma organizada e atual o combate ao desastre do crack na vida daqueles que caem nessa rede.

No domingo (25), em alusão ao Dia Mundial Contra as Drogas – instituído internacionalmente no dia 26 de junho (leia mais aqui) pela ONU – a Prefeitura de São Paulo deu início a campanha “Crack, melhor saída é nunca entrar”, que teve como base o relato de um homem. Ele é um dos que entraram por essa trilha, mas existem várias famílias que foram desestruturadas com consequências desastrosas, e não se imagine que sejam aquelas paupérrimas, esse mal atinge todas as esferas da sociedade, inclusive as classes mais abastadas.

 

Com a retirada dos viciados em crack da região da Luz no centro de São Paulo, houve dispersão e eles podem ser vistos com mostra a imagem em outros pontos do centro. A Prefeitura está buscando caminhos para combater essa degradação humana, ocasionada pela dependência química. Foto Alan White/Fotos Publicas

 

“É uma campanha que toca muito o sentimento das pessoas, que com a emoção mostra os efeitos das drogas. Ela traz um impacto para que as pessoas reflitam sobre a educação dos seus filhos, dos seus netos, para ficarem longe das drogas. Os efeitos disso são demonstrados nesse comercial e depois será sucedido por outras campanhas”, disse o prefeito João Doria.

Conforme divulgado, a ação faz parte do Projeto Redenção no qual a ideia é a plena mobilização da sociedade em conjunto com as instituições públicas para evitar que os jovens entrem no mundo das drogas. Além do vídeo que pode ser visto abaixo, serão publicados materiais em jornais, pontos de ônibus e salas de cinema.

Campanha de prevenção ao crack

Leia o texto da campanha

“QUER CONHECER OS EFEITOS DO CRACK?
EXPERIMENTE AQUI.

O efeito alucinógeno do crack dura mais ou menos o tempo que você levou para chegar até este ponto do texto.

Meros 5 segundos. 5, 4, 3, 2, 1, acabou. A descida do céu para o inferno é imediata. Depois desses segundos de prazer, o que vem são muitas horas de um sentimento de tristeza muito mais forte do que a pior tristeza que você já sentiu. A sensação é terrível: a de que você não pertence a este mundo.

E, justamente por não pertencer a ele, vai achar que todos os outros estão de olho em você, falando de você, perseguindo você. É a Paranoia, que chegou para fazer companhia. Paranoia da qual você ficou tão íntimo que já chama pelo apelido: Nóia. O mais triste é que os outros também passam a chamar você assim: Nóia. Logo depois dela, vêm os espasmos musculares, as convulsões e um aumento brutal dos batimentos do coração. Como se não bastasse, um ataque epilético ou cardíaco, um derrame cerebral e uma insuficiência respiratória também podem fazer uma visita-surpresa.

Para fugir disso tudo, você corre em busca de outra pedra de crack. E, na hora em que menos espera, olha só quem chega: o Vício. E chega exigindo o lugar que antes era ocupado por seus amigos e sua família.

Você vai se afastar de tudo: de casa, do trabalho, do estudo, do carinho, do amor. Em pouco tempo, você se transforma numa pessoa que não é você, vivendo uma vida que não é a sua e que você não imaginou viver nem nos seus piores pesadelos.

O crack vai fazer com que você não tome mais banhos. Que o seu banheiro seja qualquer canto. Que as suas roupas sejam unicamente aquelas que você está usando.

E você não vai dar a mínima pra isso. Porque o seu único objetivo e o seu único prazer na vida já são um só: o crack. Um prazer de 5 segundos. Duas linhas deste texto.

Você pode partir para o crime, para o roubo, o tráfico ou a prostituição. Você pode ir morar na rua – para ficar longe de quem quer ajudar e perto de quem vai fazer você se afundar cada vez mais na droga. Sua vida desmorona na mesma velocidade em que a dos traficantes prospera. Você deve estar se perguntando: com todos esses efeitos terríveis, por que as pessoas que entram no crack não saem? A resposta é simples e dolorosa: porque, uma vez no crack, é muito difícil sair.

Por isso, o comprometimento da Prefeitura em enfrentar o crack é imenso. Por um lado, prevenindo sobre o uso da droga e, por outro, acolhendo e cuidando de quem, infelizmente, se tornou dependente. E esse trabalho não vai parar.

O crack é uma doença crônica que terá que ser tratada pelo resto da vida. Mas existe uma vacina contra essa doença nefasta. Com ela, você fica imune. Essa vacina é dizer “NÃO” na primeira vez que lhe oferecerem crack. E repetir a dose sempre que for necessário. Todos os que experimentaram essa vacina contra o crack garantem: o efeito é rápido e a eficácia é de 100%.

CRACK. A MELHOR SAÍDA É NUNCA ENTRAR.”

Projeto Redenção

Desde as ações na cracolândia, críticas e elogios levaram o prefeito João Doria ao encontro de um novo problema: como cuidar da dispersão dos dependentes químicos. Dentre suas metas de campanha constava buscar uma solução para o problema das drogas, cujo foco principal era o uso de crack na região central da cidade, agindo em parceria com o Governo do Estado.

Nesta segunda-feira (26) o órgão municipal divulgou as principais diretrizes do Projeto Redenção, que começaram a ser traçadas no início da atual gestão. Dentre elas, a Prefeitura destaca que o paciente com dependência química será tratado em sua integralidade, durante e após a desintoxicação, disponibilizando equipes de abordagem e acolhimento no território, permanentemente. O documento prevê ainda, a cada paciente abordado, o Projeto Assistencial Singular, ou tratamento de acordo com as especificidades da fisiopatologia de cada indivíduo, através de política de redução de danos e/ou promoção de abstinência.

 

Coletiva de imprensa para divulgação das diretrizes do Projeto Redenção, nesta segunda-feira (26). Foto: Leon Rodrigues / SECOM

 

Respondem pelas diretrizes as secretarias municipais da Saúde; Assistência e Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e Cidadania (Assistência Social e Cidadania); Urbanismo e Licenciamento, Habitação, Prefeituras Regionais e Prefeitura Regional da Sé (urbanismo e zeladoria); e Segurança Urbana.

Leia as Diretrizes do Programa Redenção:

Leia as Diretrizes do Programa Redenção:

1 - SAÚDE (MEDICINAL)

1.1 - CADASTRAMENTO: abordagem contínua, de caráter não impositivo
1.2 - PRESENÇA E PRONTIDÃO: disponibilidade de equipes de saúde no território, 24 horas
1.3 - ATENDIMENTO INTEGRAL: tratar o paciente em sua integralidade, durante e após a desintoxicação
1.4 - INTERNAÇÃO: disponibilizar vagas para desintoxicação; promover a regulação de leitos em conjunto com o Governo do Estado
1.5 - CONTINUIDADE: seguimento via prontuário eletrônico na abordagem e nos atendimentos ambulatoriais, hospitalares e residenciais
1.6 - SINGULARIDADE: cada paciente abordado em Projeto Assistencial Singular; Tratamento de acordo com as especificidades da fisiopatologia de cada indivíduo, através de política de redução de danos e/ou promoção de abstinência
1.7 - EFETIVIDADE DE RESULTADOS: medição regular dos resultados das ações;
1.8 - PREVENÇÃO: campanhas de prevenção através da mídia e em escolas, além de treinamento na rede de UBS para orientar famílias a tratar a drogadição ainda no início

Ações Programáticas:

Criar rede de residências terapêuticas para dependentes químicos
Criar rede de moradias monitoradas no município
Capacitar equipes de abordagem
Disponibilizar novas vagas para desintoxicação
Instalar posto avançado do CAPS AD no território
Disponibilizar novos leitos de internação (470 até julho)
Reclassificar o CAPS da Sé (II para III)
Realizar a transição dos usuários dos hotéis do Programa DBA para a nova dinâmica de atendimento

2. ASSISTÊNCIA SOCIAL E CIDADANIA (SOCIAL)

2.1 - PRESENÇA E PRONTIDÃO: disponibilidade das equipes de abordagem e acolhimento no território, permanentemente;
2.2 - ACOLHIMENTO: fortalecer a rede emergencial de acolhimento: ATENDE 1, 2 e 3
2.3 - RESGATE DA DIGNIDADE: oferta de serviços que permitam melhora da autoestima do usuário
2.4 - COMUNIDADE TERAPÊUTICA: ação conjunta com o governo do Estado para dar apoio a dependentes químicos desintoxicados e sem comorbidades;
2.5 - REINSERÇÃO SOCIAL: encaminhamento de ex-usuários para o Trabalho Novo, com geração de empregos.
2.6 - ARTICULAÇÃO COM FAMÍLIAS: articular rede de apoio familiar aos dependentes, em especial após o tratamento.
2.7 - CRIANÇA E ADOLESCENTE: articulação com Conselho Tutelar e demais entidades para dar atenção especial às crianças e adolescentes

Ações Programáticas:

Acompanhar os usuários nas cenas de uso e encaminhá-los para acolhimento;
Operar a rede emergencial de acolhimento através do programa ATENDE;
Manter a relação de transparência e comunicação com a sociedade civil, Ministério Público e Justiça;
Criar o Programa Mães da Luz, a ser conduzido pela Secretaria de Direitos Humanos de Cidadania;
Digitalizar cadastro de usuários e disponibilizar acesso restrito às famílias e entidades;
Implementar o Balcão dos Direitos Humanos no território para atender eventuais denúncias e encaminhar casos de abusos e abandonos de crianças e adolescentes;

3. URBANÍSTICO E ZELADORIA (OPERACIONAL)

3.1 - REVITALIZAÇÃO: promover a recuperação urbana da região pelo adensamento populacional (PPP do Centro), da construção de equipamentos públicos e requalificação de logradouros públicos
3.2 - HABITAÇÃO: atender famílias da região em conformidade com a política habitacional do Município
3.3 - INCLUSÃO SOCIAL: destinação de parte das moradias para habitação social
3.4 - INTEGRAÇÃO: promover a integração da região da Luz ao Bom Retiro
3.5 - ZELADORIA: Limpeza regular do território da cena de uso e fiscalização de comércio e imóveis da região

Ações Programáticas:

Implantar Programa Centro Aberto
Ampliar a PPP do Centro, em parceria com o Governo do Estado
Requalificar os espaços públicos e privados
Implantar Conexões Urbanas
Realizar concessão do Terminal Princesa Isabel
Elaboração do PIU Campos Elíseos
Cadastramento de todas as famílias residentes na área atendida pelo Projeto;

4. SEGURANÇA PÚBLICA (POLICIAL)

4.1 - Ações contínuas de policiamento preventivo com a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar
4.2 - Combate contínuo ao tráfico por meio da Polícia Civil
4.3 - Apoio às equipes de saúde e assistência social
4.4 - Apoio às ações de zeladoria urbana, principalmente os programas de limpeza

Unidade de Atendimento Emergencial do Projeto Redenção. Foto: Heloisa Ballarini / SECOM

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