São Paulo, a capital paulista, já foi espaçosa com ruas mais largas e paisagens mais harmoniosas para quem nela vivia. Até as primeiras décadas do século XX, a caótica metrópole ainda se formava e a visão urbana era mais bela.
Nas imagens que veremos sobre as transformações de São Paulo, as características imaginadas na época, com ruas largas e grandes espaços que ainda podiam ser denotados, de certa forma beneficiaram a grande cidade que se formava. As fotografias extraídas do livro “Lembranças de São Paulo – A capital paulista nos cartões-postais e álbuns de lembranças” registraram esses momentos do passado.
Mercado Municipal
O primeiro Mercado Municipal de São Paulo foi erguido em 1867 e demolido 40 anos depois. A estrutura retangular com muitas portas ficava no sopé do morro do Palácio, na esquina das atuais ruas 25 de março e General Carneiro. No mesmo local, foi erguido o Mercado 25 de Março ou “Mercado Velho”, que por sua vez foi demolido em 1938.
Para suprir as necessidades da população, um novo prédio seria construído na Rua da Cantareira. O Mercado Municipal foi projetado por Felisberto Ranzini, do Escritório Técnico Ramos de Azevedo. A inauguração aconteceu no dia 25 de janeiro de 1933, coincidindo com o aniversário da cidade.
Na época, foi considerado “majestoso demais para a finalidade” e qualificado ainda como “Templo da Gastronomia”. Visitar o Mercado Municipal era um dos mais interessantes passeios da Capital. Esse glamour ainda permanece em nossos dias e a atração continua atraindo o público.

“Visitar o Mercado Municipal constitui um dos mais interessantes passeios da Capital. Nas primeiras horas do dia, enorme é a azáfama reinante: o vozerio dos carregadores e negociantes, a chegada de centos de veículos motorizados e a tração animal e humana, precedentes das hortas e sítios, abarrotados de gêneros, e onde o colorido das mercadorias expostas e o cosmopolitismo do local se apresentam como assunto de alto interesse para o visitante”, destacava em 1962, o Guia do estado de São Paulo, publicado pelo IBGE. (Legenda do livro: “Lembranças de São Paulo”). Foto: Prugner (Gustavo).
Praça Fernando Costa
As mudanças vieram e o que seriam ruas e avenidas de grande porte foram ficando pequenas, invadiram umas às outras interligando-se numa teia gigantesca.
A grande praça onde circundavam os bondes no final da Rua General Carneiro com a Rua 25 de Março proporcionava uma visão urbanística harmoniosa. No final da ladeira, com a demolição do Mercado Municipal, surgiria a Praça Fernando Costa, que já foi um terminal de ônibus e hoje se transformou em um “camelódromo”. Na atualidade, chama atenção, sua atração central: um banheiro público.
Com o desenvolvimento caótico dessa área, que possui inúmeras histórias, tal como ter sido um porto, onde atracavam barcos com mercadorias, a Rua 25 de Março é um centro de compras e o antigo alagadiço do Rio Tamanduateí – hoje canalizado – transformou-se em um gigantesco terminal de ônibus. Ao fundo da imagem em destaque, feita por volta dos anos 1920, já é possível observar alguns imóveis destoando das estruturas que seguiam os passos da arquitetura europeia.
São Paulo, merecia mais. Todavia, continua sendo o abraço que acolhe a todos.

O Mercado Velho na década dos anos 1920, tendo na frente a Rua 25 de Março. Observe, no centro da imagem, o arvoredo existente no Pátio do Colégio e também o Viaduto Boa Vista, sobre a Rua General Carneiro. (Legenda do livro: “Lembranças de São Paulo”). Foto: autor não identificado.
Fontes de consultas e imagens:
— “Lembranças de São Paulo – A capital paulista nos cartões-postais e álbuns de lembranças.”
— “Memórias do Tatuapé – Uma viagem às origens nos séculos XV a XVII.”