Sábado, 25 de outubro de 2014, às 11h45

Dona Fernanda, as chácaras na Apucarana e a torre preservada do Lar Sírio-Libanês

Gerson Soares

É difícil imaginar, mas a Rua Apucarana já teve o aspecto desta imagem, cedida por dona Fernanda, que em Fevereiro de 2001 nos pediu para prestar uma homenagem à sua mãe, Adelaide da Ressureição, imigrante portuguesa que segundo sua própria linguagem, a mãe “lutou muito para criar os seis filhos”, chegando ao Tatuapé em 1930. Fernanda (com cinco anos), Olimpia (a irmã mais velha com doze) e o irmão Antonio (vinte meses), ficaram em Portugal, na casa de parentes, enquanto a mãe Adelaide e o pai João Manuel Fernandes vieram para o Brasil com Luiza, Esperança e outra filha para nascer (Maria). Essa história comovente ainda contaremos, mas saiba que quando conseguiu juntar-se a mãe e aos irmãos no Brasil cinco longos anos haviam passado.

 

Em 1945, vemos a Rua Apucarana e o aspecto quase rural que predominava no bairro. Repare que a moça de vestido mais escuro traz um litro de leite em suas mãos e acima de si podemos observar a torre de um dos prédios do Lar Sírio e Libanês, ainda hoje instalado à Rua Serra de Bragança. Essa mesma torre esta preservada e pode ser vista no estacionamento que fica na mesma esquina (Rua Apu- carana com Rua Cantagalo) da imagem. Foto: Fernanda Fernandes doada ao acervo do Alô Tatuapé

Em 1945, vemos a Rua Apucarana e o aspecto quase rural que predominava no bairro. Repare que a moça de vestido mais escuro traz um litro de leite em suas mãos e acima de si podemos observar a torre de um dos prédios do Lar Sírio e Libanês, ainda hoje instalado à Rua Serra de Bragança. Essa mesma torre esta preservada e pode ser vista no estacionamento que fica na mesma esquina (Rua Apucarana com Rua Cantagalo) da imagem. Foto: Fernanda Fernandes doada ao acervo do Alô Tatuapé

 

A fotografia acima foi feita em 25 de Setembro de 1945, há 69 anos. O jovem fotógrafo era Manoel, filho do proprietário da Chácara Olga, localizada onde hoje está a ETC Martin Luther King. Além de chacareiro, o rapaz gostava de fotografar e fez esta imagem para flertar com Fernanda, que acompanhada de suas irmãs voltavam da única padaria próxima, que ficava na Rua Vilela. A brincadeira valeu, porque anos depois eles casaram e tiveram uma união muito feliz, até quando Manoel faleceu. A moça, que só viu a imagem revelada depois de casada, lembra que “por ali só existiam chácaras e a minha ficava próxima às ruas Emílio Mallet e Apucarana” (Alô Tatuapé, nº 47 | Abril/2001).

As construções modernas tomaram o lugar das hortas, mas graças ao amor de Manoel e Fernanda podemos conhecer o passado, repleto de carinho e dedicação dos imigrantes que cultivavam a terra em busca do sustento das suas famílias, não sem grandes sacrifícios e abnegação.


Este relato histórico, faz parte da obra “Memórias do Tatuapé – A história contada por quem viveu”, publicada desde 1993 pelo Alô Tatuapé.

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