Sexta-feira | 24 de maio, 2019 | 18h10


O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) iniciou a produção do imunossupressor Tacrolimo, usado para evitar rejeição de rim e fígado transplantados. No total, serão fabricadas mais de 90 milhões de unidades farmacêuticas deste medicamento vital para pacientes submetidos a transplante desses órgãos. A demanda foi solicitada pelo Ministério da Saúde (MS) a fim de suprir a falta momentânea do produto no Sistema Único de Saúde (SUS).

Por Alexandre Matos | Farmanguinhos/Fiocruz | RJ

Essa produção emergencial demonstra a capacidade técnica da instituição, que, mais uma vez, atua de forma estratégica para o país, possibilitando o acesso dos pacientes ao tratamento na rede pública de saúde. Neste sentido, já foram enviadas 1.123.000 cápsulas de tacrolimo 1mg para o Serviço de Armazenagem e Distribuição de Medicamentos do Ministério da Saúde, departamento responsável por abastecer os estados de acordo com a necessidade de cada unidade federativa. Ao todo, serão distribuídas 86.062,500 cápsulas na concentração 1mg e 4.711,500 na de 5mg.

 

Tacrolimo é um medicamento vital para pessoas submetidas a transplantes de rins e fígado. Foto: Centro de Comunicação

 

Necessidade vital

O Tacrolimo é um medicamento vital para pessoas submetidas a transplantes de rins e fígado. Trata-se de um imunossupressor, isto é, ele diminui a atividade do sistema imunológico, efeito necessário para contornar a rejeição do organismo do paciente ao órgão transplantado e garantir o sucesso do procedimento. Dada a sua importância, o medicamento consta na lista de produtos estratégicos no âmbito do SUS, segundo a Portaria 978/2008 do Ministério da Saúde (atualizada pela Portaria 1.284/2010).

Benefícios da produção pública

A fabricação do Tacrolimo foi viabilizada por uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP), em que a indústria nacional Libbs Farmacêutica transferiu a tecnologia para Farmanguinhos/Fiocruz. A iniciativa fortalece as indústrias farmacêutica e farmoquímica nacionais, contribuindo para reduzir o desequilíbrio da balança comercial, gerando renda e emprego no país.

A produção integral nas instalações de Farmanguinhos comprova o sucesso da parceria, uma vez que o uso do tacrolimo é contínuo, isto é, o paciente deverá administrá-lo sem interrupção ao longo de sua vida após o transplante. Atualmente, cerca de 34 mil pessoas fazem uso do imunossupressor no país. Estima-se que, anualmente, são realizados 6,3 mil novos transplantes de rins e 1,4 mil de fígado no Brasil.

 

Farmanguinhos/Fiocruz isolou uma área de 410 metros quadrados exclusivamente para este imunossupressor. Foto: Alexandre Matos

 

Segundo o diretor Jorge Mendonça, a fabricação no Instituto contribui ainda para a ampliação do acesso a esse medicamento e sustentabilidade do SUS. Para se ter uma ideia, a cooperação já possibilitou uma economia de cerca R$ 980 milhões aos cofres públicos no período de cinco anos. “A partir dessa parceria, o Instituto garante o abastecimento do SUS e, consequentemente, o tratamento dos pacientes. Além disso, economia ao Ministério da Saúde significa ampliar o acesso da população a esse importante medicamento”, frisa Mendonça.

Instalações de ponta

Para produzir o Tacrolimo nas instalações do Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM), Farmanguinhos/Fiocruz passou por uma transformação de sua planta fabril. A unidade isolou uma área de 410 metros quadrados exclusivamente para este imunossupressor. Além de contar com profissionais altamente qualificados, foram adquiridos equipamentos de última geração. A expectativa é de que outros medicamentos desta categoria terapêutica passem a fazer parte do portfólio institucional.

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