O Ginkgo biloba (Gb) existe há mais de 150 milhões de anos. Portanto, trata-se de um fóssil vivo, que assistiu o auge, assim como a ruína dos dinossauros sobre a Terra, mas sobreviveu àquilo que os dizimou até a extinção. No Oriente é considerado um símbolo de paz e longevidade por ter sobrevivido também às explosões atômicas em Hiroshima, no Japão.

 

Árvore de Gingko biloba no Birmingham-Southern College. Note a coloração das folhas que assumem a roupagem invernal e em breve todas irão cair. Foto: Jwrandolph / 2013 / Wikipedia

 

Atualmente, o extrato de Gb é um dos produtos botânicos mais comercializados nos Estados Unidos e Europa (em particular na Franca e Alemanha), porém distante do controle rígido das agências reguladoras que incide sobre outros medicamentos. Existem estudos que contradizem a sua eficácia e outros que a atestam. De qualquer forma o uso de Gb deve ser interrompido duas semanas antes de cirurgias, conforme ditam as regras de segurança médicas devido às suas propriedades que podem influenciar a circulação sanguínea.

A planta foi descrita pela primeira vez pelo médico alemão Engelbert Kaempfer por volta de 1690, mas só despertou o interesse de pesquisadores após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando perceberam que tinha sobrevivido à radiação em Hiroshima, brotando no solo da cidade devastada. Suas folhas têm sido frequentemente usadas no combate aos radicais livres e como auxiliar da oxigenação cerebral.

 

Folhas de ginkgo biloba. Foto: Reinhard Kraasch / Wikipedia

 

A palavra ginkgo tem origem chinesa, significando “damasco prateado”. A palavra biloba teria vindo do formato bilobado das folhas. A árvore do Gb inclui-se entre as caducas, ou seja, que perdem todas as folhas no inverno. Na China há espécimes que chegam aos 50 metros de altura, mas normalmente atingem os 20 a 35 metros. Podem ser encontrados em todos os continentes, como no Brasil, onde foram produzidos através sementes.

Considerada um fóssil vivo por Charles Darwin, chega viver até 4 mil anos, devido sua capacidade em suportar toxicidades e infecções. Goethe, famoso cientista, filósofo, poeta e botânico alemão, escreveu um poema sobre o Gb em 1815, falando da unidade-dualidade simbolizada em suas folhas.

As indicações mais comuns são o tratamento e a prevenção das condições médicas relacionadas ao envelhecimento, em particular para melhorar a memória e as funções cognitivas correlatas, bem como no tratamento de labirintopatias (zumbidos e vertigens) e cefaleias (Luo, 2001).

 

Árvore do Ginkgo biloba em Minnesota, EUA. Foto: SEWilco / Wikipedia

 

Segundo estudos do médico Psiquiatra, mestre e doutor em Medicina pela FMUSP e pesquisador do Laboratório de Neurociências, Dr. Orestes V. Forlenza, publicados na Revista de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), pode-se comprovar o seguinte sobre a administração do extrato da planta (EGb761):

“Os efeitos da Gb sobre a cognição normal foram avaliados por alguns estudos controlados em amostras com adultos jovens e idosos. O uso de uma determinada dosagem* de EGb761 durante 6 semanas em 48 adultos com mais de 55 anos associou-se à melhora objetiva na velocidade de processamento cognitivo, além de uma impressão subjetiva de melhora das habilidades gerais de memória (Mix e Crews, 2000). Com os mesmos parâmetros de dosagem e tempo de tratamento, em amostra de 262 voluntários idosos, observou-se um melhor desempenho no grupo tratado com EGb761 em relação aos controles em testes de memória e reconhecimento (Mix e Crews, 2002). Doses agudas de Gb foram associadas a melhor desempenho da memória operacional em voluntários de 30 a 59 anos (Rigney et al., 1999) e melhora da atenção e da memória em adultos jovens (Kennedy et al., 2000).

 


Folha fóssil de Ginkgo biloba, período Eoceno – cerca de 55 milhões de anos atrás e cerca de 36 milhões de anos atrás. Encontrada em Tranquille Shale of MacAbee, British Columbia, Canadá. Foto: SNP / 2008 / Wikipedia

 

De qualquer forma, sempre deve ser feita uma consulta ao médico antes de utilizar qualquer tipo de medicamento, seja ele fitoterápico ou não. A ingestão incorreta de plantas pode causar problemas ao invés de ajudar. Por isso é importante obter uma opinião especializada.

 


*A dosagem exata foi extraída do texto pela redação do Alô Tatuapé por precaução, já que só deve ser administrada por um médico caso a caso.


Fontes de consulta: Wikipedia e Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, a partir de artigo publicado na Revista de Psiquiatria da USP.

Bibliografia

Bibliografia:

1. LUO, Y. – Ginkgo biloba neuroprotection: therapeutic implications in Alzheimer’s disease. J Alzheimers Dis 3(4): 401-7, 2001.
4. LUO, Y.; SMITH, J.V.; PARAMASIVAM, V.; BURDICK, A.; CURRY, KJ.; BUFORD. JP.; KHAN, I.; NETZER, WJ.; XU, H.; BUTKO, P. – Inhibition of amyloid-beta aggregation and caspase-3 activation by the Ginkgo biloba extract EGb761. Proc Natl Acad Sci USA 99(19): 12197-202, 2002.
7. MIX, J.A.; CREWS Jr., W.D. – An examination of the efficacy of Ginkgo biloba extract EGb761 on the neuropsychologic functioning of cognitively intact older adults. J Altern Complement Med 6(3): 2000: 219-29.
8. MIX, J.A.; CREWS Jr., W.D. – A double-blind, placebo-controlled, randomized trial of Ginkgo biloba extract EGb 761 in a sample of cognitively intact older adults: neuropsychological findings. Hum Psychopharmacol 17(6): 267-77, 2000.
10. KENNEDY, D.O.; SCHOLEY, A.B.; WESNES, K.A. – The dose-dependent cognitive effects of acute administration of Ginkgo biloba to healthy young volunteers. Psychopharmacology (Berl) 151(4): 416-23, 2000.