Domingo | 20 de março, 2022


Pesquisadores brasileiros da UNICAMP, em parceria com a Universidade da Califórnia – San Diego, Estados Unidos, assinam estudo pioneiro à compreensão da origem da displasia cortical focal (DCF), malformação cerebral responsável por crises epilépticas.


O trabalho relata o processo de criação de um modelo de cérebro embrionário (organoide) a partir de células da pele. Em conclusão, traz perspectivas alvissareiras, à luz da ciência, para a investigação das causas da displasia cortical focal, completamente desconhecidas até hoje, e para a busca de tratamento efetivo.

Fernando Cendes, professor titular do Departamento de Neurologia da UNICAMP e coordenador do Departamento Científico de Epilepsia da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), e Iscia Lopes Cendes, professora titular do Departamento de Medicina Translacional da UNICAMP e membro do Departamento de Neuro-genética da ABN, integram o núcleo de estudiosos da UNICAMP.

 

 

Malformação

A displasia cortical focal é uma malformação bem específica do sistema nervoso central. A principal consequência, frisa Fernando Cendes, é a epilepsia:

“As pessoas com essa malformação específica enfrentam uma forma bem grave da doença, de difícil tratamento. Geralmente esses pacientes não respondem às medicações e têm alta frequência de crises. Muitas vezes, faz-se necessária a realização de cirurgias, devido à ausência de drogas eficazes e capazes de controlar os episódios”.

Avanços

Conforme pondera Iscia Cendes, o estudo teve o mérito de simular muitíssimo bem a lesão que aparece nos pacientes de DFC, tanto no ponto de vista de achados no microscópio quanto das alterações moleculares:

“ Isso é absolutamente relevante em termos de saúde pública, pois até o momento todas as drogas utilizadas para o tratamento de displasia cortical focal são baseadas em protótipos de outros tipos de epilepsia e não surtiram resultado efetivo. Outro mérito é ter gerado o modelo que agora pode ser utilizado para testes de triagem de novos remédios. Hoje, como resultado, temos a possibilidade real da promoção de estudos pré-clínicos específicos para a displasia cortical focal, antes algo inimaginável”, contextua Iscia Cendes.