Sábado | 22 de outubro, 2022

A imagem mostra dois robalos crus que podem ser preparados com especiais e outros ingredientes. Essa espécie de peixe é bem apreciada pelos brasileiros, mas o preço ainda impede à maioria da população adquirir o hábito e substituí-lo pelo frango e a carne de porco, já que os cortes bovinos também estão com preços bem salgados, assim com os de pescados. Vejamos o que dizem os pesquisadores.


Maior consumo de pescado pode beneficiar a saúde da população e a economia, dizem pesquisadores

Por Karina Toledo


O alto valor nutricional e o teor reduzido de gordura fazem do pescado um alimento estratégico para combater dois grandes problemas de saúde pública: a má nutrição e a obesidade. Porém, no Brasil, a produção e o consumo de peixes, crustáceos, moluscos e demais víveres de origem aquática ainda são pequenos e, segundo especialistas, estão bem aquém do potencial do país.

Pesquisas

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto de Pesca – vinculado à Agência Paulista de Tecnologias do Agronegócio (APTA) –, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) pretendem contribuir para a transformação desse panorama nos próximos anos por meio de um projeto de pesquisa aplicada que será desenvolvido em parceria com empresas brasileiras, norte-americanas e europeias do setor de pescado, além de órgãos governamentais.

Peixe importado

O investimento total previsto para o período, somando todas as contrapartidas, infraestrutura e salários, é de aproximadamente R$ 23,8 milhões. A expectativa do grupo é que os resultados se traduzam em benefícios tanto para a saúde da população como para a economia. Hoje o país é o 16º produtor de pescado (via criação) do mundo e o terceiro maior do Ocidente. No entanto, cerca de 30% dos produtos de origem aquática consumidos pelos brasileiros ainda são importados.

Setor pode crescer

“O Brasil é um país de agronegócio e pode se tornar tão grande na produção de pescado como é hoje em relação a soja, milho, algodão, café, laranja, carne de frango ou de boi. Temos condições de crescer e atender tanto o mercado interno como o externo. Estima-se que a necessidade de alimentos no mundo possa dobrar até 2050 e nosso país pode se tornar uma potência na aquicultura”, afirma Daniel Lemos, professor do Instituto Oceanográfico (IO-USP) e coordenador do projeto.

Redução do custo

Na avaliação do pesquisador, para fomentar o consumo de pescado entre os brasileiros será preciso atuar em pelo menos três vertentes: reduzir o custo dos produtos, facilitar o acesso e modificar o hábito alimentar, ressaltando as vantagens nutricionais que os alimentos de origem aquática apresentam em relação às carnes vermelhas e, principalmente, às fast-foods.

Brasileiro come pouco peixe

Os resultados do projeto também serão expostos no Museu da Pesca, vinculado ao Instituto da Pesca, em Santos. “Hoje o brasileiro come relativamente pouco pescado e acreditamos que o aumento no consumo pode vir associado à melhoria da saúde. A história do frango – que antes tinha custo elevado e com investimento tornou-se a principal proteína consumida no país – nos mostra que as carnes de qualidade despertam interesse no mercado brasileiro, desde que sejam acessíveis em termos de custo.”


Fonte: Agência Fapesp


Destaque – Em parceria com a iniciativa privada e órgãos governamentais, cientistas da USP, do Instituto de Pesca e da UMC pretendem fomentar a produção e o consumo de alimentos de origem aquática no país. Imagem de timolina no Freepik