Quarta-feira | 3 de junho, 2020 | 19h10


Na pesquisa “Os médicos e a assistência à COVID-19”, 84,5% dos médicos compreendem que o pior está por vir.

A Associação Paulista de Medicina realizou, entre 15 e 25 de maio, nova pesquisa sobre os problemas e carências dos médicos no enfrentamento à Covid-19 e eventuais reflexos na assistência aos pacientes infectados. Questões de relevância para a segurança do atendimento, para minimizar riscos aos médicos e aos pacientes, embasaram o levantamento. Por exemplo: indagados sobre a percepção que têm do isolamento social, a somatória de 75,3% respondeu bom e importante.

 

 

Talvez por conhecerem a fundo a realidade do novo coronavírus, os profissionais de Medicina não demonstram otimismo quanto ao futuro imediato em São Paulo e no Brasil. Ao contrário: 84,5% consideram que ainda não atravessamos a pior onda da Covid-19.

Apenas 3,4% afirmam ser improvável faltar médicos para cuidar dos infectados. Os outros 96,6% admitem essa possibilidade, em variados níveis. Aliás, 46% dos que estão na linha de frente apontam que já faltam médicos e profissionais da Saúde nas unidades em que trabalham.

64% dos médicos da linha de frente não foram testados para Covid-19. Quer dizer, são profissionais vulneráveis, assim como os pacientes que assistem. Também foi perguntado aos profissionais de Medicina se a rotina de atendimento a pacientes e a percepção deles condizem com os números oficiais de casos divulgados pelas autoridades de Saúde, tanto de infectados quanto de óbitos. Foram 63% os que disseram que não.

 

 

Médicos atendem entre 5 e 20 pacientes infectados por dia

Os médicos e profissionais da Saúde não estão trabalhando com estrutura física/insumos adequados e segurança na opinião de 50,3%. Deficiências das mais diversas receberam apontamentos dos entrevistados pela pesquisa APM. 33% dizem que faltam máscaras N95, PFF2 ou equivalente (N99, N100 ou PFF3) nos hospitais em que atendem. Há carência de leitos para pacientes que precisam de internação em UTI (18%) e para aqueles que precisam ser internados em unidades regulares (12,2%).

39,4% dos médicos da linha de frente pontuam que só há testes para os pacientes com sintomas graves e 9,1% relatam não existir testes em seus locais de trabalho. Para o combate à pandemia, 22,3% dizem estar plenamente capacitados para atender os enfermos em qualquer fase da doença, inclusive quando graves, sob tratamento intensivo.

 

 

Enfim, eles seguem apreensivos, pessimistas, deprimidos, insatisfeitos e revoltados – em uma somatória de 79,3%. Apenas 20,7% dividem-se entre otimistas (5,3%) e tranquilos (15,4%). No período da pesquisa, 75,3% dos profissionais atendiam até cinco pacientes com suspeita e/ou confirmação diariamente. Outros 24,7% respondiam à desumana e arriscada carga de atender, em média, entre 6 até mais de 20 infectados por dia.

Destes profissionais da linha de frente do combate à pandemia, 33,7% tiveram pacientes assistidos que vieram a falecer com suspeita e/ou confirmação da doença. Cerca de 7,3% já viram morrer entre seis até mais de 20 pessoas.

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