Dia Mundial do Café: o mais antigo está em Veneza com mais de três séculos – vídeo

Hoje 12 de abril, comemora-se o Dia Mundial do Café. Vamos conhecer o ‘Florian’, um lugar que para os italianos é o ‘primeiro verdadeiro café da Europa’. É única, a experiência do hábito de tomar um cafezinho, na Piazza San Marco e conhecer as dependências desse representante icônico, assim como poder juntar-se aos famosos clientes que já frequentaram e ainda frequentam suas magníficas salas. Um deles foi o famoso sedutor veneziano Casanova.

Visitar o Caffè Florian e apreciar experiências sensoriais proporcionadas pela bebida no mais antigo café da Itália é uma tradição que ultrapassa três séculos. O lugar foi inaugurado na Piazza San Marco, Venezia, no dia 29 de dezembro de 1720 e continua em atividade ocupando o mesmo endereço até hoje. Seus 324 anos de história, criaram um estilo gourmet, chamado Stile Florian que envolve uma série de produtos com a marca, que passam por chocolates, bules de vidro, colheres de prata, cachecóis de seda ou perfumes, além de xícaras com filtro de latão para coar o café, entre outros itens.

Seu primeiro nome foi “Alla Venezia Trionfante”, ou “Veneza Triunfante”, mas em poucos meses os venezianos começaram a chamá-la de “Florian” em homenagem ao nome do fundador do café, Floriano Francesconi.

Foto: Caffè Florian, Venezia

Ponto de encontro

Desde a fundação, o Florian tem sido um ponto de encontro, onde a história de Veneza passou diante das suas janelas: o esplendor e a queda da República Sereníssima de Veneza, as conspirações secretas daqueles que queriam subverter o domínio francês e depois o domínio austríaco e, novamente, durante as revoltas de 1848 – crise pela unificação –, quando os feridos eram levados aos salões para serem cuidados.

A trajetória do Florian está ligada a vários fatos históricos e ao mesmo tempo de mundos diferentes. O café permaneceu aberto e ativo em tempos de guerra, continuando a servir como cenário ideal para uma refeição ligeira, um refresco, encontro de amigos e logicamente um café. O lugar onde o novo e interessante, desde assuntos de estado até fofocas locais e conversas frívolas sobre a última moda, se encontram.

Foto: Caffè Florian, Venezia

Estrelas do cinema

Num cruzamento de ideias, humores e notícias em plena efervescência, criou um ambiente onde os nobres venezianos dividiam o mesmo espaço com mercadores, caçadores de fortunas, literatos e artistas ou embaixadores e cidadãos comuns. “Ainda hoje você pode estar sentado ao lado de estrelas do cinema ou do teatro, bem como de personalidades do mundo da arte, da cultura, da política e dos negócios,” ressalta o Florian.

E por falar em estrelas do cinema, um dos comentários no Livro de Assinaturas do Florian, foi feito por Charles Chaplin em março de 1931: “Food excellent”, completado com sua própria caricatura. Em 1973, Grace de Monaco e Andy Warhol, também deixaram sua marca no livro, onde constam “autógrafos do famoso pianista Artur Rubinstein, do compositor Richard Strauss, de escritores como Jorge Luis Borges ou Ernest Hemingway; os artistas Giorgio de Chirico, Maurizio Cattelan, Tomàs Saraceno; Atores italianos como Gina Lollobrigida, Vittorio Gassman, Marcello Mastroianni, Claudia Cardinale, Luisa Ranieri, Luca Zingaretti, Ottavia Piccolo; Estrelas de Hollywood Anthony Quinn, Grace Kelly, Gary Cooper, Richard Burton, Paul Newman, Clint Eastwood, John Malkovich, Salma Hayek e muitos outros, em um desfile interminável de estrelas que abrangem décadas na história do cinema”, publicou a RAI, em reportagem sob o título ‘Mattina al Caffè Florian di Venezia’.

Café da manhã Casanova. Foto: Caffè Florian, Venezia

Cada ambiente uma história

Saboreando as delícias do cardápio ou tomando um café, cada sala do Florian conta sua própria história. São seis ambientes magníficos. “Nos primeiros tempos, o Café não tinha janelas e era composto por duas salas decoradas com extrema simplicidade. Em meados de 1700, o Florian expandiu-se com mais dois. Pouco depois, em meados de 1800, a família Francesconi vendeu o local a Vincenzo Porta, Giovanni Pardelli e Pietro Baccanello. Em 1858 os novos proprietários confiaram ao arquitecto Lodovico Cadorin da Academia de Belas Artes a renovação completa do local com a adição de mais duas salas, conferindo-lhe assim o aspecto que se mantém até hoje inalterado.”

Cada salão possui uma decoração peculiar, como a famosa Sala do Senado (Sala Del Senato) que retrata o Progresso e a Civilização instruindo as Nações, rodeando-as de painéis que retratam o mundo das artes e das ciências ou as salas Chinesa (Cinese) e Oriental (Orientale), pintadas por Antonio Pascuti, receberam esses nomes pelos seus motivos orientais: mulheres exóticas e ligeiramente despidas e casais de namorados que se inspiram num mundo fantástico e imaginário.