A história do café é tão extensa e antiga quanto o hábito de tomar essa infusão que possui propriedades revigorantes. Vamos conhecer alguns detalhes até 14 de abril, quando comemora-se o Dia Internacional do Café, data criada em 2015 pela Organização Internacional do Café (OIC) para celebrar a bebida e sua importância para a economia global.


Há manuscritos do Iêmen, datados do ano 575 d.C., onde está registrada a lenda de Kaldi. Ela conta ter havido um pastor de cabras que levou ao conhecimento de um monge o fato de que suas cabras ficavam ‘alegres e cheias de energia’ depois que mastigavam os frutos de coloração amarelo-avermelhada dos arbustos abundantes dos campos. “Lenda ou não, registros históricos indicam que foi nesta época que a exploração de diferentes possibilidades de consumo do café começou a se difundir”, assinalou a escritora Ana Luiza Martins, em seu livro “História do Café”, publicado em 2008.

As primeiras cafeterias do mundo

A Associação Brasileira da Indústria do Café – ABIC, ainda nos proporciona mais um trecho do livro de Ana Luiza Martins. “O hábito de tomar café como bebida prazerosa em caráter doméstico ou em recintos coletivos se popularizou a partir de 1450. Ele era muito comum entre os filósofos que, ao tomá-lo, permaneciam acordados para a prática de exercícios espirituais. Poucos anos depois, a Turquia foi responsável em difundir o “hábito do café”, transformando-o em ritual de sociabilidade. O país foi palco do primeiro café do mundo – o Kiva Han – por volta de 1475. Desde então, tomar café passou a ser “um rito” que se propagou mundo afora. Em 1574, os cafés do Cairo e de Meca eram locais procurados, sobretudo, por artistas e poetas”.

Café mais antigo da Europa

Considerado por especialistas o local mais antigo do continente europeu a difundir a bebida, o Café Le Procope de Paris foi fundado em 1686, e recebeu personagens como Maria Antonieta, Benjamin Franklin, Thomas Jefferson e Victor Hugo. Suas instalações são magnificamente decoradas e sofisticadas. Mas quando chegou à Europa, a bebida não foi recebida muito bem. Os viajantes europeus que percorriam o Oriente traziam informações sobre uma bebida preta, escura e incomum, o que provocou reações do clero que atribuía suas propriedades às ‘forças malignas’, até que o Papa Clemente VIII decidiu provar e em seguida aprová-la.

Café chega a Veneza

O primeiro café público da Itália foi inaugurado em Veneza em 1683. De acordo com os próprios italianos – discordando dos especialistas que atribuem esse pioneirismo aos franceses –, a bebida teria chegado antes ao seu território, em 1683. Mas não se tornou popular imediatamente, pois a Igreja Católica o considerava uma bebida ‘exótica’. No entanto, em Milão, na Florença de 1720, era criado o Florian, primeiro café ‘literário’ – ponto de encontro de intelectuais e artistas que está em atividade no mesmo local até hoje.

Café no Brasil

A história da introdução da bebida no país chegou através do oficial português Francisco de Mello Paleta. Em 1727, ele trouxe as primeiras mudas da Guiana Francesa. Elas foram plantadas no Pará, mas em busca de melhor aclimatação, o café foi levado ao Sudeste em 1781, por João Alberto de Castello Branco e as plantações começaram no antigo Convento dos Capuchinhos, no Rio de Janeiro, conforme a ABIC. Estava nascendo uma outra história de riquezas e um hábito.

Hábito de tomar um cafezinho

O ‘Café do Brasil’ transformou-se em um produto de exportação e cultural, havendo uma verdadeira fusão com a bebida e sua população. É difícil identificar porque o café tornou-se uma bebida extremamente consumida pelos brasileiros. O Google Arts & Culture mostra levantamento que indica possibilidades econômicas, de incentivo ou investimentos em propagandas. “Ou talvez, por sua presença e importância histórica, o hábito teria se enraizado no nosso cotidiano? De todas as possibilidades, podemos dizer o quanto nos orgulhamos do nosso café e de seu consumo, pois ao exportamos esses grãos, exportamos também parte de nossa cultura”.*


*Comemoração do Dia Internacional do Café, no Museu do Café. Karina Frey, 2016-2017. Museu do Café 2020.


Destaque – Imagem: aloart


Publicação:
Sexta-feira | 29 de março, 2024