Continuando com as orientações sobre o corpo humano e as vitaminas, agora vamos conhecer as hidrossolúveis e lipossolúveis.

Por Dra. Ana Rita Silva*


É comum ouvir-se a distinção das vitaminas em dois grandes grupos: hidrossolúveis e lipossolúveis. Trata-se de uma distinção baseada na solubilidade das vitaminas, ou seja, permite diferenciar as vitaminas solúveis em águas das vitaminas solúveis em lípidos (gordura). Esta diferenciação é importante porque as vitaminas solúveis em água são armazenadas por pouco tempo e necessitam ser ingeridas diariamente.

Vitaminas lipossolúveis: Vitaminas A, D, E e K

Vitaminas solúveis em lípidos e que são encontradas, geralmente, nos alimentos de origem animal. Ao contrário das hidrossolúveis, as lipossolúveis podem ser armazenadas no organismo, sendo obtidas pela alimentação ou suplementação. A vitamina A fica armazenada predominantemente no fígado, enquanto as vitaminas D e E permanecem nos tecidos adiposos e musculares. A exceção é a vitamina K, que não consegue ser armazenada em quantidades suficientes e, por isso, necessita de fornecimento regular. A excessiva sobredosagem pode causar toxicidade para o organismo.

Vitaminas hidrossolúveis: Vitamina C e todas as vitaminas do complexo B

Vitaminas solúveis em água e que não são armazenadas no organismo, sendo eliminadas diariamente pelas vias de excreção (principalmente urinária). Dada a falta de armazenamento, é necessário um suprimento diário destas vitaminas no organismo.

Quais são os principais sintomas da falta de vitaminas?

Uma dieta pouco saudável leva a que a ingestão de vitaminas não seja feita em quantidade suficiente para assegurar as funções essenciais do organismo. Esta carência (chamada de hipovitaminose) pode refletir-se em problemas graves de saúde que necessitam de acompanhamento médico. Esteja atento aos sintomas.

Os sintomas da carência de vitamina são vastos e podem incluir:
•    Unhas e cabelos danificados;
•    Cansaço crônico;
•    Dores musculares ou cãibras;
•    Formigueiro nas extremidades (mãos e pés);
•    Fragilidade do sistema imunitário;
•    Facilidade em fazer “nódoas negras”;
•    Menor capacidade de coagulação do sangue em feridas e hemorragias frequentes no nariz;
•    Sangramento das gengivas;
•    Perda de cabelo;
•    Perda de visão noturna.

Consequências da carência

Mais do que a ingestão deficitária de nutrientes num dia ou outro, é o prolongamento no tempo de uma dieta pobre em vitaminas que traz consequências graves ao organismo. O quadro de problemas de saúde gerado pela hipovitaminose é vasto e afeta os diferentes sistemas do corpo humano. Mas atenção: nem sempre a dieta é a culpada. Alguns casos de carências crônicas de vitaminas surgem como resultado de outros problemas de saúde.

— Carências de vitaminas lipossolúveis

Vitamina A:
Alterações significativas na visão (que podem levar à cegueira noturna), problemas no desenvolvimento embrionário e abortos espontâneos.

Vitamina D:
Raquitismo em crianças e osteomalacia em adultos (enfraquecimento dos ossos). Fadiga, cansaço e sensação de fraqueza. Vários estudos têm demonstrado existir uma relação entre a carência desta vitamina e diversas doenças (como cardiovasculares, inflamatórias, neoplasias, ginecológicas).

Vitamina E:
Anemia hemolítica em recém-nascidos (destruição de células no sangue) e consequências nos sistemas neuromusculares, vasculares e reprodutores.

Vitamina K:
Hemorragias, que em casos graves, podem levar a anemias fatais.

— Carências de vitaminas hidrossolúveis

Vitamina B1:
Redução de peso e anorexia, perturbações cardíacas e neurológicas; beribéri (cujos sintomas incluem confusão mental, perda de massa muscular, incapacidade dos nervos periféricos, taquicardias e cardiomegalia [coração grande]);

Vitamina B2:
Fotofobia (sensibilidade à luz) e possível desenvolvimento de cataratas quando se verificam carências de múltiplas vitaminas;

Vitamina B3:
Fraqueza muscular, anorexia, indigestão, erupção cutânea; pelagra (doença caracterizada por dermatite, diarreia e demência);

Vitamina B5:
Problemas na síntese de lípidos e produção de energia, cujos sintomas incluem paralisia nos dedos e sola dos pés, sensação de “queimado” nos pés, depressão, fadiga, insônias e fraqueza (tenha em atenção, no entanto, que a carência desta vitamina é muito rara);

Vitamina B6:
Fraqueza, insônias e incapacidade dos nervos periféricos, que surgem como sintomas de anomalias metabólicas;

Vitamina B7:
Dermatite e inflamação do intestino (casos muito raros);

Vitamina B9:
Redução da divisão celular, que na gravidez pode originar problemas para o bebê (espinha bífida ou baixo peso à nascença);

Vitamina B12:
Anemia, fadiga, fraqueza, perda de apetite, redução da divisão celular e alterações neurológicas (incluindo demência).


*Dra. Ana Rita Silva integra as equipes de Nutrição Clínica do Hospital Lusíadas Lisboa e Clínica Lusíadas Almada – Portugal


Destaque – Foto: Hospital Lusíadas / Divulgação / +aloart


Publicação:
Sábado | 18 de janeiro de 2025.


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