Terça-feira, 4 de agosto de 2015, às 10h26


Todo mês de julho, São Paulo rememora a Revolução Constitucionalista de 1932, um dos principais episódios da história do Estado. No entanto, não nos esqueçamos de que foi neste mesmo mês do ano que ocorreu, em terras paulistas, a Revolução de 1924, um conflito bélico igualmente significativo.


Fundação Energia e Saneamento | FES – Um dos levantes do chamado movimento tenentista, a rebelião, deflagrada no dia 5 de julho de 1924, colocou a cidade de São Paulo em um estado de guerra civil. Durante 23 dias, rebeldes e as tropas leais ao governo federal travaram intensos combates que levaram cerca de 250 mil pessoas a abandonarem a Capital, além de inúmeros mortos e feridos.

 

Cerca de 250 mil moradores da Capital deixaram a cidade durante os conflitos, que vitimaram centenas de pessoas, incluindo a população civil. Foto: Acervo da Fundação Energia e Saneamento

 

Originalmente apresentada como Dissertação de Mestrado ao Programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica – PUC-SP, São Paulo deve ser destruída, escrita pelo jornalista Moacir Assunção, sai agora em livro pela Editora Record.

 

1924 – Incêndio causado por bombardeio nos armazéns Nazareth Teixeira & Cia, na Mooca. Foto: Acervo da Fundação Energia e Saneamento

 

São 280 páginas com 16 imagens, entre as quais 13 pertencentes ao acervo da Fundação Energia e Saneamento. Em São Paulo deve ser destruída, Moacir Assunção lança um outro olhar sobre o episódio, ao procurar dar voz àqueles que foram diretamente atingidos pelos bombardeios lançados pelas forças federais, sobretudo os moradores dos bairros do Brás, Ipiranga e Mooca.

 

Residência na Rua 21 de Abril, no Belenzinho, bombardeada por soldados legalistas. Foto: Acervo da Fundação Energia e Saneamento

 

O livro traz ainda dois textos de abertura escritos por Fernando Jorge e por Estefânia Knotz Canguçu Fraga. Além das fotografias presentes na obra, o acervo completo da Fundação Energia e Saneamento, com cerca de 150 imagens sobre a “Revolução Esquecida”, pode ser consultado no banco de imagens online da instituição.

 

Tenente Cabanas (à esquerda), líder dos revoltosos, condecora soldados ao lado do tenente Olympio. Foto: Acervo da Fundação Energia e Saneamento

 

Tenentismo

Liderada por jovens oficiais do exército brasileiro insatisfeitos com o sistema político vigente durante a República Velha, a Revolução de 1924 tinha como objetivo central a destituição do então presidente do Brasil, Artur Bernardes. Para os rebelados, Bernardes representava os vícios da política “café com leite” que havia levado as elites de Minas Gerais e de São Paulo a repartir o poder político do país desde 1898, após a ascensão de Campos Sales à presidência.

 

Tanque de guerra, um dos mais modernos da época, usado pelas tropas legalistas durante a Revolução de 1924. Foto: Acervo da Fundação Energia e Saneamento