Sábado | 27 de junho, 2020 | 12h55


Se sentiu coceira, dor, desconforto, ardência, cheiro esquisito ou cor diferente, não é secreção normal.

“Toda vez que a mulher perceber algum tipo de incômodo, ela deve investigar a causa”. Essa é a recomendação da dra. Flavia Fairbanks, ginecologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) e membro do Comitê de Sexologia da SOGESP e da Febrasgo, no que diz respeito ao corrimento vaginal.

Diferentemente do que muitas pessoas pensam, corrimento não é sinônimo de secreção e seu aparecimento é sinal de alguma anormalidade no organismo. Desequilíbrio da flora vaginal, baixa imunidade, doenças prévias e maus hábitos são algumas das causas dessa condição que pode atormentar a rotina das mulheres por anos.

A secreção, geralmente branca e um pouco transparente, acompanha a vida da paciente desde a adolescência sem incomodar. Pode aparecer com maior intensidade no período periovulatório, em momentos próximos à menstruação e durante a gravidez, variando de acordo com o ambiente hormonal.

“Já o corrimento é o oposto. Há a mudança do aspecto, do cheiro, da cor e do volume, causando constrangimento. Tudo isso devido à proliferação de outros microrganismos não habituais da vagina, indicando riscos de infecção. Além do desconforto, outros sintomas comuns são coceira, irritação e dor ao urinar ou durante a relação sexual”, explica a dra. Fairbanks.

Entre as infecções que podem provocar o corrimento estão a vaginose bacteriana, a candidíase e a tricominíase. Há também algumas DST’s (doenças sexualmente transmissíveis) que se manifestam especialmente através do corrimento, como clamídia e gonorreia.

As dicas da dra. Fairbanks para evitar o problema em mulheres saudáveis são: evitar a exposição a roupas molhadas por longos períodos, sempre preferir calcinhas de algodão, manter a oxigenação e hidratação local e evitar o uso de absorventes internos por mais de quatro horas.

Já as pacientes que possuem vaginites, além de manter a imunidade em dia, devem usar preservativos durante o período de tratamento, mantendo a higiene logo após as relações sexuais e, se possível, fazendo medidas caseiras de acidificação do meio vaginal através de reguladores do pH. A médica explica: “A alteração desse índice é mais comum nos períodos pós-menstrual e pós relação sexual, justamente pelo ambiente mais alcalino em decorrência, respectivamente, do sangue e do sêmen”.

“As mulheres não podem deixar o corrimento de lado. Toda alteração no organismo tem que ter uma explicação e um diagnóstico, além de múltiplas tentativas de tratamento até que se encontre a melhor para aquela paciente”, pontua dra. Fairbanks, chamando a atenção para o autocuidado feminino.

 

Conhecimento e prevenção trazem boa saúde para as mulheres e evitam tratamentos mais difíceis ou prolongados. Ilustração: Joycereave