Quinta-feira, 29 de outubro de 2015, às 09h33
Com o apoio da elite paulistana, teve início o projeto da grande casa de espetáculos. Anos depois, um atraso do navio com os cenários da noite de estreia, criou o clima para que o teatro fosse inaugurado com a obra de um músico brasileiro e pouco tempo passou para que sua trajetória ficasse marcada por outro evento de grande importância nacional, a Semana de Arte Moderna. No dia da inauguração do Theatro Municipal, a cidade de São Paulo conheceu o seu primeiro grande congestionamento, noticiado à época.
Texto, fotos e legendas, a seguir: Fundação Energia e Saneamento de São Paulo
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Theatro Municipal durante seu período de obras, 19 de julho de 1907. Foto: Acervo Fundação Energia e Saneamento de São Paulo
No carnaval de 1898, o antigo Teatro São José, importante espaço cultural de São Paulo que recebia diversas companhias estrangeiras, foi destruído por um incêndio. A cidade, que se encontrava em pleno crescimento econômico e populacional e se espelhava em grandes centros culturais como Paris, aproveitou o incidente para alavancar um projeto que a elite paulistana já alimentava desde 1895: a construção de uma grande casa de óperas que desse projeção à jovem metrópole.
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Viaduto do Chá e à direita, ao fundo, o Teatro Municipal, s.d. Na imagem, dos primeiros anos do século 20, ainda é possível ver parte do casario que seria demolido para a abertura do Vale do Anhangabaú. Foto: Acervo Fundação Energia e Saneamento de São Paulo
E foi assim que, em 1903, a pedra fundamental do Theatro Municipal de São Paulo foi lançada pelo então prefeito Antônio Prado (1840–1929). Idealizado pelo arquiteto e cenógrafo italiano Cláudio Rossi (1850–1935), colaborador do Escritório Técnico de Ramos de Azevedo, o edifício de estilo eclético foi construído inspirado na Ópera de Paris. O detalhamento arquitetônico foi realizado com a colaboração de Domiziano Rossi (1865–1920), contando com obras de arte como bustos, colunas neoclássicas, bronzes, vitrais, mosaicos e mármores.
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Vista do Teatro Municipal a partir do Viaduto do Chá. O edifício, prestes a ser inaugurado, representava um importante cliente da Light, que foi responsável pelas instalações elétricas. No dia de inauguração, a empresa instalou 42 lâmpadas americanas Adams-Bagnall nas escadarias de acesso. Foto de Guilherme Gaensly, década de 1910. Acervo Fundação Energia e Saneamento de São Paulo
Fato inusitado é que a grande inauguração do Theatro Municipal se deu com um dia de atraso, em 12 de setembro de 1911. Responsável pelo concerto inaugural, a companhia do barítono italiano Titta Ruffo, na época no auge da fama, vinha de Buenos Aires, mas os navios com os cenários e figurinos não chegaram a tempo ao Porto de Santos. Ruffo e sua Cia estrearam a Casa com a ópera Hamlet, do francês Ambroise Thomas. No entanto, para abrir a noite, optou-se por um trecho da obra brasileira “O Guarani”, de Carlos Gomes.
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Anúncio da inauguração do Theatro Municipal com a data de 11 de setembro de 1911, mas que seria atrasada em um dia. Foto: Acervo Fundação Energia e Saneamento de São Paulo
Uma multidão de 20 mil pessoas conferiu, de fora, a inauguração do Theatro, e mais de cem dos trezentos veículos da frota paulistana da época provocaram o primeiro congestionamento de veículos da cidade. Onze anos mais tarde, o local seria palco da Semana de Arte Moderna de São Paulo, evento símbolo do início do modernismo no Brasil. Em sua história, o Theatro Municipal recebeu grandes nomes, como Maria Callas, Villa–Lobos, Enrico Caruso, Mikhail Baryshnikov, Duke Ellington e Ella Fitzgerald.
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Parque do Anhangabaú em 1983. Ao centro, em destaque, está o Theatro Municipal. O projeto de urbanização da região e abertura do parque data da década de 1910. Foto: Acervo Fundação Energia e Saneamento de São Paulo
Saiba mais: Livro “Theatro Mvnicipal de São Paulo: 100 anos – Palco e plateia da sociedade paulistana”, de Marcia Camargos.